São Paulo, quinta-feira, 06 de junho de 2002

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GRUPO A/ HOJE

Países, que mudaram o perfil racial de seus convocados, fazem confronto decisivo

Com mais negros, França e Uruguai jogam por sobrevida

DO ENVIADO A BUSAN

Em partida decisiva para as duas equipes, França e Uruguai duelam hoje, em Busan, às 8h30, com jogadores que fogem muito do perfil racial dos dois países.
Na bola, negros e mulatos franceses e uruguaios têm peso muito maior do que suas partes na distribuição das cores de suas nações. Pelo time europeu, dez dos 23 convocados são negros ou mulatos. Em 1998, eram apenas sete.
Assim, a França tem 43% de seu grupo na Copa Coréia/Japão formado por não-brancos. Mesmo sendo alvo de muitos imigrantes da África, estima-se que na população do país a proporção de negro e mulatos não alcance os 15%.
A queda no número de brancos na seleção acontece junto com um aumento na xenofobia no país, representada pelo surpreendente bom desempenho nas recentes eleições presidenciais do ultra-direitista Jean-Marie Le Pen.
Vários jogadores da seleção deram declarações de repúdio contra esse político, especialmente os negros, como Desailly e Vieira.
Para tirar o perfil branco da sua equipe, a França conta com negros de várias partes do mundo. Desailly nasceu em Gana. Vieira, no Senegal. Makelele veio do Zaire. Já o lateral Thuram, dúvida para o jogo de hoje, nasceu em Guadalupe, uma ilha do Caribe.
Mas não é só de imigrantes que os negros quase já dominam a seleção francesa. São filhos da terra, entre outros, os atacantes Wiltord, Cisse e Henry.
No Uruguai, a seleção de futebol também não segue o perfil racial do país sul-americano.
Do grupo convocado por Victor Púa para a Copa-2002, sete são negros ou mulatos -um peso de 30% no total de convocados.
Segundo dados oficiais, a população uruguaia tem só 12% de seu bolo formado pela origem racial de jogadores como o atacante Dario Silva, um dos destaques do time que está na Coréia do Sul.
Não é de hoje que Uruguai e França têm um histórico de negros ou mulatos craques.
Em 1930, o uruguaio Andrade foi o primeiro negro a brilhar em um Mundial, sendo vital na conquista do título. Vinte anos depois, no Brasil, o mulato Obdulio Varela calou o Maracanã ao comandar a vitória da sua equipe na final contra os donos da casa.
Antes da geração atual, o último time francês a brilhar em uma Copa também tinha vários atletas que fugiam do perfil majoritário branco do país. Na equipe que fez jogos memoráveis e foi às semifinais em 1982, na Espanha, o zagueiro Tresor e o meia Tigana, ambos negros, dividiam com Michel Platini os holofotes.
A partida de hoje reúne duas equipes que começaram suas participações no Mundial com derrotas. Os franceses caíram diante do Senegal (0 a 1). Já o Uruguai perdeu para a Dinamarca (1 a 2).
Assim, em caso de um novo fracasso, estarão muito perto da eliminação ou até mesmo já fora, dependendo do que acontecer no confronto entre senegaleses e dinamarqueses. (PAULO COBOS)


NA TV - Globo e Sportv, ao vivo, às 8h30



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