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GRUPO A/ HOJE
Países, que mudaram o perfil racial de seus convocados, fazem confronto decisivo
Com mais negros, França e Uruguai jogam por sobrevida
DO ENVIADO A BUSAN
Em partida decisiva para as
duas equipes, França e Uruguai
duelam hoje, em Busan, às 8h30,
com jogadores que fogem muito
do perfil racial dos dois países.
Na bola, negros e mulatos franceses e uruguaios têm peso muito
maior do que suas partes na distribuição das cores de suas nações. Pelo time europeu, dez dos
23 convocados são negros ou mulatos. Em 1998, eram apenas sete.
Assim, a França tem 43% de seu
grupo na Copa Coréia/Japão formado por não-brancos. Mesmo
sendo alvo de muitos imigrantes
da África, estima-se que na população do país a proporção de negro e mulatos não alcance os 15%.
A queda no número de brancos
na seleção acontece junto com um
aumento na xenofobia no país, representada pelo surpreendente
bom desempenho nas recentes
eleições presidenciais do ultra-direitista Jean-Marie Le Pen.
Vários jogadores da seleção deram declarações de repúdio contra esse político, especialmente os
negros, como Desailly e Vieira.
Para tirar o perfil branco da sua
equipe, a França conta com negros de várias partes do mundo.
Desailly nasceu em Gana. Vieira,
no Senegal. Makelele veio do Zaire. Já o lateral Thuram, dúvida para o jogo de hoje, nasceu em Guadalupe, uma ilha do Caribe.
Mas não é só de imigrantes que
os negros quase já dominam a seleção francesa. São filhos da terra,
entre outros, os atacantes Wiltord, Cisse e Henry.
No Uruguai, a seleção de futebol
também não segue o perfil racial
do país sul-americano.
Do grupo convocado por Victor
Púa para a Copa-2002, sete são
negros ou mulatos -um peso de
30% no total de convocados.
Segundo dados oficiais, a população uruguaia tem só 12% de seu
bolo formado pela origem racial
de jogadores como o atacante Dario Silva, um dos destaques do time que está na Coréia do Sul.
Não é de hoje que Uruguai e
França têm um histórico de negros ou mulatos craques.
Em 1930, o uruguaio Andrade
foi o primeiro negro a brilhar em
um Mundial, sendo vital na conquista do título. Vinte anos depois, no Brasil, o mulato Obdulio
Varela calou o Maracanã ao comandar a vitória da sua equipe na
final contra os donos da casa.
Antes da geração atual, o último
time francês a brilhar em uma Copa também tinha vários atletas
que fugiam do perfil majoritário
branco do país. Na equipe que fez
jogos memoráveis e foi às semifinais em 1982, na Espanha, o zagueiro Tresor e o meia Tigana,
ambos negros, dividiam com Michel Platini os holofotes.
A partida de hoje reúne duas
equipes que começaram suas participações no Mundial com derrotas. Os franceses caíram diante do
Senegal (0 a 1). Já o Uruguai perdeu para a Dinamarca (1 a 2).
Assim, em caso de um novo fracasso, estarão muito perto da eliminação ou até mesmo já fora,
dependendo do que acontecer no
confronto entre senegaleses e dinamarqueses.
(PAULO COBOS)
NA TV - Globo e Sportv, ao
vivo, às 8h30
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