São Paulo, quinta-feira, 06 de setembro de 2007

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Dualib revela pagamento no exterior

À Justiça, presidente afastado do Corinthians admite depósitos fora do país de parte dos salários de três jogadores

O caso envolve Mascherano, Carlos Alberto e Tevez, que não estão mais no clube, e gera suspeita de evasão de divisas e sonegação fiscal

RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC

EDUARDO ARRUDA
DA REPORTAGEM LOCAL

Em interrogatório feito pela Justiça Federal, Alberto Dualib declarou que três jogadores do milionário time corintiano montado pela MSI recebiam parte de seus salários no exterior. São os casos de Carlos Alberto, Tevez e Mascherano.
Comprovado o fato, clube, jogadores e a empresa podem enfrentar processo por evasão de divisas e sonegação fiscal.
A declaração do presidente afastado ajuda a explicar a queda do time campeão brasileiro de 2005. E as brigas que assolaram o badalado elenco.
A Folha apurou que Dualib apontou os ganhos de alguns atletas no exterior como motivo para as desavenças. Segundo seu depoimento, esse procedimento criou animosidade entre os jogadores, já que não havia uniformidade nos salários.
O cartola deu a entender que o elenco pensava não ganhar muito menos do que o trio até descobrir o recebimento fora do país. Eram comuns as queixas dos atletas revelados no Parque São Jorge de que sentiam-se menosprezados diante dos contratados pelo iraniano Kia Joorabchian, da MSI.
Tevez trocou socos com Marquinhos, zagueiro prata da casa, mas também brigou com Carlos Alberto.
Dualib não disse em que país os jogadores recebiam. Nem quanto esse valor representava do total de seus vencimentos.
Pelo acordo entre MSI e Corinthians, a folha de pagamento do futebol era de responsabilidade da empresa.
Tevez, o mais caro do time, tinha dois contratos, um com o clube e outro com a MSI. Juntos, totalizavam um ganho de US$ 10 milhões em cinco anos, de 2004 a 2009. No contrato registrado na CBF, o argentino ganhava R$ 286 mil mensais.
Roberto Podval, advogado de Kia, disse que não comentaria o assunto porque a Justiça decretou sigilo sobre o processo, no qual seu cliente e Dualib são acusados de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.
Procurado pela Folha, Dualib também não se pronunciou.
"Se esse pagamento no exterior for comprovado, os envolvidos podem responder por crime contra a ordem tributária nacional, além de existir uma série de implicações", disse Romeu Tuma Jr., que será empossado na segunda como secretário nacional de Justiça.
O Ministério Público Federal já desconfiava de que alguns atletas recebiam fora do país. Por isso Dualib foi questionado sobre o tema. Grampos telefônicos feitos pela Polícia Federal em telefones dos cartolas registraram conversas que indicam ser esses os casos de Carlos Alberto e Ricardinho.
"Existem indícios fortes de evasão de divisas",disse Rodrigo de Grandis, procurador da República que assumiu o caso após trabalho do Gaeco, órgão do Ministério Público Estadual. Ele disse não ser possível oferecer denúncia ainda. Diligências serão feitas, e a procuradoria deve pedir quebra de sigilo bancários dos envolvidos.
Uma prova pode estar no computador apreendido por policiais do Deic anteontem, no Parque São Jorge, em investigação sobre emissão de notas frias conduzida pelo Gaeco. Dirigentes dizem que a máquina contém arquivos sobre a contabilidade da MSI.
"Eu não sei o conteúdo, mas, se tiver algo que elucide a nossa investigação, vamos solicitar ao Ministério Público Estadual", disse De Grandis.


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