São Paulo, sábado, 06 de junho de 2009

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Em paz, Dunga encara desafio

Técnico nunca teve tanto sossego para trabalhar na seleção, que pega, em jejum de 33 anos, o Uruguai

Bons resultados, má fase de colegas que cobiçam seu emprego e triunfo na queda de braço com estrelas fortalecem o treinador


Ayrton Vignola/Folha Imagem
Dunga, ontem, no treino de reconhecimento da seleção no estádio Centenário, em Montevidéu

PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL A MONTEVIDÉU

As principais ameaças ao seu cargo estão anestesiadas. Resta ao técnico Dunga fazer seu papel hoje, às 16h, contra o Uruguai, em Montevidéu, para seguir em voo de cruzeiro com a seleção brasileira até a Copa da África do Sul, em 2010.
Em quase três anos no emprego, nunca o treinador teve um período de tamanha calmaria como agora. Não só pelos resultados -invicto há nove jogos (nos quais sofreu só três gols), está na vice-liderança das eliminatórias, nas quais também enfrentará, na quarta-feira, em Recife, o Paraguai (o líder, com três pontos a mais).
O bom momento nos resultados de Dunga coincide com a rota de declínio dos treinadores que sempre foram lembrados para substituí-lo.
Vanderlei Luxemburgo não dá padrão tático ao Palmeiras mesmo há um ano e meio no cargo. Muricy Ramalho ganha fama de montar um time violento e com pouca variação tática no São Paulo. Demitido pelo inglês Chelsea, Luiz Felipe Scolari está cotado para dirigir a seleção do Uzbequistão.
Dunga também ganha a queda de braço com astros com quem já teve problemas. Os Ronaldos estão fora, e poucos não dão razão ao treinador por isso. Ronaldinho, por causa da péssima fase. Ronaldo, pela boca -ele mesmo disse que ainda não está pronto para a seleção.
Kaká, que já fez uma batalha de palavras contra o treinador nos últimos dois anos, agora está "enquadrado" e virou protegido de Dunga, que nas duas entrevistas coletivas que concedeu em Teresópolis mostrou um humor muito mais leve do que o seu habitual.
"Não temos que ter apenas bons jogadores para vencer. É preciso outros atributos", diz Dunga sobre sua filosofia de trabalho. Mas ele sabe que a calmaria pode acabar nos complicados próximos jogos pelas eliminatórias. O Brasil não vence o Uruguai em Montevidéu há 33 anos, com quatro derrotas e três empates no período.
"Temos que conseguir os resultados para seguir o trabalho tranquilos", fala Dunga, que afirma não fazer projeções para os sete jogos que o Brasil pode fazer em junho -logo depois das eliminatórias, o time parte para a África do Sul, onde disputa a Copa das Confederações a partir do dia 15 (pega o Egito).
"Temos que resolver uma coisa por vez. O principal objetivo nosso é classificar o time para a Copa do Mundo. Quanto mais rápido a gente conseguir fazer isso, melhor."
O capitão Lúcio é ainda mais direto ao falar sobre o resultado que a seleção deve conseguir hoje. "Na seleção brasileira, o único cálculo é vencer", declarou o zagueiro, sem querer fazer contas de quantos pontos o time nacional ainda precisa fazer para carimbar sua vaga no Mundial sul-africano.


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