São Paulo, domingo, 06 de novembro de 2005

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Especialista vê país instável por ferida de guerra

DA REPORTAGEM LOCAL

As feridas da guerra civil ainda estão abertas e vão tirar o sono de quem vencer o segundo turno das eleições liberianas.
Essa é a opinião do cientista político Princeton N. Lyman, ex-embaixador dos EUA na Nigéria (1986-1989), na África do Sul (1992-1995) e autor de livros sofre a construção de democracias no continente.
Professor da Universidade Georgetown (Washington) e formado em Harvard, Lyman explicou à Folha que a instabilidade no país ainda é grande.
"O maior desafio de quem vencer o pleito será unir a Libéria para governar. Uma eleição democrática não é suficiente para apagar todas as atrocidades cometidas durante os anos de conflitos", afirmou.
Os combates no país começaram em 1989, quando Charles Taylor e seus correligionários iniciaram ataque deliberado ao presidente Samuel Doe, que comandava a nação desde o início dos anos 80. Taylor chegou ao poder, mas vários movimentos rebeldes eclodiram.
"Houve uma longa guerra étnica. Cada grupo tinha uma milícia que se digladiava com facções rivais. Esse passado deixou na memória uma cicatriz difícil de apagar. Fazer as pessoas caminharem juntas depois de um período tão crítico vai exigir muita habilidade."
A prova de que a situação ainda inspira cuidados está no forte esquema de segurança que as Nações Unidas montaram para o segundo turno do processo eleitoral. Mais de 3.000 soldados prometem salvaguardar os cidadãos que forem às urnas na terça.
Lyman considera ser impossível eleger um favorito no pleito -não existe pesquisa confiável de boca de urna. "A candidatura de George Weah tem um apoio não-declarado de Charles Taylor. Trata-se de um presidente deposto, mas que ainda tem uma base de apoio. Já Ellen Johnson-Sirleaf teve forte atuação contra o governo anterior e é querida pelos setores mais tradicionais do país."
O resultado final deve ser divulgado só duas semanas após a votação. O futuro presidente assume o posto em 2006 e tem mandato de seis anos.(GR)

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