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Sob tensão, Hamilton triunfa e cresce
Inglês ganha de ponta a ponta na Hungria e abre sete pontos de vantagem para Alonso a seis GPs do fim da temporada
Vitória chega junto com deterioração das relações
do novato com o espanhol, bicampeão da F-1 e seu companheiro na McLaren
TATIANA CUNHA
ENVIADA ESPECIAL A BUDAPESTE
O sorriso nos lábios e o olhar
de menino que parece rir também eram os mesmos que conquistaram a F-1 há 11 corridas.
A paciência para atender aos
jornalistas, mais de uma hora
depois do encerramento da
prova, também era igual.
Mas o Lewis Hamilton que
saiu do cockpit de seu McLaren
ontem, após vencer o GP da
Hungria, definitivamente era
outro. Mais experiente, mais
centrado e conhecedor de uma
face da categoria que até agora
não lhe tinha sido apresentada.
O novato saiu na pole e fez
uma prova sem erros. Venceu
de ponta a ponta pela primeira
vez, chegou ao terceiro triunfo
de sua meteórica carreira e, a
seis etapas do fim do Mundial,
abriu sete pontos na liderança.
Kimi Raikkonen foi o segundo, e Nick Heidfeld, o terceiro.
"Foi uma corrida muito dura
para mim", disse Hamilton, 22.
"Cheguei sem saber se tudo que
aconteceu ia me afetar. Estava
com um peso enorme nos ombros e na cabeça. Foi uma das
corridas mais difíceis que já fiz,
não só pela tensão no paddock
como por todo o resto."
Faz sentido. Os últimos dias
foram extremamente agitados
para a McLaren. Primeiro foi o
escândalo de espionagem. A
equipe, que havia sido absolvida por seu projetista-chefe ter
tido acesso a informações confidenciais da Ferrari, vai ser julgada novamente, agora pelo
Tribunal de Apelações da FIA.
Depois veio a "lei da mordaça" imposta pelo time na quinta-feira, para blindar os pilotos.
E, anteontem, veio o último
golpe. Fernando Alonso foi punido com a perda de cinco posições no grid por bloquear Hamilton nos boxes e impedi-lo
de fazer sua última volta na
classificação, o que rendeu ao
inglês a pole. Além disso, a
equipe ainda ficou sem os pontos conquistados ontem no
Mundial de Construtores por
ser "cúmplice" do espanhol.
"Não sabia se o time estava
me culpando pelo que tinha
acontecido", falou o inglês, sobre o fato de ter desrespeitado
uma ordem na classificação, o
que poderia ter motivado a
"vingança" de Alonso depois.
Hamilton, porém, disse que
se desculpou pela desobediência -o time pediu a ele que
abrisse passagem para o companheiro durante o treino classificatório para que ele pudesse
queimar combustível. "Tivemos uma reunião após a sessão
e expliquei para eles o que tinha
acontecido. E disse: "Eu errei e
peço desculpas, não vai acontecer de novo".", contou ele.
Mas, depois de tudo o que
aconteceu, a relação entre Hamilton e Alonso piorou muito.
O espanhol, que desde o começo do ano havia dado mostras
de estar enciumado, falou, no
entanto, que "nada mudou". O
novato afirmou que desde ontem eles não se falam. "Nós,
quer dizer, eu, como piloto,
tento ser profissional, e toda a
nossa rixa tem que ser na pista", disse. "É o que um "gentleman" faz. Ele não está falando
comigo", continuou. "Se nos
encontrarmos, vou chegar e
conversar. Mas não vou sair por
aí procurando por ele, para fazê-lo se sentir melhor", completou o "novo" Hamilton.
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