São Paulo, quarta-feira, 06 de dezembro de 2000

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FUTEBOL
Bom e barato x bom e caro

TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA

Hoje, teremos a primeira partida decisiva da Mercosul entre o bom e barato Palmeiras contra o bom e caro Vasco.
No próximo ano, o Palmeiras não será mais barato. Mesmo que perca os títulos da Mercosul e da Copa João Havelange, jogadores e técnico serão valorizados.
Na verdade, os jogadores do Palmeiras não eram fracos. Eram desconhecidos. Juninho não aprendeu a jogar bem neste ano. Nem os bons e experientes Sérgio, Gilmar, Galeano, Arce, Tuta, Fernando e Basílio eram ruins.
Individualmente, com exceção do Vasco, o Palmeiras é quase ou tão bom quanto os outros. Mesmo o Cruzeiro, melhor time da primeira fase, não tem um único jogador na seleção brasileira.
Após ser campeão pelo Cruzeiro na Copa do Brasil, o técnico Marco Aurélio brilha novamente no Palmeiras.
No primeiro jogo contra o São Caetano, o time paulista mudou a tática e sentiu a diferença.
A ausência dos volantes Fernando e Magrão e a entrada de mais um atacante pioraram a marcação.
Hoje, o time volta ao esquema anterior. É essencial para enfrentar o habilidoso, leve e criativo ataque vascaíno, mesmo sem o Juninho.
O Palmeiras utiliza a permissão da regra de se fazer muitas faltas com eficiência. São cometidas no meio-campo, raramente perto da área.
Alguns leitores disseram que os árbitros brasileiros apitam mais faltas que os europeus.
É verdade. No entanto, o fato não diminui a maior violência dos times brasileiros.
Tuta e Juninho (principalmente) farão falta.
Além da velocidade e habilidade, o meia do Vasco melhorou muito sua finalização e passe.
O outro Juninho, o Pernambucano, é uma referência para armadores do futebol brasileiro. Desarma, arma e finaliza bem.
Pedrinho jogará no lugar do Juninho. Há lugar para os dois. Oswaldo de Oliveira já tentou essa formação. Não agradou nem decepcionou.
Luxemburgo e o próprio Oswaldo de Oliveira vivenciaram o mesmo problema no Corinthians. O time paulista só ficou pronto e encantado quando o técnico colocou o meia Ricardinho no lugar do truculento volante Gilmar. Rincón foi atuar de volante.
Pela qualidade de seus jogadores, o Vasco tem mais chances. Na Mercosul, o Palmeiras eliminou o Cruzeiro e o Atlético-MG. Na Copa João Havelange, o São Paulo. Pode também ganhar do Vasco. Não será surpresa.
Serão dois belos jogos.

Na Copa João Havelange, Vasco e São Caetano saíram na frente do Paraná e do Palmeiras.
Não conhecia a equipe do São Caetano. Estou surpreso. Nas duas partidas contra o Fluminense e na primeira contra o Palmeiras, o time foi excelente.
A grande qualidade da equipe do ABC paulista é a coragem. Joga como um time grande. Arrisca. O técnico aproveita a habilidade e a velocidade de seus jogadores. O Paraná e o São Caetano não são zebras. Estão no mesmo nível das principais equipes da Série A. Eram apenas desconhecidas.
Cruzeiro e Grêmio já estão na semifinal. Depois de um início fascinante, Ronaldinho caiu de produção.
Tornou-se um jogador burocrata, disciplinado e comum. Certamente, reprimiram seu criativo e alegre futebol. Agora, parece que desabrochou. Amadureceu. Assumiu a responsabilidade de ser o craque do Grêmio.
Ronaldinho não é um supercraque nem um fenômeno, como parecia (ainda pode ser), mas é um excepcional jogador. Imprescindível à seleção brasileira.
Ou será que o Leão ainda vai deixá-lo fora?
Recentemente, assisti a um documentário sobre o futebol holandês. No final da década de 60, os jogadores eram amadores até o aparecimento do Cruyff, do espetacular time do Ajax, várias vezes campeão europeu e mundial, e do técnico Rinus Michels, criador do carrossel holandês, na Copa de 74, na Alemanha.
Na entrevista, Cruyff disse que no início de sua carreira, no Ajax, aos 17 anos, recebeu a seguinte orientação do técnico: ""Jogue com descontração, técnica e coragem. Mostre ao público suas qualidades".
Humildemente, Cruyff obedeceu o mestre.

Segundo informações não oficiais, Maradona venceu o concurso de melhor jogador do século, promovido pela Fifa via Internet.
Pelé foi o melhor, mais completo e perfeito. Maradona, mais habilidoso, artista e imprevisível.
Pelé simbolizou a técnica, razão e consciência. Dentro e fora de campo. Maradona, o mistério, a paixão e o drama do tango argentino. Ambos são inesquecíveis e eternos.
E-mail tostao.folha@uol.com.br

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