São Paulo, sexta, 6 de junho de 1997.



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FUTEBOL
Torcida organizada do clube, que construiu até um estádio para o time jogar, reclama a falta de investimento
Cidade paranaense 'boicota' o Matsubara

JOSÉ MASCHIO
da Agência Folha, em Londrina

Depois de dois anos mandando seus jogos em Londrina (PR), a Sociedade Esportiva Matsubara retornou a Cambará neste Campeonato Paranaense e sofre com a indiferença de seus torcedores.
Na disputa do octogonal decisivo do campeonato -que termina neste domingo e onde ocupa uma tímida sétima colocação- o time registra um público médio de menos de 200 torcedores.
Pouco, para uma cidade em que a torcida, fanática, construiu um estádio de 15 mil lugares para o time mandar seus jogos.
Valdir de Camargo, presidente da TOM (Torcida Organizada do Matsubara), disse que o "desprezo" da comunidade de Cambará (norte do PR) com o time é compreensível. "Quando montou um grande time, a diretoria foi para Londrina. Agora, que está com a baba, quer nosso apoio."
A TOM é a proprietária do estádio de Cambará, cedido à Sociedade Esportiva Matsubara em regime de comodato.
"Enquanto o clube mantiver um time profissional, por força de contrato, o estádio continua com o Matsubara", diz Camargo.
Há dois anos a Sociedade Esportiva Matsubara tinha planos ambiciosos. Montou um time para disputar o título, em que despontavam Neto (Corinthians), Edmilson e Almir (ambos no Palmeiras) e Cleomir (Araçatuba) e transferiu sua sede profissional para Londrina (379 km ao norte de Curitiba).
Em campo, o plano deu certo e a equipe chegou às finais do campeonato. Mas a recepção ao time foi fria em Londrina.
Ao fracasso de público em Londrina somou-se uma crise financeira no grupo Matsubara (proprietário do time). Depois de um péssimo campeonato em 1996, o retorno a Cambará foi uma tentativa de sobrevivência do time.
O supervisor da Sociedade Esportiva Matsubara, Paulo Fonseca, nega que exista boicote da cidade ao time. "O que ocorre é que o Matsubara está sofrendo a mesma crise que afeta os clubes do interior, a da falta de dinheiro."
Fonseca disse que o Matsubara estuda licenciar-se do Campeonato Brasileiro da Série C e vender jogadores "para equilibrar as finanças e voltar a produzir craques".
Paulo Faeda, comentarista da rádio Cultura de Cambará é menos otimista. "A coisa está tão feia que os telefones do clube estão cortados, as categorias de base estão sem técnicos e não existe uma perspectiva a médio prazo."
Vicente de Camargo, 71, ex-presidente da TOM e seu fundador, é o torcedor mais inconformado. Para ele, a maior mágoa é o Matsubara não ter "respeitado a cidade, quando montou seu melhor time".
"O clube deu um pulo errado. Se tivesse ficado em Cambará teria boas rendas e não haveria crise."



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