São Paulo, sábado, 06 de setembro de 2008

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Seleção atrapalha, diz Palmeiras

Dirigente afirma que possibilidade de Luxemburgo assumir cargo de Dunga mexe com os jogadores

"Se [a CBF] tivesse planejado antes o melhor treinador a médio e longo prazo, isso não estaria ocorrendo agora", diz Genaro Marino


RENAN CACIOLI
DA REPORTAGEM LOCAL

De uma derrota costuma-se extrair várias análises. Da sofrida pelo Palmeiras para o Sport, anteontem, no Parque Antarctica, são duas: o time ainda não fala a mesma língua do treinador, e a seleção brasileira tem interferido nessa sintonia.
Segundo o diretor de futebol Genaro Marino, a incerteza sobre a permanência de Dunga no cargo e as conseqüentes menções a Vanderlei Luxemburgo como seu sucessor acabam mexendo com a cabeça do elenco.
"Se o jogador está vendo que o comandante pode ir para outro lugar, mentalmente ele não tem a mesma ligação, não está na mesma sintonia. Tudo o que pode afetar essa sintonia entre técnico e equipe não é bom", declarou o dirigente.
Marino afirmou que a sensação de incerteza não parte de Luxemburgo, com quem o Palmeiras conta, no mínimo, até o término do Brasileiro -o contrato dele com o clube vai até o final do ano que vem.
"A dinâmica do futebol não nos permite falar em 100% [de certeza que o treinador fique até o final do Nacional], mas o que nós já planejamos é que, se houver algo com a seleção, é para o final de dezembro, após o campeonato", disse o diretor.
A culpada por criar essa instabilidade no Palmeiras, de acordo com Marino, é a CBF.
"A CBF deveria se organizar de forma diferente. Se tivesse planejado antes qual o melhor treinador a médio e longo prazo, isso não estaria ocorrendo agora", opinou o cartola.
O dirigente disse acreditar que tropeços como o de anteontem, quando o Sport fez 3 a 0 com facilidade na casa palmeirense, são reflexo de um time que ainda não assimilou totalmente o estilo de Luxemburgo. "Isso ainda está em transformação. Percebo que esse grupo não conseguiu assimilar toda a filosofia do Vanderlei."
Questionado sobre o que seria essa filosofia em termos práticos, Marino citou, principalmente, a parte psicológica.
"Todo o grupo tem de estar focado no mesmo propósito, estar seguro e confiante. Se tem jogador que não está firme naquele dia, pode acontecer como ontem [anteontem]", disse.
As constantes variações na escalação do time, seja por contusões ou suspensões, contribuem para agravar o problema.
Na derrota ante o Sport, Sandro Silva e Martinez não jogaram por suspensão. Para o próximo duelo, contra o Cruzeiro, no Mineirão, a dupla de ataque titular formada por Kléber e Alex Mineiro não estará à disposição de Luxemburgo pela mesma razão. "Aí quem entra quer resolver tudo. Esse equilíbrio é uma coisa que se adquire. E o grupo é recente, são poucos os que foram mantidos do ano passado", afirmou Marino.
Do atual time titular, apenas o lateral-esquerdo Leandro e o zagueiro Gustavo compunham a equipe de Caio Júnior, antecessor de Luxemburgo.
Apesar de classificar o primeiro revés de 2008 no Parque Antarctica como um "acidente de percurso", o diretor admite que o tempo para corrigir essas falhas está cada vez mais curto.
"Não podemos dar tanto espaço para o Grêmio."
O líder do campeonato pode ampliar para oito pontos a diferença em relação ao Palmeiras caso vença o Fluminense hoje.


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