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FUTEBOL
Torcida organizada do clube, que construiu até um estádio para o time jogar, reclama a falta de investimento
Cidade paranaense 'boicota' o Matsubara
JOSÉ MASCHIO
da Agência Folha, em Londrina
Depois de dois anos mandando
seus jogos em Londrina (PR), a Sociedade Esportiva Matsubara retornou a Cambará neste Campeonato Paranaense e sofre com a indiferença de seus torcedores.
Na disputa do octogonal decisivo
do campeonato -que termina
neste domingo e onde ocupa uma
tímida sétima colocação- o time
registra um público médio de menos de 200 torcedores.
Pouco, para uma cidade em que
a torcida, fanática, construiu um
estádio de 15 mil lugares para o time mandar seus jogos.
Valdir de Camargo, presidente
da TOM (Torcida Organizada do
Matsubara), disse que o "desprezo" da comunidade de Cambará
(norte do PR) com o time é compreensível. "Quando montou um
grande time, a diretoria foi para
Londrina. Agora, que está com a
baba, quer nosso apoio."
A TOM é a proprietária do estádio de Cambará, cedido à Sociedade Esportiva Matsubara em regime
de comodato.
"Enquanto o clube mantiver um
time profissional, por força de
contrato, o estádio continua com o
Matsubara", diz Camargo.
Há dois anos a Sociedade Esportiva Matsubara tinha planos ambiciosos. Montou um time para disputar o título, em que despontavam Neto (Corinthians), Edmilson e Almir (ambos no Palmeiras)
e Cleomir (Araçatuba) e transferiu
sua sede profissional para Londrina (379 km ao norte de Curitiba).
Em campo, o plano deu certo e a
equipe chegou às finais do campeonato. Mas a recepção ao time
foi fria em Londrina.
Ao fracasso de público em Londrina somou-se uma crise financeira no grupo Matsubara (proprietário do time). Depois de um
péssimo campeonato em 1996, o
retorno a Cambará foi uma tentativa de sobrevivência do time.
O supervisor da Sociedade Esportiva Matsubara, Paulo Fonseca, nega que exista boicote da cidade ao time. "O que ocorre é que o
Matsubara está sofrendo a mesma
crise que afeta os clubes do interior, a da falta de dinheiro."
Fonseca disse que o Matsubara
estuda licenciar-se do Campeonato Brasileiro da Série C e vender jogadores "para equilibrar as finanças e voltar a produzir craques".
Paulo Faeda, comentarista da rádio Cultura de Cambará é menos
otimista. "A coisa está tão feia que
os telefones do clube estão cortados, as categorias de base estão
sem técnicos e não existe uma
perspectiva a médio prazo."
Vicente de Camargo, 71, ex-presidente da TOM e seu fundador, é
o torcedor mais inconformado.
Para ele, a maior mágoa é o Matsubara não ter "respeitado a cidade,
quando montou seu melhor time".
"O clube deu um pulo errado. Se
tivesse ficado em Cambará teria
boas rendas e não haveria crise."
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