São Paulo, segunda-feira, 06 de novembro de 2006

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JUCA KFOURI

Resistir quem há de?


Como era de se prever, as últimas resistências vão cedendo aos poucos diante das evidências da fórmula


O MELHOR momento do começo do clássico San-São, para quem o viu pela TV e gosta da fórmula de pontos corridos, foi o diálogo entre o narrador Galvão Bueno e o comentarista Walter Casagrande Júnior.
Ao anunciar que a Ponte Preta acabara de empatar com o São Caetano, em Campinas, disse o narrador: "É decisão também na parte de baixo da tabela".
O comentarista acrescentou: "É, campeonato de pontos corridos não tem decisão só em cima."
Em seguida, ao informar que o Cruzeiro abrira o placar contra o Vasco, no Mineirão, Galvão arrematou: "Campeonato de pontos corridos não tem decisão só em cima e em baixo. Tem na zona da Libertadores também".
Nenhuma novidade, é claro, entre outras coisas porque Casagrande, que durante anos jogou no futebol da Europa, jamais escondeu que é adepto da fórmula.
Mas o registro, por escrito, do diálogo é importante, porque Galvão vinha sendo uma voz contra o regulamento. É dele, aliás, a frase que ficou célebre, por descabida: "Se a fórmula de pontos corridos fosse boa a Copa do Mundo seria disputada assim", sem explicar como seria possível um torneio com 32 times ser disputado desta maneira em um mês.
Claro que as frases do locutor não querem dizer, necessariamente, que ele tenha mudado de opinião, mas, de todo jeito, significam, no mínimo, um reconhecimento importante dentro da Globo.
Principalmente porque o Vasco, ainda de Eurico Miranda (dia 13 tem eleição!), e o desesperado Fluminense andam armando para que haja mudanças em 2008, com a volta dos mata-mata, algo que é visto com extrema simpatia pelo executivo Marcelo Campos Pinto, que comanda a Globo Esporte.
Dito tudo isso, até o gol de Mineiro o que se via na Vila não era um jogo de futebol, tão truncado e com tantos erros causados pela maneira mesquinha com que o Santos foi escalado, muito mais voltado para que não houvesse mesmo jogo.
Sabe o jogo de damas? Pois é, era o que parecia estar sendo jogado. Quem joga bem, procura impedir que o adversário se movimente, procura deixá-lo sem casa para caminhar, paralisa-o e vence, às vezes, sem comer uma peça sequer do oponente que fica impotente.
Assim aconteceu até o gol do volante tricolor. Tudo congestionado no gramado com gente demais em espaço de menos. Um horror!
O Santos com medo de perder e sem vontade de ganhar, para usar uma frase que seu técnico gosta de dizer. Já o São Paulo terminou o primeiro tempo mais perto de fazer o segundo gol do que de sofrer o do empate santista.
Menos mal que no segundo tempo, como era obrigatório, o Santos foi para o tudo ou nada e obrigou o São Paulo a se desdobrar.
Com menos de 20 segundos Reinaldo acertou o travessão de Rogério, que não havia feito uma defesa (e continuou a não fazer) no jogo inteiro e aos 12 min Zé Roberto empatou, mas Rodrigo Tiuí, que o lançou, estava impedido.
Para manter o Campeonato Brasileiro ainda bem aceso lá em cima, o Inter ganhou o Gre-Nal e receberá o Santos na próxima rodada.
Como se não bastasse, o São Paulo, no domingo que vem, depois de enfrentar o Botafogo no Morumbi, vai ao Serra Dourada jogar contra este Goiás que já luta para chegar à Libertadores da América, como Paraná Clube, Vasco, Cruzeiro, Figueirense e Botafogo.
Só mesmo o rebaixamento parece definido, porque o esforço da Ponte Preta para cair é alguma coisa de incompreensível.
Como se vê, Galvão e Casão estão cobertos de razão, rima e solução.
Pois sim, pois não.

blogdojuca@uol.com.br


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