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Especialista vê país instável por ferida de guerra
DA REPORTAGEM LOCAL
As feridas da guerra civil ainda estão abertas e vão tirar o sono de quem vencer o segundo
turno das eleições liberianas.
Essa é a opinião do cientista
político Princeton N. Lyman,
ex-embaixador dos EUA na Nigéria (1986-1989), na África do
Sul (1992-1995) e autor de livros sofre a construção de democracias no continente.
Professor da Universidade
Georgetown (Washington) e
formado em Harvard, Lyman
explicou à Folha que a instabilidade no país ainda é grande.
"O maior desafio de quem
vencer o pleito será unir a Libéria para governar. Uma eleição
democrática não é suficiente
para apagar todas as atrocidades cometidas durante os anos
de conflitos", afirmou.
Os combates no país começaram em 1989, quando Charles
Taylor e seus correligionários
iniciaram ataque deliberado ao
presidente Samuel Doe, que
comandava a nação desde o
início dos anos 80. Taylor chegou ao poder, mas vários movimentos rebeldes eclodiram.
"Houve uma longa guerra étnica. Cada grupo tinha uma
milícia que se digladiava com
facções rivais. Esse passado
deixou na memória uma cicatriz difícil de apagar. Fazer as
pessoas caminharem juntas
depois de um período tão crítico vai exigir muita habilidade."
A prova de que a situação
ainda inspira cuidados está no
forte esquema de segurança
que as Nações Unidas montaram para o segundo turno do
processo eleitoral. Mais de
3.000 soldados prometem salvaguardar os cidadãos que forem às urnas na terça.
Lyman considera ser impossível eleger um favorito no pleito -não existe pesquisa confiável de boca de urna. "A candidatura de George Weah tem
um apoio não-declarado de
Charles Taylor. Trata-se de um
presidente deposto, mas que
ainda tem uma base de apoio.
Já Ellen Johnson-Sirleaf teve
forte atuação contra o governo
anterior e é querida pelos setores mais tradicionais do país."
O resultado final deve ser divulgado só duas semanas após
a votação. O futuro presidente
assume o posto em 2006 e tem
mandato de seis anos.(GR)
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