São Paulo, sexta-feira, 06 de agosto de 2004

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ATENAS 2004

Equipe perde serviço meteorológico que usava antes das regatas

Grécia paga mais e deixa à deriva iatistas brasileiros

Flávio Florido/Folha Imagem
Torben Grael (à esq.) e Marcelo Ferreira, da classe star, preparam barco para treino em Atenas


GUILHERME ROSEGUINI
ENVIADO ESPECIAL A ATENAS

Uma folha de papel com dados sobre vento, ondas e temperatura da água. Parece pouco, mas é o suficiente trazer dor de cabeça para os brasileiros em Atenas.
A apenas sete dias do início da Olimpíada, os velejadores ainda não podem contar com um serviço que virou praxe nas competições: a previsão do tempo.
O funcionamento do esquema é simples: antes de cada regata, um grupo de meteorologistas costuma mapear os detalhes de como o clima vai se comportar nos momentos da disputa.
"Já estávamos habituados a trabalhar com uma empresa da área, mas eles disseram que não fariam o serviço quando faltava menos de um mês para a Olimpíada. Agora vamos correr contra o tempo e encontraremos alguém", afirma Walcles Osório, da Federação Brasileira de Vela.
Até o Pan-Americano do ano passado, a entidade tinha um acordo com a agência Commander, dos EUA. Por cerca de R$ 11 mil, eles forneciam dados diários do clima quando os brasileiros estavam em competição.
Só que os gregos entraram na jogada. E com dinheiro. Por cerca de R$ 40 mil, contrataram com exclusividade a companhia.
Saber como o ambiente vai atuar ajuda os iatistas a elaborar um plano para competir. Eles definem a tática, a regulagem dos barcos e quais equipamentos serão utilizados.
Muitas equipes tratam o assunto com extrema propriedade. A Inglaterra, por exemplo, contrata os serviços de Fiona Campbell, que tem uma coluna sobre o tema na rede de comunicações BBC.
Os EUA foram muito além e levaram a algumas Olimpíadas integrantes da Nasa, a agência espacial do país, para que o mar não surpreendesse os atletas.
Passados para trás pelos gregos, os brasileiros foram convidar o meteorologista com quem trabalharam em Sydney-2000.
Na época, Torben Grael, membro mais experiente da equipe, indicou um colega que havia disputado ao seu lado torneios de vela oceânica, e o canadense Doug Charko centralizou a função e orientou os competidores. Da Austrália, o Brasil saiu com duas medalhas, uma de prata (na classe laser) e uma de bronze (na star).
"Procuramos o Doug, e ele disse que não poderia comparecer. Era tarde demais", disse Reinaldo Câmara, chefe da vela em Atenas.
O caso já foi parar na Marinha do Brasil. A federação solicitou ajuda para executar as previsões e pediu indicações de nomes que pudessem realizá-las. As forças navais informaram que até poderiam fazer um relatório mais abrangente do mar grego, mas os dados não teriam muitas minúcias do local das regatas.
"Isso pode até dar certo e será bem-vindo. Só que isso aqui é uma Olimpíada. Não podemos fazer testes", relata Câmara.


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