São Paulo, quinta-feira, 06 de novembro de 2008

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JUCA KFOURI

É preto no branco


Os primeiros dias de novembro de 2008 marcam forte o novo século no mundo do esporte e da política

COMEÇOU COM Lewis Hamilton no domingo em Interlagos e acabou com Barack Obama no meio da semana nos EUA.
Nem o mundo da F-1 nem o da política serão iguais daqui para diante e para sempre.
Parece que as últimas barreiras foram quebradas pelas urnas nos EUA e no volante de um McLaren.
Esportes muito mais esportivos têm como seus reis atletas negros não é de hoje, realidade que o automobilismo passa a conhecer e até mesmo o elitista golfe vive no papel do insuperável Tiger Woods.
Sim, porque no futebol temos Pelé, no basquete Michael Jordan, Arthur Ashe no tênis e no atletismo nem é bom falar. E olha que estamos falando só de homens, porque entre as mulheres as coisas não são diferentes.
Nem por isso, no entanto, como se viu nas declarações do pai de Hamilton, a vida dos negros é um mar de rosas, vítimas constantes que são de manifestações racistas.
E é aí que a responsabilidade de todos nós aumenta na luta pela igualdade de tratamento, sem a bobagem do politicamente correto que quer impedir que se diga que a situação está preta, mas não liga quando alguém admite que teve um branco.
Porque é desnecessário dizer que, como no esporte, a história registra grandes vultos e enormes asneiras de todas as cores, gêneros, religiões e tamanhos.
Como se viu, aliás, na festa da Ferrari, quando Rubinho Barrichello e Felipe Massa lideraram uma baixaria colossal no coro para Michael Schumacher, mais antiesportivo e preconceituoso impossível.
E alguém dirá que eles são brancos e que se entendam, embora Barrichello não pareça ter mais jeito.
Mas Massa precisa tomar consciência de seu papel de figura pública e preservar sua imagem até para vir a ser garoto-propaganda eficaz, sem atritos com as grandes massas, como a dos corintianos, por exemplo.
E um mistério ainda precisa de uma boa explicação: por que não temos grandes campeões negros na natação? Meu pai dizia que, no Brasil ao menos, os negros eram barrados no exame médico mesmo nos clubes populares como o Corinthians e por isso não podiam freqüentar as piscinas.
Provavelmente uma realidade do tempo dele e que não imagino perdurar nem aqui nem muito menos em países majoritariamente negros, como os africanos.
Seja como for, fica a pergunta: por que não se vê uma Serena Williams nas piscinas?

Quando, no Canindé?
Em dia de perguntas, mais uma: não me lembro de um jogo entre Portuguesa e São Paulo, no Canindé, com a importância para ambos como o deste sábado.
Lembro que o Canindé já foi do São Paulo até meados dos anos 50 e que o Morumbi já abrigou até decisão de título estadual, como em 1975, vencido pelo tricolor.
Mas no Canindé, valendo ficar mais próximo do título nacional ou sobreviver na primeira divisão, só com a ajuda do raro leitor para refrescar a memória.
A coluna aposta serenamente no São Paulo, como aposta no Palmeiras diante do Grêmio, no domingo.

blogdojuca@uol.com.br


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