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AUTOMOBILISMO
Piloto brasileiro chega hoje à sede da Ferrari, em Maranello, após sete anos longe do topo da F-1
Barrichello, enfim, encara seu futuro
FÁBIO SEIXAS
da Reportagem Local
Rubens Barrichello inicia hoje
sua luta para ganhar espaço na
Ferrari e tornar mais fácil sua vida
na F-1 a partir do ano que vem.
Em Maranello, no norte da Itália, ele se apresenta à escuderia.
Vai fazer o molde de seu banco,
conversar com dirigentes, engenheiros, mecânicos. Como definiu, vai começar a se "enturmar".
Será o primeiro contato do piloto brasileiro com a equipe desde
que sua contratação foi anunciada, no início de setembro.
Porém, mais do que uma visita
informal, Barrichello estará tentando trabalhar por algo que Eddie Irvine não conseguiu em quatro anos pelo time: prestígio.
E, utopia quando se trata de Ferrari, por igualdade de condições
com o alemão Michael Schumacher, estrela maior da escuderia.
"Vou lá para me enturmar, começar a conhecer o pessoal, iniciar todo aquele envolvimento
com uma equipe nova", declarou.
A data do seu primeiro treino
com um carro da Ferrari ainda
não está definida. Provavelmente,
será na primeira semana de dezembro, em Fiorano, pista particular da equipe na Itália.
"Espero que a Stewart me libere
para o teste", diz o brasileiro, que
mantém contrato com a equipe
inglesa até 31 de dezembro.
A liberação não deve ser problema, já que a Jaguar (novo nome
da Stewart) também precisará
que a Ferrari ceda Irvine para o
início de seus testes para 2000.
Compromissos comerciais com
os patrocinadores da Stewart, no
entanto, devem privar o brasileiro
de vestir o macacão vermelho da
Ferrari neste ano -a cena só deve
ser vista na apresentação oficial
da escuderia, programada para o
próximo mês de janeiro.
Espera
A visita de hoje a Maranello encerra uma espera de sete anos.
Após amargar carros ruins e
medianos temporada após temporada, Barrichello, enfim, terá
em mãos um equipamento de
ponta. Será seu quarto conjunto
chassi-motor na categoria.
A pedido da Folha, ele comentou seus três primeiros períodos
na F-1: com o Jordan-Hart, em
1993 e 1994, com o Jordan-Peugeot, em 1995 e 1996, e com o Stewart-Ford, de 1997 a 1999.
Segundo ele, os dois primeiros
anos foram "inocentes".
"Foi um momento de muito
aprendizado, de total inocência e
falta de experiência. Curti muito
aquele tempo, até a morte do Ayrton (Senna), que me afetou profundamente", afirma o piloto.
"Mas foi um momento característico pela falta de pressão. Estava bom do jeito que eu chegasse",
define Barrichello.
Segundo ele, esse cenário de
"relaxamento" alterou-se completamente em 1995, a primeira
temporada da F-1 pós-Senna, ano
em que a Jordan iniciava uma
pretensiosa -e depois fracassada- parceria com a Peugeot.
"Veio a pressão de todo o Brasil
e a pressão que eu coloquei em
mim mesmo. Um momento de
mudança, de tentar superar esses
problemas, de querer mudar. Mas
sofria muito com a impotência
dos carros", afirma o piloto.
Barrichello credita à sua transferência para a Stewart, em 1997, a
"virada" na sua carreira.
"Foi a fase da renovação. Fase
de querer mudar, de ter a certeza,
a convicção, de que com um carro
bom eu poderia crescer. Entrei
com um pé atrás, tentando trabalhar com a pressão, mas ela acabou não acontecendo", diz.
Hoje, além do staff ferrarista,
Barrichello reencontrará a pressão. Dessa vez, para conseguir
manter as médias ferraristas, superiores às que ele obteve ao longo de seus sete anos na categoria.
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