São Paulo, Sábado, 06 de Novembro de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

AUTOMOBILISMO
Piloto brasileiro chega hoje à sede da Ferrari, em Maranello, após sete anos longe do topo da F-1
Barrichello, enfim, encara seu futuro

FÁBIO SEIXAS
da Reportagem Local

Rubens Barrichello inicia hoje sua luta para ganhar espaço na Ferrari e tornar mais fácil sua vida na F-1 a partir do ano que vem.
Em Maranello, no norte da Itália, ele se apresenta à escuderia. Vai fazer o molde de seu banco, conversar com dirigentes, engenheiros, mecânicos. Como definiu, vai começar a se "enturmar".
Será o primeiro contato do piloto brasileiro com a equipe desde que sua contratação foi anunciada, no início de setembro.
Porém, mais do que uma visita informal, Barrichello estará tentando trabalhar por algo que Eddie Irvine não conseguiu em quatro anos pelo time: prestígio.
E, utopia quando se trata de Ferrari, por igualdade de condições com o alemão Michael Schumacher, estrela maior da escuderia.
"Vou lá para me enturmar, começar a conhecer o pessoal, iniciar todo aquele envolvimento com uma equipe nova", declarou.
A data do seu primeiro treino com um carro da Ferrari ainda não está definida. Provavelmente, será na primeira semana de dezembro, em Fiorano, pista particular da equipe na Itália.
"Espero que a Stewart me libere para o teste", diz o brasileiro, que mantém contrato com a equipe inglesa até 31 de dezembro.
A liberação não deve ser problema, já que a Jaguar (novo nome da Stewart) também precisará que a Ferrari ceda Irvine para o início de seus testes para 2000.
Compromissos comerciais com os patrocinadores da Stewart, no entanto, devem privar o brasileiro de vestir o macacão vermelho da Ferrari neste ano -a cena só deve ser vista na apresentação oficial da escuderia, programada para o próximo mês de janeiro.

Espera
A visita de hoje a Maranello encerra uma espera de sete anos.
Após amargar carros ruins e medianos temporada após temporada, Barrichello, enfim, terá em mãos um equipamento de ponta. Será seu quarto conjunto chassi-motor na categoria.
A pedido da Folha, ele comentou seus três primeiros períodos na F-1: com o Jordan-Hart, em 1993 e 1994, com o Jordan-Peugeot, em 1995 e 1996, e com o Stewart-Ford, de 1997 a 1999.
Segundo ele, os dois primeiros anos foram "inocentes".
"Foi um momento de muito aprendizado, de total inocência e falta de experiência. Curti muito aquele tempo, até a morte do Ayrton (Senna), que me afetou profundamente", afirma o piloto.
"Mas foi um momento característico pela falta de pressão. Estava bom do jeito que eu chegasse", define Barrichello.
Segundo ele, esse cenário de "relaxamento" alterou-se completamente em 1995, a primeira temporada da F-1 pós-Senna, ano em que a Jordan iniciava uma pretensiosa -e depois fracassada- parceria com a Peugeot.
"Veio a pressão de todo o Brasil e a pressão que eu coloquei em mim mesmo. Um momento de mudança, de tentar superar esses problemas, de querer mudar. Mas sofria muito com a impotência dos carros", afirma o piloto.
Barrichello credita à sua transferência para a Stewart, em 1997, a "virada" na sua carreira.
"Foi a fase da renovação. Fase de querer mudar, de ter a certeza, a convicção, de que com um carro bom eu poderia crescer. Entrei com um pé atrás, tentando trabalhar com a pressão, mas ela acabou não acontecendo", diz.
Hoje, além do staff ferrarista, Barrichello reencontrará a pressão. Dessa vez, para conseguir manter as médias ferraristas, superiores às que ele obteve ao longo de seus sete anos na categoria.


Texto Anterior: Antecipação de jogo favorece Atlético-PR
Próximo Texto: Piloto pode se tornar "recordista'
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.