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FUTEBOL
Parreira não vai gostar
TOSTÃO
COLUNISTA DA FOLHA
Os técnicos das categorias
de base dos clubes e das seleções geralmente repetem os conceitos e os esquemas táticos dos
treinadores das equipes principais. Isso facilita a adaptação dos
jovens ao time de cima e agrada
aos técnicos hierarquicamente
superiores. São esses que indicam
e/ou aprovam os colegas que vão
dirigir os times de base.
Por isso, se esperava que o Ricardo Gomes mantivesse o esquema tático da seleção principal. O
aluno seguiria o mestre. Mas Ricardo Gomes surpreendeu, mostrou que tem as suas convicções e
escalou a seleção do seu jeito, diferentemente do time dirigido pelo Parreira. Ele trocou um volante
(Dudu Cearense ou Wendell) por
mais um meia-atacante (Daniel
Carvalho). Ricardo Gomes fez o
que muitos pedem para o Parreira fazer.
Se os jogadores do Santos atuarem como no seu clube, o time
pré-olímpico terá um esquema revolucionário, com apenas um volante (Paulo Almeida), Elano, defendendo e atacando pela direita,
e Diego, na ligação com três atacantes (Robinho, Dagoberto e Daniel Carvalho). Seria como se Parreira, Leão e Luxemburgo trocassem os volantes Zé Roberto, Renato e Wendell por atacantes.
Na prática, serão quatro atacantes, já que o Diego atua do
meio para a frente e não participa
da marcação no meio-campo. Será quase o antigo 4-2-4. Parreira e
Zagallo não vão gostar. Se der
certo, os torcedores e a imprensa
vão pedir a mesma formação para a seleção principal.
Há 34 anos, Zagallo assumiu o
comando da seleção de 70 e trocou um ponta avançado (Edu)
por um armador (Rivellino). Na
época, o técnico disse que no 4-2-4
o Brasil não teria chances de ganhar a Copa. Será?
Quando o time perder a bola,
Ricardo Gomes quer que os meias
e atacantes recuem para marcar.
Isso raramente funciona. As funções precisam ser definidas, o que
não significa que os jogadores
precisam ter posição fixa. A alternância de funções confunde o adversário.
Se eu fosse o técnico, repetiria o
desenho tático da Copa Ouro, que
deu certo. O time jogaria com dois
volantes (Elano atuaria no Pré-Olímpico de volante, e não de
meia-direita) Robinho mais recuado pela esquerda (defendendo
e atacando) e o Diego próximo
dos dois atacantes (Dagoberto e
Daniel Carvalho). Essa formação
já seria um avanço.
A diferença desse esquema com
o da seleção principal seria o Robinho como um terceiro jogador
de meio-de-campo, numa função
parecida com a de Zé Roberto. E
aí que quero vê-lo no time pré-olímpico e, se jogar bem, na seleção principal.
Por causa de sua leveza, Robinho tem mais condições do que
Alex, Kaká e Diego para joga nessa posição. Ele pode se tornar tão
bom quanto Paulo César Caju, o
jogador que fez essa função com
mais brilhantismo no futebol brasileiro.
Com dois ou três atacantes, o time pré-olímpico não terá um centroavante fixo. Dagoberto, Daniel
Carvalho e Robinho recuam para
receber a bola. No início da Copa
Ouro, o técnico fez o mesmo, ao
escalar Diego, Robinho, Kaká e
Ewerthon e não deu certo. O time
melhorou com a entrada do centroavante Nilmar no lugar do
Ewerthon. Marcel e Nilmar, que
jogou mal o Mundial sub-20, estão na reserva.
Não será surpresa se Ricardo
Gomes mudar de idéia na última
hora, influenciado ou não pelo
Parreira e Zagallo, e repetir o
esquema da seleção principal
com a entrada do volante Wendell no lugar do atacante Daniel
Carvalho.
Com qualquer esquema tático,
desde que o técnico não coloque o
Edu Dracena de atacante e o Robinho de zagueiro, a seleção tem
ótimas chances de se classificar e,
depois, reforçada de três craques
da seleção principal (Dida, Roberto Carlos e Ronaldo), ganhar a
medalha de ouro olímpica.
Cruzeiro mais forte
A contratação do Rivaldo foi
boa para o jogador, para a seleção e para o Cruzeiro. Rivaldo vai
atuar num excelente time, terá
chances de recuperar a forma, será acompanhado de perto pelo
Parreira e o Cruzeiro vai ficar
ainda mais forte.
Rivaldo deverá atuar de segundo atacante, como na seleção. Poderá também jogar mais recuado,
de armador pela esquerda, na posição do Wendell. No Palmeiras,
quando o time era dirigido pelo
Luxemburgo, Rivaldo atuou nesta função. Djalminha era o meia
de ligação, como Alex.
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tostao.folha@uol.com.br
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