São Paulo, quarta-feira, 06 de agosto de 2008

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PEQUIM 2008

Bem-vindo a Pequim

COM TERREMOTO, ALERTA DE TUFÃO, AGRESSÃO A JORNALISTAS E MUITA SEGURANÇA NAS RUAS PARA A CHEGADA DA TOCHA À CAPITAL, CHINA EXPURGA SEUS PROBLEMAS A DOIS DIAS DA ABERTURA DOS JOGOS

Cao Taeg/Reuters
Yao Ming, astro da NBA, carrega a tocha olímpica à frente do retrato do líder chinês Mao Tse-tung na Cidade Proibida

DOS ENVIADOS A PEQUIM

A dois dias do 8/8/08, data carregada de simbolismo e escolhida a dedo pelos chineses para a abertura do maior evento que já organizaram, a China vive momentos conturbados.
Terremotos, tufões, terrorismo e afrontas à liberdade de imprensa precederam a chegada a Pequim da tocha olímpica na noite de ontem, manhã de hoje na China. Um espetáculo de exaltação nacional, que misturou a moderna China de Yao Ming, astro do basquete, e a China que precisa de um símbolo de unidade, o retrato de Mao Tse-tung, na Cidade Proibida. E segurança máxima.
Périplo global, cheio de percalços, confusões e polêmicas, que termina sexta no Ninho de Pássaro e provoca um ambiente de absoluta segurança, rigidez e até mesmo paranóia.
Motivos ou desculpas não faltam. Ontem, terça na China, pela segunda vez em quatro dias Sichuan tremeu acima de 6 pontos na escala Richter. Houve uma morte. É a Província abalada com quase 80 mil mortes no terremoto de 12 de maio.
Na costa chinesa, moradores e subsedes olímpicas aguardam a passagem de pelo menos dois tufões previstos pelo departamento de meteorologia do país.
Em outro extremo do país, na fronteira noroeste, o atentado de anteontem, que matou 16 e reacendeu o temor de terrorismo nos Jogos, teve um efeito colateral grave. Dois jornalistas japoneses foram espancados pela polícia ao tentarem trabalhar no local do ataque.
O caso gerou um princípio de incidente diplomático entre Japão e China e culminou em um pedido de desculpas dos chineses, repleto de ressalvas.
Enquanto as autoridades de Xinjiang tentavam se explicar, a 4.000 km dali, Pequim restringia o trabalho da imprensa. Entrevistas na praça da Paz Celestial, centro nevrálgico do país e palco da cerimônia de ontem, voltaram a ser proibidas, aparentemente para que protestos não fossem registrados.
Em vão. Dois "estrangeiros", assim descritos, escalaram postes de iluminação para fixar estandartes pró-Tibete, nas cercanias do Ninho de Pássaro. Quatro ativistas foram presos.
É assim, áspera, ostensiva, enxergando inimigos dentro e fora de Pequim, que a China se prepara para sua aguardada Olimpíada. Certamente, não vê a hora de o esporte começar.

137 mil
quilômetros foi o percurso percorrido pela tocha, encerrando a maior e mais conturbada jornada do fogo olímpico. A tocha partiu da praça da Paz Celestial e, após enfrentar protestos de ativistas de direitos humanos pró-Tibete e uigures, voltou à capital chinesa ontem.


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