São Paulo, quarta-feira, 06 de julho de 2005

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ATLÉTICO-PR X SÃO PAULO

Libertadores abre capítulo final de história sem igual

Primeira decisão caseira da competição opõe a partir desta noite times brasileiros que superaram obstáculos memoráveis na campanha para chegar ao duelo de Porto Alegre

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

Ganhar Libertadores sempre é fazer história. Mas a história que São Paulo e Atlético-PR estão bem perto de escrever dificilmente será repetida pelos dois times.
Para que fosse possível hoje uma inédita final brasileira do mais nobre interclubes das Américas -a disputa começa às 21h45 no Beira-Rio, em Porto Alegre-, são-paulinos e atleticanos alcançaram feitos épicos e superaram os mais complicados obstáculos.
O clube do Morumbi, que já tinha rica história na competição (foi bicampeão em 1992 e 1993 e chega à sua quinta final, recorde no futebol brasileiro), escancarou a questão do racismo no futebol sul-americano, anotou o gol 10 mil do torneio, destacou o goleiro com mais gols em uma edição do evento (Rogério, cinco gols) e o maior artilheiro nacional da disputa (Luizão, 27 gols).
Já o Atlético-PR, que havia selado seu espaço entre os grandes do país em 2001, deu o último salto em direção ao reconhecimento internacional com uma campanha tão surpreendente quanto heróica. Se em 2000 e em 2002, o time saiu precocemente da competição quando era bem cotado, agora dobrou três favoritos, sempre decidindo fora de casa.
O campeão deste ano terá vencido simplesmente a maior Libertadores da história, pois, pela primeira vez, a disputa reuniu 38 clubes. Quando o São Paulo conquistou seu bi, o México não atuava na disputa -agora, tricolores e rubro-negros tiveram que ir até a América do Norte para eliminar os ""endinheirados" mexicanos.
São-paulinos e atleticanos triunfaram em memoráveis confrontos com os conterrâneos. Os primeiros despacharam o rival Palmeiras com duas vitórias mesmo tendo atuado todo o segundo tempo do segundo jogo com um atleta a menos. Os segundos bateram duas vezes o forte Santos mesmo tendo atuado a primeira partida com jogador a menos desde a metade do primeiro tempo.
O São Paulo carregava um trauma argentino, mas saiu ileso em duas viagens ao país vizinho, o mais vitorioso em Libertadores -soma 20 títulos, contra 12, agora, dos brasileiros. Fora, empatou em 2 a 2 com o Quilmes (primeiro ponto em solo argentino na disputa) e fez 3 a 2 no tradicional River Plate (primeira vitória no ""território inimigo" pelo torneio).
O Atlético-PR foi o clube que se classificou para o mata-mata com o maior sofrimento. Na rodada derradeira da primeira fase, perdeu de forma humilhante por 4 a 0 em casa para o Independiente Medellín e só avançou devido a um inesperado tropeço do América de Cali. Pouco cotado, virou de fato um furacão sob o comando do técnico Antônio Lopes.
No Paraguai, suportou pressão do Cerro Porteño, de quem tinha tirado a invencibilidade, e triunfou nos pênaltis. Venceu o Santos até com Robinho. E não perdeu do Chivas, time do magnata Jorge Vergara que havia aplicado um 4 a 0 no ""copeiro" Boca Juniors.
O regulamento da final não tem gol fora como critério de desempate, como as outras fases. O campeão poderá sair no jogo de volta, dia 14, no Morumbi, na prorrogação ou até na disputa de pênaltis.
Ou o Atlético-PR conquistará o maior título de sua história ou o São Paulo vencerá sua Libertadores mais impactante -na pior das hipóteses, será campeão com 75% de aproveitamento, algo que nem os times de Telê alcançaram.
Os atleticanos não terão a Kyocera Arena na final, mas isso só dará um sabor ainda mais especial ao clube em caso de título. Os são-paulinos, por sua vez, sonham com a noite de glória em um Morumbi que já está lotado.


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