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Espelho meu
Duros no controle da bola, alemães se inspiram nos espanhóis para convencer
RODRIGO MATTOS
ENVIADO ESPECIAL A PRETÓRIA
Em uma roda, atletas alemães trocam passes pelo alto
com o objetivo de não deixar
a bola cair. Na maioria das
vezes, entretanto, eles perdem o controle, e ela escapa.
Estavam no círculo, na antevéspera do duelo com a Espanha que vale vaga na decisão da Copa, o meia Özil e o
atacante Müller, novas joias
do futebol germânico.
A cena ocorreu durante o
treino da Alemanha, ontem,
em Pretória. Poderia ser visto
como um contraste com o futebol dinâmico e ofensivo do
time no Mundial da África.
Não é. A Alemanha é um time que projeta jogar o futebol-arte. E tem conseguido,
sem saber fazer embaixadas.
É por isso que o próximo rival, que nunca venceu a Copa, é visto como inspiração
pelos alemães, um modelo
para a renovação do futebol
do país tricampeão do mundo -ganhou em 54, 74 e 90.
O tom de admiração pelo
rival é bem diferente do clima
que antecedia os duelos com
a Inglaterra (respeito, clima
de rivalidade e elogios) e a
Argentina (provocações).
"Temos toda a razão para
acreditar que podemos vencer. Dito isso, a Espanha continua favorita. Ela dominou
os jogos nas eliminatórias da
Europa. Não tem um Messi,
mas vários Messis", afirmou
o técnico Joachim Löw.
Foi a partir da derrota para
a Espanha, na final da Eurocopa-2008, que o técnico intensificou a renovação da seleção alemã. Buscou implantar no time características parecidas com as do campeão
continental, como manter a
posse de bola, tocá-la rápido
e ter mobilidade no ataque.
"Tenho grande respeito
pela Espanha. Apresentaram
nos últimos anos um grande
futebol, de alto nível", ressaltou o meia Schweinsteiger,
que provocou os argentinos
antes das quartas de final.
Para ele, é preciso ser mestre na tática para bater oponentes como Iniesta e Xavi.
A Alemanha deixa claro
que se vê inferior em habilidade. Löw não se constrange
em declarar que Villa é melhor nas conclusões do que
seu maior artilheiro, Klose.
Ele diz que os espanhóis
fazem a bola ter fluência sem
esforço. "Na Espanha, isso é
a segunda natureza na cantera [campos para garotos espanhóis]. Eles não só jogam
mas celebram. É fácil para
eles jogar. Esse é meu objetivo como técnico", disse Löw.
Mas ele cita que o time alemão é bem diferente do que
perdeu por 1 a 0 na final da
Eurocopa. Afinal, após tentativas de embaixadas frustradas, os alemães treinaram
passes. Quase não erraram.
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