São Paulo, domingo, 06 de julho de 2008

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JUCA KFOURI

Esse Maracanã...


O Maracanã nasceu marcado pela tragédia e continua a ser mais trágico do que festivo para o futebol do Rio

O JOGO que inaugurou o Maracanã não foi nenhuma tragédia, mas o fato é que, então, uma seleção paulista ganhou de outra, carioca, por 3 a 1.
Não por acaso, aliás, durante anos o estádio foi chamado de Recreio dos Bandeirantes, tamanha a festa que os clubes paulistas faziam lá.
Antes, no entanto, houve uma tragédia sim, a da decisão da Copa do Mundo de 1950, desnecessário relembrá-la porque até quem é criança hoje sabe da história daquele dia. Quase 60 se passaram e novamente o Maracanã foi palco de uma enorme frustração, a derrota do Flu na decisão da Libertadores.
Não é no mínimo curioso que times de outros Estados tenham no Maracanã episódios muitas vezes mais épicos que os times do Rio?
O mais romântico dos títulos internacionais do Palmeiras, por exemplo, foi conquistado lá, a Copa Rio, em 1951, tratado na época como se fosse um verdadeiro campeonato mundial de clubes.
O Galo ganhou seu título mais importante lá, o Brasileirão de 71. O Santos foi bicampeão mundial no Maracanã, em 1963.
O Corinthians ganhou seu Mundial da Fifa também no Mário Filho, em 2000, e contra o Vasco.
Até o Santo André ganhou seu maior título no Maracanã, a Copa do Brasil de 2004, e contra o Flamengo, como o Juventude havia ganho, em 1999, contra o Botafogo.
Ora, os maiores títulos da vida do Flamengo foram conquistados em Montevideú e em Tóquio, uma Libertadores e um Mundial, em 1981. Como o maior do Vasco, a Libertadores-98, foi ganho em Guayaquil. Ou o maior do Botafogo aconteceu no Pacaembu, o Brasileirão-95.
Sim, o maior título que o Flu poderia ter escapou no Maracanã com 80 mil torcedores, lindo como nunca, frustrado ao fim como quase sempre quando se trata de decisões que envolvam cariocas.
Será que é assim tão natural mesmo que a decisão da Copa do Mundo de 2014 seja no charmoso, acústico e acolhedor Maracanã? Ao governador de São Paulo, José Serra, como a este colunista, sempre pareceu que sim. Mas depois do que o escriba viu no Maracanã na quarta-feira, tamanha convicção ficou bem abalada.

O ranking da Fifa
Jamais dei bola ao ranking da Fifa quando a seleção brasileira o encabeçava. Não seria agora, pois, quando o time da CBF está em quarto lugar, que daria a ele mais importância do que tem, entre outras razões porque continua indecifrável.
Mas uma coisa preocupa sim, e não é nem o ranking, é pior: será que a seleção brasileira é mesmo a quarta do mundo hoje em dia, só atrás da espanhola, da argentina e da alemã? E a paraguaia? E a holandesa? A russa? A turca?!!!! Não sei! O que sei é que, no ano passado, na Libertadores, o Grêmio não foi páreo para o Boca Juniors.
Tudo bem, normal, o Boca é o Boca e é da Argentina. Agora, no entanto, embora o Flu tenha sido mais que páreo, quem festejou sob nossas barbas foi a LDU, do Equador.
Ah, sim, quer dizer, ah, não!
Definitivamente a seleção equatoriana não é melhor que a nossa.
Pelo menos por enquanto.

blogdojuca@uol.com.br


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