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FUTEBOL
Sócios buscam receitas alternativas e maior participação da torcida
Com parceiros tupiniquins,
Flu aposta em criatividade
JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
DO PAINEL FC
Se clubes como Corinthians e
Cruzeiro, com o HMTF, e Grêmio
e Flamengo, com a ISL, negociaram com empresas estrangeiras, o
Fluminense, não.
Mais realista, como gosta de
afirmar David Fischel, seu presidente, o time das Laranjeiras fechou parceria com uma empresa
""tupiniquim". Uma não, duas.
A Newsports e a Companhia
Brasileira de Entretenimento assumiram o controle do futebol do
Fluminense, criando a Flulic.
Mais do que nas empresas é em
seus proprietários -e no carisma
deles- que o presidente do Fluminense aposta suas fichas.
De um lado, sócios da Newsports, estão o publicitário Roberto Justus e o empresário Luiz Lobão, ex-executivo da Coca-Cola.
De outro, pela Companhia Brasileira, Ricardo Amaral, empresário da noite e dono do recém-inaugurado Studio 54, casa noturna no Rio de Janeiro.
Enquanto Corinthians e Flamengo, por exemplo, esperam receber mais de US$ 80 milhões cada pelos contratos assinados com
HMTF, no caso do primeiro, e
ISL, no do segundo, a realidade do
Flu é mais modesta.
Os valores injetados na Flulic
não passam de US$ 10 milhões.
Diferentemente do fundo norte-americano e da gigante de marketing esportivo, as parceiras corintiana e flamenguista, Justus,
Lobão e Amaral não se comprometeram a construir um estádio
para o Fluminense.
Mas dizem ter vantagem em relação aos norte-americanos
-HMTF- e suíços -ISL.
Conhecem a realidade do futebol brasileiro melhor do que os
estrangeiros. E também estariam
mais habituados ao vai-e-vem da
economia do país.
""O futebol passa por um momento difícil, envolto em CPIs, teve um campeonato-tampão, como é o caso da João Havelange,
jogos quase todos os dias, estádios
vazios. Mas decidimos apostar,
porque é na baixa que se deve investir", disse Justus à Folha.
""O show business acordou para
o esporte. O mercado de entretenimento, mesmo no Brasil, é um
dos setores que mais crescem. E,
quando se fala em entretenimento, fala-se em futebol. Principalmente no Brasil e na Europa."
Torcedor do São Paulo, o publicitário, que se tornou famoso
após o casamento com Adriane
Galisteu e o noivado com a também apresentadora Eliana, diz
que ele próprio atualmente não
vai mais aos estádios.
""Eu ia muito nos anos 70 e 80.
Depois passei a assistir aos jogos
pela televisão."
Mesmo assim, apesar da concorrência das emissoras de TV,
Justus diz acreditar que um eficiente trabalho de marketing possa trazer o torcedor de volta.
""O principal é proporcionar segurança e conforto ao torcedor.
Um estádio moderno e inteligente, como o Corinthians pensa em
construir, não exclui o povão. Pelo contrário, atrai", afirmou o publicitário, citando como exemplo
o Sambódromo em São Paulo.
""Participamos do carnaval paulista, foi tudo muito bem organizado, o público compareceu e não
houve confusão alguma. E olhe
que o álcool era permitido. No futebol também pode ser assim."
Para Justus, a principal vantagem que ele, Lobão e Amaral possuem é a criatividade.
""É isso que podemos passar para o Fluminense. Vamos criar
fontes de receita alternativas, que
não se limitem à venda de direitos
de TV e ganhos com bilheteria."
Para tal, a primeira medida será
incentivar a maior participação
da torcida do Flu.
""A marca é fortíssima. Quando
o time estava na terceira divisão, a
torcida comparecia, lutava para
empurrá-lo de volta à primeira. O
que precisamos é da torcida. É ela
quem, mesmo que indiretamente,
sustenta o clube. Por isso ela deve
participar democraticamente de
várias das decisões importantes
do dia-a-dia do Flu."
E um exemplo dessa nova filosofia já ocorreu.
Foi o torcedor que, pelo voto no
site oficial do clube, escolheu a
terceira camisa do Fluminense,
que será utilizada para a disputa
do Torneio Rio-São Paulo, no
qual o time estréia no próximo dia
18 contra o Palmeiras.
Ganhou a laranja, por causa das
Laranjeiras, onde está localizada a
sede do clube.
E ganharam os donos da Flulic,
que terão uma nova fonte de renda, com a terceira camisa prontinha para ser explorada.
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