São Paulo, segunda-feira, 06 de setembro de 2010

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Prancheta do PVC

PAULO VINICIUS COELHO pvc@uol.com.br

Fora de moda

ROBINHO CHEGA ao Milan, e o time italiano muda de cara. Vai jogar no 4-2-3-1, o sistema da moda, para que Ronaldinho e Robinho possam compartilhar o mesmo campo de jogo. O futebol globalizado tem o sistema globalizado. O líder do Brasileirão, não.
Muricy Ramalho foi um dos primeiros técnicos brasileiros a falar sobre a mais usual forma de jogar em 2010. É um dos que ainda resistem. Nos altos e baixos do Fluminense, de três empates seguidos no Maracanã, Muricy jamais recorreu ao sistema da moda. Prefere o 3-5-2, varia para o 4-4-2, estuda o rival, muda conforme o jogo. Nunca no 4-2-3-1.
Muitos dos mais conceituados treinadores caíram na tentação. Mano Menezes disse na entrevista em que tomou posse na seleção que esse é seu sistema diferente, como se sabe lembrando do Grêmio vice da Libertadores ou do Corinthians campeão da Copa do Brasil.
Celso Roth assumiu o Inter e aderiu, lançando uma linha de três armadores com D'Alessandro pela direita, Tinga pelo centro, Taison pela esquerda, na reta de chegada da Libertadores. Ganhou o torneio e ouviu elogios de D'Alessandro, que observou: "Estou jogando diferente, fazendo o corredor do lado direito".
Felipão voltou da Europa usando o sistema, ainda que muitos vejam o Palmeiras com três zagueiros. Na prática, Fabrício é lateral esquerdo, Marcos Assunção faz o lado direito do meio de campo, no sistema da moda. E Muricy...
Muricy prossegue sendo o mais original do Brasil. Em 2007, quando escalava Breno na lateral direita, ouviu a pergunta sobre jogar com duas linhas de quatro jogadores, como na Europa. Disfarçou e continuou fazendo o que ninguém tinha feito. Não, Muricy não está fora da moda. Ser líder do Brasileiro nunca saiu de linha.

O xis da questão
O 4-2-3-1 obrigaria Muricy a levar Conca à esquerda e a recuar Emerson. Não vale a pena. O xis da questão, para Muricy, é respeitar as características de seus jogadores.

Sem caça-níquel
A semana de treinos em Barcelona pode ter defeitos, mas mostra uma qualidade de Mano. Ele não quis amistosos caça-níqueis, com pouco valor técnico. Nunca um técnico disse isso à CBF.


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