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BASQUETE
Colégio de Jundiaí, que havia suspendido atividades esportivas, ressurge agora no cenário estadual
Escola que revelou Paula volta a vencer
LUÍS CURRO
da Reportagem Local
Vinte anos depois de ter revelado a mais famosa jogadora brasileira de basquete que ainda está
em atividade e nove depois de seu
título mais relevante, o Colégio
Divino Salvador, de Jundiaí (60
km a noroeste de São Paulo), volta com força ao cenário estadual.
No mês passado, as equipes
masculina e feminina do colégio
ganharam o Campeonato Colegial de Basquete, primeira competição organizada pela CBB (Confederação Brasileira de Basquete)
com o objetivo de iniciar uma
massificação do esporte no país.
Em 1979, com a ala-armadora
Paula, então com 17 anos, no time
da cidade, Jundiaí conquistou os
Jogos Abertos do Interior, em
Araçatuba, contra Catanduva.
Desde 1976, Paula estudava e jogava no Divino, colégio que dominava a atividade esportiva colegial no basquete feminino na época -ganhou consecutivamente
dez títulos juvenis estaduais nos
anos 70.
Em 1980, Paula transferiu-se para a Unimep/Piracicaba, onde começou a obter destaque nacional,
ao conduzir a equipe a sete finais
de Campeonato Paulista, com
quatro títulos.
Na década de 80, o governo do
Estado mudou o regulamento de
seus campeonatos, só permitindo
a inscrição de escolas públicas, o
que afastou o Divino, um colégio
particular, das disputas.
"Passamos a participar somente
dos campeonatos da Associação
Regional de Basquete", afirmou
Lúcia Gumerato, 42, coordenadora de esportes do colégio e técnica
da atual equipe feminina.
No final da década de 80, o Divino deu sua maior -e, sem saber,
autodestruidora- cartada: partiu para o patrocínio de uma equipe adulta, a fim de disputar a primeira divisão do Paulista.
Em conjunto com a Cica e com
Paula de volta, sagrou-se vice-campeão estadual em 1988.
No ano seguinte, Paula foi para
a Espanha, e a Cica saiu. Com a
nova parceira (Perdigão), o Divino, tendo a ala Janeth Arcain e a
pivô Marta Sobral, obteve o mais
grandioso título nacional para
Jundiaí, o da Taça Brasil (equivalente ao Campeonato Brasileiro)
de 1989. No ano seguinte, a equipe
foi campeã sul-americana.
Só que a parceria teve desenrolar -e fim- maléfico.
Segundo Lúcia Gumerato, o Divino, desde o início dos anos 70,
só conseguiu crescer devido aos
incentivos do padre Olivo Binotto, um fanático pelo basquete.
"Com a Cica, ele era diretor do
time. Com a Perdigão, passou só a
dar o dinheiro. Houve problemas", conta Gumerato.
"Os padres desanimaram. Era
muita gente metendo o bico",
acrescentou Paula.
Para Nestor Mostério, que durante 25 anos foi coordenador de
esportes do Divino, as diferenças
foram além. "Houve o conflito do
patrocinador, que só quer resultado, com o colégio, que é uma instituição educativa e católica."
"A filosofia do importante é
vencer não bateu com a da educação por meio do esporte. E matou
o trabalho de revelação", completou Mostério, que hoje é treinador
de Paula no BCN/Osasco.
Em 1992, o padre Olivo transferiu-se para o Colégio Moema, em
São Paulo, e o Divino interrompeu suas atividades no basquete.
As práticas nas escolinhas só foram retomadas quatro anos depois, com o apoio do padre Divo
Binotto, irmão de Olivo.
Só que as escolinhas foram reduzidas, com apenas duas turmas, tanto no masculino quanto
no feminino: de 9 a 11 anos (pré-mirim) e de 12 a 14 (mirim).
Foi justamente com o mirim
que o Divino ganhou os dois Colegiais de Basquete, que tiveram
um total de 468 escolas (públicas e
privadas), 789 equipes e 15,8 mil
atletas, todos não-federados.
Na decisão masculina, que
aconteceu em São Paulo, o Divino
ganhou do Colégio Santo Américo (61 a 55). Na final feminina, em
Botucatu, superou com certa facilidade (58 a 43) o Sesi local.
Com as conquistas, a escola será
premiada, ainda neste mês, com
um automóvel Citroën 0 km, avaliado em cerca de R$ 20 mil.
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