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BASQUETE
Encontro secreto entre direção da liga e sindicato põe fim à greve de patrões; partidas começam em fevereiro
NBA fecha acordo e prepara campeonato
da Reportagem Local
Um encontro secreto definiu que
haverá a temporada 98/99 da NBA
(National Basketball Association),
a liga profissional norte-americana de basquete.
À 0h30 de ontem (horário brasileiro), David Stern, dirigente máximo da NBA, e Billy Hunter, diretor do sindicato dos atletas, se reuniram em Nova York. Nove horas
depois, puseram fim ao locaute
(greve de patrões) após 191 dias. A
decisão será ratificada hoje.
Com o acordo, pela primeira vez
uma liga tabelou o teto salarial individual de seus jogadores. Isso será feito de acordo com o tempo de
experiência de cada um na liga.
Ficou assim a fixação de tetos para os atletas em cada temporada:
US$ 14 milhões para quem joga há
pelo menos dez anos na NBA; US$
11 milhões para os que estão na liga
entre seis e nove anos; US$ 9 milhões para entre um e seis anos.
Isso vale para todos que decidam
mudar de time. Uma cláusula, porém, permite algumas exceções, na
qual está incluído o superastro Michael Jordan (leia texto lado).
Mesmo com o limite no contrato
trabalhista, as equipes podem continuar oferecendo bônus que ampliarão os ganhos individuais
-seu cestinha, por exemplo, pode
ganhar um prêmio em dinheiro.
Decretada em 1º de julho do ano
passado por causa de desentendimentos salariais, a greve de patrões causou até ontem a perda de
mais de 400 jogos da temporada,
que deveria ter começado no último dia 3 de novembro.
O ponto-chave no embate entre
o sindicato e a liga era a percentagem dos rendimentos anuais da
NBA (em torno de US$ 2 bilhões)
destinada aos jogadores.
Pelo acordo trabalhista anterior,
os donos das equipes tinham direito de rediscutir o contrato caso ela
ultrapassasse 52%. Na temporada
97/98, o índice foi de 57%.
No novo entendimento, válido
por seis anos, com um sétimo opcional, ficou decidido que:
1) Nos primeiros três anos, a percentagem dos rendimentos para os
atletas será livre;
2) Entre o quarto e sétimo anos,
os jogadores poderão receber um
máximo de 55% dos rendimentos;
3) Se o contrato for mantido pelo
sétimo ano (os donos decidem), os
atletas podem ganhar até 57%.
Também há outras cláusulas, e as
principais são:
1) Os ganhos dos novatos passam
a ser definidos de acordo com a
posição no "draft" (vestibular)
anual: conforme uma escala, os escolhidos antes têm direito a reajustes salariais maiores a cada ano;
2) O aumento máximo salarial
por ano para os atletas será: de 12%
para os que tiverem passe livre e
renovarem com a mesma equipe;
de 10% para todos os outros.
O acordo surpreendeu a maioria
dos atletas, que ontem dariam seus
votos sobre a última proposta dos
donos -considerada "inaceitável" pela direção do sindicato.
Com a indefinição entre as partes, David Stern planejava hoje,
após consulta a representantes das
equipes, cancelar a temporada.
Após o acerto, a NBA dará início
aos jogos, após um mês de correria
para montagem dos times (que estão com os jogadores sem contrato), em 2 de fevereiro. Cada time
jogará 52 vezes na primeira fase
(normalmente são 82).
A pergunta é se os fãs irão ou não
prestigiar uma temporada ceifada.
Durante o locaute, enquetes de jornais e TVs norte-americanos
apontaram que, quanto mais o impasse perdurava, maior se tornava
o desinteresse em torno da NBA.
Há dúvidas e divisão de opiniões
entre os atletas. "Será difícil reconquistar os fãs. Temos que pensar
em um jeito", afirmou Dana Barros, armador do Boston Celtics.
O ala Charles Barkley, do Houston Rockets, disse não se incomodar. "Vou fazer meu trabalho. Não
me importo se alguém irá me ver."
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