|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Técnico adia encontro na CBF e continua dividido entre família e desafio
Nem Scolari decidiu se segue na seleção
FÁBIO VICTOR
DA REPORTAGEM LOCAL
Ninguém sabe ainda se Luiz Felipe Scolari continuará na seleção
brasileira. Nem ele mesmo.
O técnico prometera fazer o
anúncio depois de uma reunião
com o presidente da CBF, Ricardo
Teixeira, marcada para ontem. O
encontro foi adiado para a próxima quinta-feira por causa da
morte do filho do preparador físico da seleção, Paulo Paixão.
Passado mais de um mês da
conquista do pentacampeonato
mundial, Scolari irá para a conversa com Teixeira com um dilema na cabeça e espera sair do Rio
de Janeiro com o futuro definido.
Amigos de trabalho e do convívio pessoal do treinador que conversaram com ele nos últimos
dias sentiram um Scolari hesitante e inseguro, apesar de tranquilo.
Ontem, em seguida ao adiamento do encontro, surgiram especulações de que o técnico já tomou a decisão de abandonar a seleção brasileira -e que irá apenas
comunicá-la a Teixeira.
Mas não é bem assim. Scolari
continua indeciso. De um lado,
sua família e amigos influentes
pedem e/ou dão conselhos para
que ele deixe a seleção. A mulher
do treinador, Olga, e o seu primogênito, Leonardo, detestam os holofotes e o assédio inerentes ao
cargo. Demonstram a todo instante o desconforto com a situação, o que afeta Scolari.
Colegas do futebol têm outro
argumento: sugerem que ele siga
Parreira e saia "por cima", mantendo a reputação de vencedor.
Mas o técnico leva em conta outros fatores. Comenta com vontade adolescente a possibilidade de
disputar uma Olimpíada -o que
mais o deixa excitado é poder se
hospedar numa Vila Olímpica
com milhares de atletas de várias
modalidades e de todo o mundo.
O projeto da CBF para Atenas-2004 será, assim, importante para
a resposta de Scolari a Teixeira. O
desafio de dar ao Brasil a inédita
medalha olímpica e o de ser o único técnico a vencer uma Copa por
duas vezes seguem em sua cabeça.
Aliada ao atual dilema há um fato. Nenhum grande clube europeu fez proposta para contratá-lo
- e essa era a única chance de tirá-lo da seleção logo após a Copa.
As ofertas que chegaram ao técnico não o seduziram. A CBF, por
sua vez, irá sugerir a redução do
salário de Scolari, que recebeu, até
a Copa, US$ 150 mil mensais.
Sem problemas financeiros,
principalmente após o Mundial
(acumula contratos publicitários
vultosos e tem palestras agendadas até dezembro), o treinador
não pretende aceitar, mas pode
ceder se obtiver outros ganhos da
CBF -como autonomia para trabalhar com as divisões de base.
Tudo dependerá da conversa
com Teixeira, que também ainda
não sabe se ele fica ou sai.
O que fascina Scolari hoje é a
publicação de seu livro sobre a
Copa, em parceria com o jornalista Ruy Carlos Ostermann. Ele tem
dito a amigos que está desempregado e que só pensa no livro.
Ontem, ele prestou assistência à
família de Paulo Paixão -com
quem trabalha há quase dez
anos-, enquanto o preparador
físico retornava de Portugal, onde
estava com o Grêmio. O enterro
de Alessandro Paixão, 25, que
morreu de parada cardíaca anteontem, seria às 22h de ontem.
Por isso Scolari não pôde anunciar a lista de convocados para o
jogo contra o Paraguai, no dia 21,
quando comandará a seleção no
amistoso festivo em Fortaleza.
Texto Anterior: Painel FC Próximo Texto: Federações já criticam novo endereço da CBF Índice
|