São Paulo, domingo, 07 de janeiro de 2001

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FUTEBOL
Sócios buscam receitas alternativas e maior participação da torcida
Com parceiros tupiniquins, Flu aposta em criatividade

JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
DO PAINEL FC

Se clubes como Corinthians e Cruzeiro, com o HMTF, e Grêmio e Flamengo, com a ISL, negociaram com empresas estrangeiras, o Fluminense, não.
Mais realista, como gosta de afirmar David Fischel, seu presidente, o time das Laranjeiras fechou parceria com uma empresa ""tupiniquim". Uma não, duas.
A Newsports e a Companhia Brasileira de Entretenimento assumiram o controle do futebol do Fluminense, criando a Flulic.
Mais do que nas empresas é em seus proprietários -e no carisma deles- que o presidente do Fluminense aposta suas fichas.
De um lado, sócios da Newsports, estão o publicitário Roberto Justus e o empresário Luiz Lobão, ex-executivo da Coca-Cola.
De outro, pela Companhia Brasileira, Ricardo Amaral, empresário da noite e dono do recém-inaugurado Studio 54, casa noturna no Rio de Janeiro.
Enquanto Corinthians e Flamengo, por exemplo, esperam receber mais de US$ 80 milhões cada pelos contratos assinados com HMTF, no caso do primeiro, e ISL, no do segundo, a realidade do Flu é mais modesta.
Os valores injetados na Flulic não passam de US$ 10 milhões.
Diferentemente do fundo norte-americano e da gigante de marketing esportivo, as parceiras corintiana e flamenguista, Justus, Lobão e Amaral não se comprometeram a construir um estádio para o Fluminense.
Mas dizem ter vantagem em relação aos norte-americanos -HMTF- e suíços -ISL.
Conhecem a realidade do futebol brasileiro melhor do que os estrangeiros. E também estariam mais habituados ao vai-e-vem da economia do país.
""O futebol passa por um momento difícil, envolto em CPIs, teve um campeonato-tampão, como é o caso da João Havelange, jogos quase todos os dias, estádios vazios. Mas decidimos apostar, porque é na baixa que se deve investir", disse Justus à Folha.
""O show business acordou para o esporte. O mercado de entretenimento, mesmo no Brasil, é um dos setores que mais crescem. E, quando se fala em entretenimento, fala-se em futebol. Principalmente no Brasil e na Europa."
Torcedor do São Paulo, o publicitário, que se tornou famoso após o casamento com Adriane Galisteu e o noivado com a também apresentadora Eliana, diz que ele próprio atualmente não vai mais aos estádios.
""Eu ia muito nos anos 70 e 80. Depois passei a assistir aos jogos pela televisão."
Mesmo assim, apesar da concorrência das emissoras de TV, Justus diz acreditar que um eficiente trabalho de marketing possa trazer o torcedor de volta.
""O principal é proporcionar segurança e conforto ao torcedor. Um estádio moderno e inteligente, como o Corinthians pensa em construir, não exclui o povão. Pelo contrário, atrai", afirmou o publicitário, citando como exemplo o Sambódromo em São Paulo.
""Participamos do carnaval paulista, foi tudo muito bem organizado, o público compareceu e não houve confusão alguma. E olhe que o álcool era permitido. No futebol também pode ser assim."
Para Justus, a principal vantagem que ele, Lobão e Amaral possuem é a criatividade.
""É isso que podemos passar para o Fluminense. Vamos criar fontes de receita alternativas, que não se limitem à venda de direitos de TV e ganhos com bilheteria."
Para tal, a primeira medida será incentivar a maior participação da torcida do Flu.
""A marca é fortíssima. Quando o time estava na terceira divisão, a torcida comparecia, lutava para empurrá-lo de volta à primeira. O que precisamos é da torcida. É ela quem, mesmo que indiretamente, sustenta o clube. Por isso ela deve participar democraticamente de várias das decisões importantes do dia-a-dia do Flu."
E um exemplo dessa nova filosofia já ocorreu.
Foi o torcedor que, pelo voto no site oficial do clube, escolheu a terceira camisa do Fluminense, que será utilizada para a disputa do Torneio Rio-São Paulo, no qual o time estréia no próximo dia 18 contra o Palmeiras.
Ganhou a laranja, por causa das Laranjeiras, onde está localizada a sede do clube.
E ganharam os donos da Flulic, que terão uma nova fonte de renda, com a terceira camisa prontinha para ser explorada.


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