|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ATLÉTICO-PR X SÃO PAULO
Libertadores abre capítulo final de história sem igual
Primeira decisão caseira da competição opõe a partir desta noite times brasileiros que superaram obstáculos memoráveis na campanha para chegar ao duelo de Porto Alegre
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
Ganhar Libertadores sempre é
fazer história. Mas a história que
São Paulo e Atlético-PR estão
bem perto de escrever dificilmente será repetida pelos dois times.
Para que fosse possível hoje
uma inédita final brasileira do
mais nobre interclubes das Américas -a disputa começa às 21h45
no Beira-Rio, em Porto Alegre-,
são-paulinos e atleticanos alcançaram feitos épicos e superaram
os mais complicados obstáculos.
O clube do Morumbi, que já tinha rica história na competição
(foi bicampeão em 1992 e 1993 e
chega à sua quinta final, recorde
no futebol brasileiro), escancarou
a questão do racismo no futebol
sul-americano, anotou o gol 10
mil do torneio, destacou o goleiro
com mais gols em uma edição do
evento (Rogério, cinco gols) e o
maior artilheiro nacional da disputa (Luizão, 27 gols).
Já o Atlético-PR, que havia selado seu espaço entre os grandes do
país em 2001, deu o último salto
em direção ao reconhecimento
internacional com uma campanha tão surpreendente quanto heróica. Se em 2000 e em 2002, o time saiu precocemente da competição quando era bem cotado,
agora dobrou três favoritos, sempre decidindo fora de casa.
O campeão deste ano terá vencido simplesmente a maior Libertadores da história, pois, pela primeira vez, a disputa reuniu 38 clubes. Quando o São Paulo conquistou seu bi, o México não atuava na
disputa -agora, tricolores e rubro-negros tiveram que ir até a
América do Norte para eliminar
os ""endinheirados" mexicanos.
São-paulinos e atleticanos
triunfaram em memoráveis confrontos com os conterrâneos. Os
primeiros despacharam o rival
Palmeiras com duas vitórias mesmo tendo atuado todo o segundo
tempo do segundo jogo com um
atleta a menos. Os segundos bateram duas vezes o forte Santos
mesmo tendo atuado a primeira
partida com jogador a menos desde a metade do primeiro tempo.
O São Paulo carregava um trauma argentino, mas saiu ileso em
duas viagens ao país vizinho, o
mais vitorioso em Libertadores
-soma 20 títulos, contra 12, agora, dos brasileiros. Fora, empatou
em 2 a 2 com o Quilmes (primeiro
ponto em solo argentino na disputa) e fez 3 a 2 no tradicional River Plate (primeira vitória no ""território inimigo" pelo torneio).
O Atlético-PR foi o clube que se
classificou para o mata-mata com
o maior sofrimento. Na rodada
derradeira da primeira fase, perdeu de forma humilhante por 4 a
0 em casa para o Independiente
Medellín e só avançou devido a
um inesperado tropeço do América de Cali. Pouco cotado, virou
de fato um furacão sob o comando do técnico Antônio Lopes.
No Paraguai, suportou pressão
do Cerro Porteño, de quem tinha
tirado a invencibilidade, e triunfou nos pênaltis. Venceu o Santos
até com Robinho. E não perdeu
do Chivas, time do magnata Jorge
Vergara que havia aplicado um 4
a 0 no ""copeiro" Boca Juniors.
O regulamento da final não tem
gol fora como critério de desempate, como as outras fases. O campeão poderá sair no jogo de volta,
dia 14, no Morumbi, na prorrogação ou até na disputa de pênaltis.
Ou o Atlético-PR conquistará o
maior título de sua história ou o
São Paulo vencerá sua Libertadores mais impactante -na pior
das hipóteses, será campeão com
75% de aproveitamento, algo que
nem os times de Telê alcançaram.
Os atleticanos não terão a Kyocera Arena na final, mas isso só
dará um sabor ainda mais especial ao clube em caso de título. Os
são-paulinos, por sua vez, sonham com a noite de glória em
um Morumbi que já está lotado.
Texto Anterior: Painel FC Próximo Texto: Frase Índice
|