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São Paulo, sábado, 06 de dezembro de 2003

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FUTEBOL

Primeira edição por pontos corridos na história vai acabar com 11 treinadores que assumiram o cargo como interinos

Quebra-galho prospera no Brasileiro-03

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Eles assumiram só para esquentar o lugar. Mas, no campeonato que era para ser o do planejamento, os técnicos quebra-galhos, com apenas duas rodadas para o final do Brasileiro-2003, dirigem 11 dos 24 clubes na disputa.
Na jornada de hoje, dos oito times que vão entrar em campo, nada menos do que seis têm no banco de reservas um treinador que começou no cargo ou que ainda continua como interino.
A onda teve início ainda no começo do campeonato, quando o São Paulo trocou o badalado Oswaldo de Oliveira pelo chileno Roberto Rojas, que garantiu para o clube a volta à Libertadores. O último clube a aderir ao técnico provisório foi o Vitória, que vai disputar as três últimas rodadas com Nelsinho Góes no banco.
No mais longo Brasileiro de todos os tempos, os tapa-buracos proliferaram a baixo custo.
Juninho assumiu o Corinthians com o salário do tempo em que trabalhava nos juniores -R$ 6.000. Júnior, seu antecessor, assinou contrato para receber R$ 70 mil mensais, mas desistiu do cargo depois de duas derrotas.
Lori Sandri foi demitido do Vitória e substituído por Góes também por motivos financeiros.
Após uma derrota para o São Paulo, o principal dirigente da equipe baiana, Paulo Carneiro, demitiu Sandri alegando que a medida tinha como objetivo, entre outras coisas, aliviar o combalido cofre do clube.
Opções baratas, os interinos se mostram um sucesso. Dos 11 times hoje comandados por gente com esse perfil, nove colheram resultados melhores na competição com os quebra-galhos do que com antigos comandantes.
Isso mesmo sem poder trabalhar com jogadores indicados por eles e a escolha de local e períodos da pré-temporada, prerrogativas de profissionais contratados de forma efetiva.
Exemplo do sucesso interino aconteceu no Flamengo. Com Waldemar de Oliveira, o time tem um aproveitamento de pontos (58%) que seria suficiente para colocar o time na próxima Taça Libertadores da América.
Antes, quando teve Nelsinho Baptista e Oswaldo de Oliveira, irmão de Waldemar, o clube carioca tinha performance que o colocava bem longe da luta por uma vaga no torneio sul-americano.
Os bons resultados, no entanto, não garantem emprego em 2004 para a legião de interinos.
Praticamente todos os clubes que contam com treinadores desse tipo falam abertamente em contratar nomes de peso para a próxima temporada.
Mesmo com a classificação para a Libertadores, Rojas deve mesmo ser dispensado no São Paulo. No Atlético-MG, que terá eleições em breve, Procópio Cardoso também terá o mesmo destino.

Desempregados
Enquanto os interinos prosperam, medalhões da prancheta seguem desempregados.
Dos cinco treinadores campeões brasileiros entre 1997 e 2002, só Emerson Leão, no Santos, trabalha atualmente.
Os outros quatro -Antônio Lopes, Oswaldo de Oliveira, Joel Santana e Geninho- perderam o trabalho durante o atual Nacional e ainda não voltaram à ativa.


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