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FUTEBOL
Bom e barato x bom e caro
TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA
Hoje, teremos a primeira
partida decisiva da Mercosul entre o bom e barato Palmeiras contra o bom e caro Vasco.
No próximo ano, o Palmeiras
não será mais barato. Mesmo que
perca os títulos da Mercosul e da
Copa João Havelange, jogadores e
técnico serão valorizados.
Na verdade, os jogadores do
Palmeiras não eram fracos. Eram
desconhecidos. Juninho não
aprendeu a jogar bem neste ano.
Nem os bons e experientes Sérgio,
Gilmar, Galeano, Arce, Tuta, Fernando e Basílio eram ruins.
Individualmente, com exceção
do Vasco, o Palmeiras é quase ou
tão bom quanto os outros. Mesmo
o Cruzeiro, melhor time da primeira fase, não tem um único jogador na seleção brasileira.
Após ser campeão pelo Cruzeiro
na Copa do Brasil, o técnico Marco Aurélio brilha novamente no
Palmeiras.
No primeiro jogo contra o São
Caetano, o time paulista mudou
a tática e sentiu a diferença.
A ausência dos volantes Fernando e Magrão e a entrada de
mais um atacante pioraram a
marcação.
Hoje, o time volta ao esquema
anterior. É essencial para enfrentar o habilidoso, leve e criativo
ataque vascaíno, mesmo sem o
Juninho.
O Palmeiras utiliza a permissão
da regra de se fazer muitas faltas
com eficiência. São cometidas no
meio-campo, raramente perto da
área.
Alguns leitores disseram que os
árbitros brasileiros apitam mais
faltas que os europeus.
É verdade. No entanto, o fato
não diminui a maior violência
dos times brasileiros.
Tuta e Juninho (principalmente) farão falta.
Além da velocidade e habilidade, o meia do Vasco melhorou
muito sua finalização e passe.
O outro Juninho, o Pernambucano, é uma referência para armadores do futebol brasileiro. Desarma, arma e finaliza bem.
Pedrinho jogará no lugar do Juninho. Há lugar para os dois. Oswaldo de Oliveira já tentou essa
formação. Não agradou nem decepcionou.
Luxemburgo e o próprio Oswaldo de Oliveira vivenciaram o
mesmo problema no Corinthians.
O time paulista só ficou pronto e
encantado quando o técnico colocou o meia Ricardinho no lugar
do truculento volante Gilmar.
Rincón foi atuar de volante.
Pela qualidade de seus jogadores, o Vasco tem mais chances. Na
Mercosul, o Palmeiras eliminou o
Cruzeiro e o Atlético-MG. Na Copa João Havelange, o São Paulo.
Pode também ganhar do Vasco.
Não será surpresa.
Serão dois belos jogos.
Na Copa João Havelange, Vasco
e São Caetano saíram na frente
do Paraná e do Palmeiras.
Não conhecia a equipe do São
Caetano. Estou surpreso. Nas
duas partidas contra o Fluminense e na primeira contra o Palmeiras, o time foi excelente.
A grande qualidade da equipe
do ABC paulista é a coragem. Joga como um time grande. Arrisca.
O técnico aproveita a habilidade
e a velocidade de seus jogadores.
O Paraná e o São Caetano não
são zebras. Estão no mesmo nível
das principais equipes da Série A.
Eram apenas desconhecidas.
Cruzeiro e Grêmio já estão na
semifinal. Depois de um início
fascinante, Ronaldinho caiu de
produção.
Tornou-se um jogador burocrata, disciplinado e comum. Certamente, reprimiram seu criativo e
alegre futebol. Agora, parece que
desabrochou. Amadureceu. Assumiu a responsabilidade de ser o
craque do Grêmio.
Ronaldinho não é um supercraque nem um fenômeno, como parecia (ainda pode ser), mas é um
excepcional jogador. Imprescindível à seleção brasileira.
Ou será que o Leão ainda vai
deixá-lo fora?
Recentemente, assisti a um documentário sobre o futebol holandês. No final da década de 60, os
jogadores eram amadores até o
aparecimento do Cruyff, do espetacular time do Ajax, várias vezes
campeão europeu e mundial, e do
técnico Rinus Michels, criador do
carrossel holandês, na Copa de
74, na Alemanha.
Na entrevista, Cruyff disse que
no início de sua carreira, no Ajax,
aos 17 anos, recebeu a seguinte
orientação do técnico: ""Jogue com
descontração, técnica e coragem.
Mostre ao público suas qualidades".
Humildemente, Cruyff obedeceu o mestre.
Segundo informações não oficiais, Maradona venceu o concurso de melhor jogador do século,
promovido pela Fifa via Internet.
Pelé foi o melhor, mais completo e perfeito. Maradona, mais habilidoso, artista e imprevisível.
Pelé simbolizou a técnica, razão
e consciência. Dentro e fora de
campo. Maradona, o mistério, a
paixão e o drama do tango argentino. Ambos são inesquecíveis e
eternos.
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tostao.folha@uol.com.br
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