São Paulo, terça-feira, 07 de janeiro de 2003

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FUTEBOL

Novo produto, testado pelo irmão de Kaká, inova por trazer cavidades

"Furada", bola do Paulista busca inspiração no golfe

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

A bola que será usada no Campeonato Paulista deste ano está cheia de furos. Nada que impeça a disputa em campo. Os furos, na verdade, são a grande inovação da bola, desenvolvida pela Penalty com o apoio de Turíbio Leite de Barros Neto, 51, fisiologista do São Paulo e coordenador do Centro de Medicina da Atividade Física e do Esporte da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
Inspirada na bola de golfe, que possui várias pequenas cavidades, a bola do Paulista ganhou selo de aprovação da Fifa. Até agora, porém, o único atleta que pode julgar a qualidade do produto é Rodrigo (Digão), 17, irmão de Kaká que está nas categorias de base do São Paulo. Ele participou dos testes de campo com a nova bola.
"Queríamos fazer uma inovação grande. Normalmente, todas as bolas trazem mudanças internas. Fora da bola, não se vê nada novo. O Farah [Eduardo José, presidente da Federação Paulista de Futebol] queria uma coisa inovadora. Ele foi um dos incentivadores e adorou a bola", disse Roberto Estefano, 54, diretor-presidente da Cambuci, que é dona da marca Penalty e parceira da FPF. Os furos na bola são tecnicamente chamados de "dimples". Esses deixam a bola com menor resistência ao ar. Batizada de "Precision" por supostamente garantir uma trajetória perfeita, foi gerada após quase nove meses de testes.
"Participei dos testes. Em todos a bola com as depressões apresentou resultados melhores do que os com a bola lisa. Foi concebido um programa de computador para os testes. Digitalizamos a trajetória da bola, que era lançada por uma máquina japonesa. Ela era filmada em três ângulos. Assim, foi provado que essa bola é mais precisa que o modelo convencional", disse Turíbio.
O fisiologista são-paulino, em uma segunda bateria de testes, levou Digão e um jovem goleiro para experimentar a bola. "Precisávamos testar também com um atleta chutando a bola. Acho que vai ser um salto de qualidade. É tão raro ter mudança no futebol. Pegar a idéia da bola de golfe, um esporte de precisão, e levá-la ao futebol, tão cheio de variáveis, foi uma boa", disse Turíbio.
A nova bola não será exclusividade do Paulista. Os Estaduais do Rio de Janeiro, do Paraná e do Rio Grande do Sul também terão a novidade -tais Estados conhecerão a bola na semana que vem.
Segundo Sergio Perrella, 25, gerente de produtos da Penalty, a nova bola da empresa tem cerca de mil pequenos furos. "Não contamos ainda, mas ela tem uns mil furos. O número de furos nas bolas de golfe varia de 200 a 300."
A bola lisa de 12 gomos da Penalty recebeu críticas de alguns jogadores, especialmente goleiros, como o palmeirense Marcos, por "flutuar" em alguns chutes.
A nova bola, segundo a empresa, também passou por teste de "flutuação" e não deverá desapontar os atletas, que ainda não tiveram contato com o produto.
Digão diz que ela é mais rápida. "É mais leve, mais precisa e pega mais velocidade. Testei várias bolas e, para mim, ela é melhor. Foi um privilégio testar a bola que os profissionais usarão. Acho que muito atleta queria fazer isso", disse o zagueiro, cujo irmão famoso ainda não viu a cor da bola.


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