São Paulo, quinta, 7 de janeiro de 1999

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BASQUETE
Encontro secreto entre direção da liga e sindicato põe fim à greve de patrões; partidas começam em fevereiro
NBA fecha acordo e prepara campeonato

da Reportagem Local

Um encontro secreto definiu que haverá a temporada 98/99 da NBA (National Basketball Association), a liga profissional norte-americana de basquete.
À 0h30 de ontem (horário brasileiro), David Stern, dirigente máximo da NBA, e Billy Hunter, diretor do sindicato dos atletas, se reuniram em Nova York. Nove horas depois, puseram fim ao locaute (greve de patrões) após 191 dias. A decisão será ratificada hoje.
Com o acordo, pela primeira vez uma liga tabelou o teto salarial individual de seus jogadores. Isso será feito de acordo com o tempo de experiência de cada um na liga.
Ficou assim a fixação de tetos para os atletas em cada temporada: US$ 14 milhões para quem joga há pelo menos dez anos na NBA; US$ 11 milhões para os que estão na liga entre seis e nove anos; US$ 9 milhões para entre um e seis anos.
Isso vale para todos que decidam mudar de time. Uma cláusula, porém, permite algumas exceções, na qual está incluído o superastro Michael Jordan (leia texto lado).
Mesmo com o limite no contrato trabalhista, as equipes podem continuar oferecendo bônus que ampliarão os ganhos individuais -seu cestinha, por exemplo, pode ganhar um prêmio em dinheiro.
Decretada em 1º de julho do ano passado por causa de desentendimentos salariais, a greve de patrões causou até ontem a perda de mais de 400 jogos da temporada, que deveria ter começado no último dia 3 de novembro.
O ponto-chave no embate entre o sindicato e a liga era a percentagem dos rendimentos anuais da NBA (em torno de US$ 2 bilhões) destinada aos jogadores.
Pelo acordo trabalhista anterior, os donos das equipes tinham direito de rediscutir o contrato caso ela ultrapassasse 52%. Na temporada 97/98, o índice foi de 57%.
No novo entendimento, válido por seis anos, com um sétimo opcional, ficou decidido que:
1) Nos primeiros três anos, a percentagem dos rendimentos para os atletas será livre;
2) Entre o quarto e sétimo anos, os jogadores poderão receber um máximo de 55% dos rendimentos;
3) Se o contrato for mantido pelo sétimo ano (os donos decidem), os atletas podem ganhar até 57%.
Também há outras cláusulas, e as principais são:
1) Os ganhos dos novatos passam a ser definidos de acordo com a posição no "draft" (vestibular) anual: conforme uma escala, os escolhidos antes têm direito a reajustes salariais maiores a cada ano;
2) O aumento máximo salarial por ano para os atletas será: de 12% para os que tiverem passe livre e renovarem com a mesma equipe; de 10% para todos os outros.
O acordo surpreendeu a maioria dos atletas, que ontem dariam seus votos sobre a última proposta dos donos -considerada "inaceitável" pela direção do sindicato.
Com a indefinição entre as partes, David Stern planejava hoje, após consulta a representantes das equipes, cancelar a temporada.
Após o acerto, a NBA dará início aos jogos, após um mês de correria para montagem dos times (que estão com os jogadores sem contrato), em 2 de fevereiro. Cada time jogará 52 vezes na primeira fase (normalmente são 82).
A pergunta é se os fãs irão ou não prestigiar uma temporada ceifada. Durante o locaute, enquetes de jornais e TVs norte-americanos apontaram que, quanto mais o impasse perdurava, maior se tornava o desinteresse em torno da NBA.
Há dúvidas e divisão de opiniões entre os atletas. "Será difícil reconquistar os fãs. Temos que pensar em um jeito", afirmou Dana Barros, armador do Boston Celtics.
O ala Charles Barkley, do Houston Rockets, disse não se incomodar. "Vou fazer meu trabalho. Não me importo se alguém irá me ver."



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