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FUTEBOL
A melhor da melhor
CLÓVIS ROSSI
COLUNISTA DA FOLHA
Se você viu Brasil x Paraguai,
teve o privilégio de testemunhar o nascimento do que tem tudo, tudinho, para ser a melhor seleção de todos os tempos do melhor futebol de todos os tempos (o
brasileiro).
Exagero? Precipitação? Ousadia? Não, a menos que, de novo, o
medo vença a esperança. Se Parreira mantiver a escalação de ontem, com a volta de Ronaldo no
lugar de Adriano, o Brasil terá
para a Copa um quarteto fantástico, melhor do que qualquer
quarteto, trio ou duo de seleções
anteriores, e, por extensão, capaz
de determinar um ritmo de jogo
igualmente fantástico, do qual se
viram ontem apenas lampejos.
É só comparar com a seleção
que Pelé definiu ontem mesmo
(em programa da Rede Globo) como "a melhor seleção de todos os
tempos", a que disputou a Copa
de 1970. Nela, havia de fato um
quarteto formidável de craques:
além de Pelé, o maior de todos,
Gerson, Rivellino e Tostão.
Mas o quarteto-2006 (Kaká,
Ronaldo, Ronaldinho e Robinho)
tem tudo, tudinho, para ser ainda
mais luminoso, ainda mais cintilante. É bom deixar claro que não
vou comparar o time de 70 com o
de 2006, posição por posição, tática por tática, que isso é coisa para
especialistas. O que quero dizer é
que, em termos de arte, os quatro
de 2006 são fenomenais.
O que se viu ontem já é uma
preciosa amostra, a começar do
fato de que tornaram fácil um jogo que vem sendo historicamente
difícil para o Brasil. Ou seja, além
da beleza, puseram eficiência em
campo, o que é vital para impedir
que o medo (de perder) derrote a
esperança (de jogar bonito). Mas
olhe para a frente e note que:
1 - Esta fase das eliminatórias
não traz a menor motivação. Todos sabem que Brasil e Argentina
estarão na Alemanha em 2006.
2 - Os jogadores estão no bagaço
depois da dura temporada européia. A Copa da Alemanha também será após a temporada européia, mas haverá, como em 2002,
mais tempo para recuperação.
3 - Ronaldo não jogou, e não dá
para minimizar sua ausência. É
verdade que ele está tendo desempenho irregular, mas, pela primeira vez na carreira, já espetacular, terá três parceiros luminosos para desviar a atenção dos rivais. Se Ronaldinho, por si só, faz
a diferença no Barça; se Robinho,
por si só, faz a diferença no Santos; se Kaká, por si só, faz a diferença no Milan (ainda que menos
que os outros dois); imagine os
três ladeando Ronaldo, que, por si
só, fez a diferença na Copa-2002.
O Brasil poderá até perder da
Argentina. Poderá, como é óbvio,
perder também a Copa de 2006.
Mas aposto desde já que, se essa
injustiça ocorrer, será como em
1954 na Copa da Suíça: só historiadores do futebol ou alguns alemães lembram nomes dos campeões (a antiga Alemanha Ocidental). Mas os fanáticos pela
magia do futebol não esquecem
os húngaros Kocsis, Czibor e,
principalmente, Puskas. Assim
como o colunista deste espaço, em
2056, ainda estará falando dos
Ronaldos, de Robinho e de Kaká.
Pálido 1 Adriano pode ser um bom jogador, até muito útil. Mas, ao lado da sutileza de Kaká, Ronaldinho e Robinho, a bola nos pés dele fica quadrada.
Pálido 2 Tevez pode ser o grande jogador do Corinthians, mas, na seleção da Argentina, ao menos na partida de sábado, foi, mais que pálido, um trapalhão. Nada fez e ainda perdeu a bola que deu origem ao primeiro gol do time equatoriano.
Pálido 3 Dida pode ser um grande goleiro, excelente nos pênaltis, mas parece ter a mania de tomar gols perfeitamente defensáveis, como na final da Copa dos Campeões da Europa, contra o Liverpool, e ontem, nas eliminatórias, contra o Paraguai.
E-mail crossi@uol.com.br
Excepcionalmente hoje José Geraldo
Couto não escreve neste espaço
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