São Paulo, Segunda-feira, 06 de Dezembro de 1999


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BASQUETE

Colégio de Jundiaí, que havia suspendido atividades esportivas, ressurge agora no cenário estadual

Escola que revelou Paula volta a vencer

LUÍS CURRO
da Reportagem Local

Vinte anos depois de ter revelado a mais famosa jogadora brasileira de basquete que ainda está em atividade e nove depois de seu título mais relevante, o Colégio Divino Salvador, de Jundiaí (60 km a noroeste de São Paulo), volta com força ao cenário estadual.
No mês passado, as equipes masculina e feminina do colégio ganharam o Campeonato Colegial de Basquete, primeira competição organizada pela CBB (Confederação Brasileira de Basquete) com o objetivo de iniciar uma massificação do esporte no país.
Em 1979, com a ala-armadora Paula, então com 17 anos, no time da cidade, Jundiaí conquistou os Jogos Abertos do Interior, em Araçatuba, contra Catanduva.
Desde 1976, Paula estudava e jogava no Divino, colégio que dominava a atividade esportiva colegial no basquete feminino na época -ganhou consecutivamente dez títulos juvenis estaduais nos anos 70.
Em 1980, Paula transferiu-se para a Unimep/Piracicaba, onde começou a obter destaque nacional, ao conduzir a equipe a sete finais de Campeonato Paulista, com quatro títulos.
Na década de 80, o governo do Estado mudou o regulamento de seus campeonatos, só permitindo a inscrição de escolas públicas, o que afastou o Divino, um colégio particular, das disputas.
"Passamos a participar somente dos campeonatos da Associação Regional de Basquete", afirmou Lúcia Gumerato, 42, coordenadora de esportes do colégio e técnica da atual equipe feminina.
No final da década de 80, o Divino deu sua maior -e, sem saber, autodestruidora- cartada: partiu para o patrocínio de uma equipe adulta, a fim de disputar a primeira divisão do Paulista.
Em conjunto com a Cica e com Paula de volta, sagrou-se vice-campeão estadual em 1988.
No ano seguinte, Paula foi para a Espanha, e a Cica saiu. Com a nova parceira (Perdigão), o Divino, tendo a ala Janeth Arcain e a pivô Marta Sobral, obteve o mais grandioso título nacional para Jundiaí, o da Taça Brasil (equivalente ao Campeonato Brasileiro) de 1989. No ano seguinte, a equipe foi campeã sul-americana.
Só que a parceria teve desenrolar -e fim- maléfico.
Segundo Lúcia Gumerato, o Divino, desde o início dos anos 70, só conseguiu crescer devido aos incentivos do padre Olivo Binotto, um fanático pelo basquete.
"Com a Cica, ele era diretor do time. Com a Perdigão, passou só a dar o dinheiro. Houve problemas", conta Gumerato.
"Os padres desanimaram. Era muita gente metendo o bico", acrescentou Paula.
Para Nestor Mostério, que durante 25 anos foi coordenador de esportes do Divino, as diferenças foram além. "Houve o conflito do patrocinador, que só quer resultado, com o colégio, que é uma instituição educativa e católica."
"A filosofia do importante é vencer não bateu com a da educação por meio do esporte. E matou o trabalho de revelação", completou Mostério, que hoje é treinador de Paula no BCN/Osasco.
Em 1992, o padre Olivo transferiu-se para o Colégio Moema, em São Paulo, e o Divino interrompeu suas atividades no basquete.
As práticas nas escolinhas só foram retomadas quatro anos depois, com o apoio do padre Divo Binotto, irmão de Olivo.
Só que as escolinhas foram reduzidas, com apenas duas turmas, tanto no masculino quanto no feminino: de 9 a 11 anos (pré-mirim) e de 12 a 14 (mirim).
Foi justamente com o mirim que o Divino ganhou os dois Colegiais de Basquete, que tiveram um total de 468 escolas (públicas e privadas), 789 equipes e 15,8 mil atletas, todos não-federados.
Na decisão masculina, que aconteceu em São Paulo, o Divino ganhou do Colégio Santo Américo (61 a 55). Na final feminina, em Botucatu, superou com certa facilidade (58 a 43) o Sesi local.
Com as conquistas, a escola será premiada, ainda neste mês, com um automóvel Citroën 0 km, avaliado em cerca de R$ 20 mil.


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