São Paulo, Domingo, 06 de Junho de 1999
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Migração reforça times da Série A-2

PAULO FERRARI VIARTI
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
das Regionais

O Paulista deste ano já terminou para os clubes do interior que fazem parte da Série A-1, mas não para boa parte dos atletas que jogaram a primeira divisão estadual.
Com o desmanche promovido pelas diretorias e beneficiados pelo regulamento do campeonato, os atletas que atuaram na Série A-1 "migraram" para a segunda divisão, que já está em sua reta final, faltando duas rodadas para o fim da primeira fase.
De acordo com o regulamento, os clubes da A-2 (segunda divisão) tinham até ontem para inscrever novos jogadores. Eles não perderam a chance. Pelo menos 34 profissionais que participaram da Série A-1 foram inscritos.
Atletas que estavam na Matonense, Rio Branco, Inter, Mogi Mirim, Guarani e Barbarense passaram a engrossar as fileiras de Etti/ Jundiaí, São Caetano, Botafogo, Ponte Preta, Comercial e outros clubes da "segundona".
Alguns emprestados, outros definitivamente negociados.
Como grande parte dos clubes do interior não deve disputar a Série C do Brasileiro, no segundo semestre, a reta final da Série A-2 poderá ser a última chance de trabalho para grande parte desses profissionais neste ano.
"Os campeonatos são mal distribuídos, pois temos muitos jogos no primeiro semestre e apenas o Brasileiro no segundo semestre. Se eu não acertasse com o Botafogo, estaria no Atlético Mineiro. Mas muitos jogadores ficarão desempregados no segundo semestre", afirmou o lateral Cleomir, que disputou o Paulista da Série A-1 pelo União Barbarense.
Em Ribeirão Preto, a dupla "Come-Fogo" (Comercial e Botafogo) contratou 14 jogadores que disputaram a primeira divisão. O Comercial assinou contrato com sete atletas para escapar do torneio que vai definir os rebaixados (leia texto nesta página). Já o Botafogo, classificado às semifinais do Paulista da Série A-2 e com vaga garantida na Série A do Brasileiro, também contratou sete jogadores.
Na região de Campinas, o Guarani emprestou o artilheiro Gílson Batata, destaque do time neste ano, para a vizinha Jundiaí, onde o Etti, também classificado às semifinais, investe para subir para A-1.
Do elenco da Inter de Limeira que disputou a primeira divisão, nada menos que quatro jogadores foram para o XV de Piracicaba.
A Ponte Preta foi buscar Ranielli na Portuguesa Santista para tentar voltar à "elite" paulista.
Para os dirigentes, a prática é motivada pelo calendário do futebol no Brasil. "Isso acontece porque não temos um calendário bom. Muitas equipes eliminadas na Série A-1 só voltarão a participar de jogos oficiais no próximo ano", diz o presidente do Botafogo, Ricardo Christiano Ribeiro.
A mesma opinião tem o supervisor do Rio Branco, de Americana, Juraci Catarino. "Se tivéssemos um calendário unificado, teríamos possibilidades de manter o atleta por toda a temporada."
Segundo o dirigente, o Rio Branco ainda não sabe o que fará no segundo semestre. "Nossa intenção é disputar a Série C do Brasileiro, mas não temos definição. Por isso, os jogadores acabam negociando com outros clubes, pois eles precisam trabalhar", disse Catarino.
Somente os jogadores que se destacaram na Série A-1 devem se transferir para os clubes que vão disputar a primeira divisão do Campeonato Brasileiro.
Para os jogadores, a falta de estrutura e de um calendário mais bem planejado são as justificativas para a grande "migração" da primeira para a segunda divisão.
O goleiro Anselmo deixou o Mogi Mirim, que só voltará a jogar em agosto, para defender o Botafogo.
Ao lado da Ponte Preta, o Botafogo tem sido o time que mais atrai os jogadores após o fim da Série A-1 para os clubes do interior.
O motivo é simples: os dois clubes estão este ano na primeira divisão do Campeonato Brasileiro.
"A possibilidade de disputar o Brasileiro da Série A motiva qualquer jogador e esse era meu objetivo este ano", disse o Anselmo, que participou do Campeonato Nacional de 97 pelo Coritiba.
O atacante Lúcio defendeu o União São João, de Araras, no Campeonato Paulista, e agora foi contratado pelo Comercial, mas poderá ficar sem atividade daqui a duas semanas, quando deve terminar a participação de seu time na Série A-2.
"Os campeonatos são rápidos, e o calendário mal elaborado, mas espero que logo apareça algum time interessado em me contratar", afirmou o atacante.


Colaborou Luciano Calafiori, da Folha Campinas


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