São Paulo, quinta-feira, 06 de junho de 2002

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GRUPO C/ ONTEM

Americanos vencem favoritos rivais por 3 a 2 em partida com dois gols contra

EUA desbancam Portugal e obtêm maior triunfo desde 50

Reuters
McBride, que fez de cabeça o terceiro gol dos EUA, celebra ao fim do jogo a vitória sobre Portugal


ROBERTO DIAS
ENVIADO ESPECIAL A SUWON

O que era para ser a estréia da mais badalada geração do futebol português virou a maior vitória dos EUA desde o histórico jogo contra a Inglaterra (1 a 0) -a mais famosa zebra de todas- na Copa de 1950, no Brasil.
A vitória por 3 a 2, de qualquer forma, só culminou numa noite de muitas outras surpresas, iniciada já aos 4min de jogo, quando O'Brien marcou, num escanteio, o gol mais rápido deste Mundial.
A partir daí, as coisas foram realmente viradas do avesso.
O que se ouviu em alto e bom português foi "Estados Unidos", uma "homenagem" feita pela torcida americana.
O que se viu de entrosamento em campo estava vestido com o uniforme branco, um time americano que não tem vergonha de, numa jogada aos 22min do primeiro tempo, recuar todos seus 11 jogadores de modo a ficarem a no máximo 20 metros de seu gol.
O que se disse, depois do jogo, foi: "Nós estávamos no controle", segundo as palavras de Bruce Arena, técnico dos EUA, o pior time da última Copa do Mundo.
Ontem, os norte-americanos trataram de desfilar sua evolução desde então -e os portugueses ajudaram a montar o palco.
A defesa européia não suportou a pressão no primeiro tempo. Após ceder várias chances aos americanos, a zaga portuguesa acabou por marcar contra aos 29min: Donovan tentou cruzar da direita, a bola bateu em Jorge Costa e se encaminhou para o gol. Vitor Baía, que saía no cruzamento, não conseguiu voltar para evitar o segundo gol dos EUA.
Sete minutos depois, porém, Baía não saiu no cruzamento, que passou pela frente de seu gol até Brian McBride completar de cabeça para abrir 3 a 0.
Sem dúvida, algo a que os norte-americanos não estavam acostumados -não marcavam três gols num jogo de Copa desde 1930- e que não esperavam.
"Nosso objetivo era ir para o intervalo com um empate ou com um gol de vantagem", afirmou O'Brien após o jogo.
Inesperado, também, foi o fato de que o jogador de 29 anos a se destacar ontem foi o americano McBride, e não o português Figo, o melhor jogador do mundo no ano passado segundo a Fifa.
Esteve aí uma das chaves do jogo. "Antes de mais nada, nós pudemos neutralizar Figo", afirmou o técnico do time norte-americano ao explicar as razões da vitória.
Do outro lado, os portugueses não conseguiram parar os lançamentos diretos e certeiros que McBride recebia, no ataque, de seu goleiro, Friedel.
Se o time europeu pôde marcar um gol ainda no primeiro tempo, foi porque Beto ganhou duas vezes um duelo pessoal com Agoos -primeiro na cabeçada, a seguir na rebatida, mandando a bola para a rede aos 36min.
Pressão, mesmo, Portugal só conseguiu colocar depois. Contudo, ainda assim, só foi marcar quando Agoos cortou para dentro de seu gol um cruzamento que vinha em sua área.
A torcida em Suwon foi a primeira da história das Copas a ver dois gols contra num único jogo.
Se depender de Figo, aliás, muito do que foi visto ontem não se repetirá. "Não haverá mais surpresas para Portugal no futuro. Vocês nos verão na final."


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