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JUCA KFOURI
DUNGA OU EDMUNDO?
Pena que Dunga não seja contratado da Nike. Suas críticas
aos compromissos da seleção com
a patrocinadora ganhariam ainda mais força.
Mas, mesmo que fosse a Reebok,
que o patrocina, Dunga provavelmente diria o que disse, porque é
de seu estilo.
O capitão está preocupado com
o clima da seleção e espera por
uma metamorfose no primeiro
jogo, único meio, segundo ele, para que um eventual fracasso não
seja debitado aos "velhos", os remanescentes de outras campanhas, vitoriosas ou não.
Enquanto Dunga se preocupa
com o moral da tropa e com o
adestramento dos companheiros,
Edmundo bota a boca no trombone e diz o que todo mundo
acha, mas prefere não falar.
"Sou melhor que o Bebeto, mas
o Zagallo é quem resolve", deitou
falação à rádio Globo do Rio.
Edmundo poderia dizer o que
bem entendesse se não estivesse
na seleção, pelo menos é o que
pensa a comissão técnica.
E só está porque Zagallo quis
que estivesse, bem sabe, e demonstrou ontem, o treinador
-como se fosse uma autocrítica,
que culminou com a ameaça de
disputar a Copa apenas com 21
jogadores.
Se seria difícil manter Edmundo quieto com Romário no time,
é simplesmente impossível esperar sua mudez com o craque e
amigo fora da seleção.
E é de fato constrangedor vê-lo
à parte dos treinamentos de ataque contra defesa e defesa contra
o ataque, treinamentos que seriam excelentes não fosse o pequeno detalhe de criar situações
que não acontecem nos jogos.
Ou alguém imagina ver o time
brasileiro atacando com oito e
defendendo com sete como acontece nessas práticas?
A menos que se combine com os
adversários, e peça a eles que se
abstenham de contra-atacar -
como queria Mané Garrincha em
relação aos soviéticos, em 58.
O fato é que a seleção oscila
entre dois extremos: Dunga de
um lado, único líder do grupo, e
Edmundo do outro, nem líder
nem liderado, porque ele é ele e
mais ninguém.
E num dia em que tudo parecia
caminhar às mil maravilhas, o
saldo final, mais uma vez, ficou
no vermelho, porque a falta de
um time resulta na inexistência
de um grupo.
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