São Paulo, segunda-feira, 06 de outubro de 2008

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reviravolta

Brasileiro segue Europa e põe em xeque o "cai-cai"

Número de faltas é o menor em 20 anos e se aproxima das médias européias, onde o jogo sofre menos interrupções

Instrutor da Fifa diz que jogadores hoje têm medo que má fama prejudique eventuais oportunidades em equipes do exterior

Raimundo Paccó/ Folha Imagem
Djalma Beltrami, terceiro juiz que menos apita faltas, em ação na Vila Belmiro, no sábado

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

O futebol brasileiro não é mais o mesmo. Pelo menos em uma de suas mais tradicionais e controversas faces.
Com sangue novo na arbitragem, mas também com a ajuda de veteranos, o Campeonato Brasileiro não é mais o festival de faltas que já o caracterizou.
A edição deste ano registra o menor número de faltas desde que o Datafolha passou a tabular essa estatística, há exatos 20 anos. Depois de 28 rodadas, a média está em 39,2 faltas.
É a primeira vez que o índice fica abaixo de 40. Em 1990, foram 58 faltas por jogo, recorde.
A marca atual aproxima bastante o jogo brasileiro do praticado nas principais ligas da Europa. No Campeonato Italiano passado, por exemplo, foram 36 faltas por partida. No atual Espanhol, são 34.
E é o modelo europeu de deixar o jogo correr mais, e não marcar falta em qualquer encontrão -uma marca brasileira-, que ajuda e explicar essa queda brusca no Nacional.
Primeiro, por uma mudança de estilo dos próprios árbitros. "Os juízes estão mais atentos no vício do jogador brasileiro de se atirar", diz Jorge Paulo de Oliveira Gomes, presidente da Anaf (Associação Nacional dos Árbitros de Futebol) e também instrutor da Fifa.
Ele diz que realmente existe uma tendência de os árbitros diminuírem o número de faltas marcadas a cada jogo.
Gomes ainda aponta uma mudança de comportamento dos atletas que também ajuda na diminuição de infrações. E isso novamente passa pelo que acontece na Europa.
"Os jogadores querem ir jogar em clubes europeus. E eles não querem ser taxados de atletas que se jogam toda hora. Isso é mal visto na Europa", afirma o chefe da Anaf.
Ranking elaborado pelo Datafolha mostra que a redução no número de faltas atinge tanto novatos do apito como veteranos. Pela lista, que não computa a rodada encerrada anteontem, o juiz que marca menos faltas no Brasileiro é o gaúcho Carlos Eugênio Simon, o representante nacional do apito nas últimas duas Copas.
Nos 12 jogos apitados por Simon, a média de faltas foi de apenas 29,4 por partida, número próximo ao do Campeonato Inglês, onde o "cai-cai" é motivo de vaias dos torcedores.
Logo atrás vem outro representante do Rio Grande do Sul, justamente o árbitro que virou símbolo do novo estilo de arbitragem, muitas vezes criticado por comentaristas do assunto em transmissões de TV.
Leandro Vuaden apita, em média, 30,3 faltas nos jogos em que trabalho no Brasileiro.
"Minha filosofia é deixar o jogo movimentado, mas nada de apelo à violência. É espetáculo bonito", disse Vuaden, que assim como os outros árbitros recebeu instrução da CBF para ter mais critério nas faltas.
Mas as estatísticas do Datafolha mostram que a questão está longe de ser padronizada. Segundo o Datafolha, quatro árbitros têm média de faltas marcadas superior a 48 por jogo. O recordista é Wilson Pereira, com 52 infrações.


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