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FUTEBOL
Primeira edição por pontos corridos na história vai acabar com 11 treinadores que assumiram o cargo como interinos
Quebra-galho prospera no Brasileiro-03
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Eles assumiram só para esquentar o lugar. Mas, no campeonato
que era para ser o do planejamento, os técnicos quebra-galhos,
com apenas duas rodadas para o
final do Brasileiro-2003, dirigem
11 dos 24 clubes na disputa.
Na jornada de hoje, dos oito times que vão entrar em campo,
nada menos do que seis têm no
banco de reservas um treinador
que começou no cargo ou que
ainda continua como interino.
A onda teve início ainda no começo do campeonato, quando o
São Paulo trocou o badalado Oswaldo de Oliveira pelo chileno
Roberto Rojas, que garantiu para
o clube a volta à Libertadores. O
último clube a aderir ao técnico
provisório foi o Vitória, que vai
disputar as três últimas rodadas
com Nelsinho Góes no banco.
No mais longo Brasileiro de todos os tempos, os tapa-buracos
proliferaram a baixo custo.
Juninho assumiu o Corinthians
com o salário do tempo em que
trabalhava nos juniores -R$
6.000. Júnior, seu antecessor, assinou contrato para receber R$ 70
mil mensais, mas desistiu do cargo depois de duas derrotas.
Lori Sandri foi demitido do Vitória e substituído por Góes também por motivos financeiros.
Após uma derrota para o São
Paulo, o principal dirigente da
equipe baiana, Paulo Carneiro,
demitiu Sandri alegando que a
medida tinha como objetivo, entre outras coisas, aliviar o combalido cofre do clube.
Opções baratas, os interinos se
mostram um sucesso. Dos 11 times hoje comandados por gente
com esse perfil, nove colheram resultados melhores na competição
com os quebra-galhos do que
com antigos comandantes.
Isso mesmo sem poder trabalhar com jogadores indicados por
eles e a escolha de local e períodos
da pré-temporada, prerrogativas
de profissionais contratados de
forma efetiva.
Exemplo do sucesso interino
aconteceu no Flamengo. Com
Waldemar de Oliveira, o time tem
um aproveitamento de pontos
(58%) que seria suficiente para
colocar o time na próxima Taça
Libertadores da América.
Antes, quando teve Nelsinho
Baptista e Oswaldo de Oliveira, irmão de Waldemar, o clube carioca tinha performance que o colocava bem longe da luta por uma
vaga no torneio sul-americano.
Os bons resultados, no entanto,
não garantem emprego em 2004
para a legião de interinos.
Praticamente todos os clubes
que contam com treinadores desse tipo falam abertamente em
contratar nomes de peso para a
próxima temporada.
Mesmo com a classificação para
a Libertadores, Rojas deve mesmo ser dispensado no São Paulo.
No Atlético-MG, que terá eleições
em breve, Procópio Cardoso também terá o mesmo destino.
Desempregados
Enquanto os interinos prosperam, medalhões da prancheta seguem desempregados.
Dos cinco treinadores campeões brasileiros entre 1997 e
2002, só Emerson Leão, no Santos, trabalha atualmente.
Os outros quatro -Antônio
Lopes, Oswaldo de Oliveira, Joel
Santana e Geninho- perderam o
trabalho durante o atual Nacional
e ainda não voltaram à ativa.
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