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JUCA KFOURI
Maracanã, adeus?
O projeto de privatização da
administração do Maracanã
pelos próximos 30 anos está
perdendo a batalha na mídia.
Tudo por causa de um erro
crasso que é fruto de um acerto discutível: a diminuição do
campo de futebol para dar espaço a uma pista de atletismo
que substituiria a do estádio
Célio de Barros, que seria demolido para a construção de
um estacionamento -fundamental para o shopping ser
construído no Maracanã.
Que o Maracanã precisa ser
modernizado e que não é tarefa do Estado fazê-lo parece
óbvio. Que para transformá-lo num centro rentável é
necessário não limitá-lo aos
eventos esportivos é coisa que
salta aos olhos.
Construir shopping não deve
agredir ninguém além dos que
são contra porque são.
A demolição do Célio de
Barros, equipamento obsoleto
e fora dos planos do Rio 2004,
naturalmente ofende a comunidade do atletismo, mas só
porque não foi apresentada
alternativa melhor.
Aliás, a alternativa não poderia ter sido pior, indignando o mundo do futebol que
não pode mesmo aceitar a diminuição do gramado do Maracanã, um campo nas dimensões máximas permitidas
pela Fifa e que dificulta o jogo
retrancado -para não citar
toda a história cinquentária
de que foi palco.
Foi aí que o carro pegou,
embora os críticos do projeto
não tenham lido e nem gostado das 198 páginas encaminhadas pelo único consórcio
que se habilitou a participar
da licitação -exceção feita
ao braço direito do ministro
Pelé, Hélio Viana, que, de fato, leu -e odiou.
Pois o projeto é, no geral,
bom. Basta achar outra alternativa para o Célio de Barros
para que, em 30 meses, o complexo do Maracanã volte a orgulhar o carioca. Não que venha a se transformar no mais
moderno do mundo, algo que
nenhuma reforma em obra de
tais proporções permite.
Certamente, porém, o projeto oxigena o Maracanã pelos
próximos 50 anos.
Para azar do consórcio, outro acerto que virou errou foi
a escolha da Sportsmedia para fazer a programação esportiva do complexo, fora o futebol. Apesar de ser uma empresa inegavelmente habilitada
para tal, tanto que é a agência
do Comitê Olímpico Brasileiro, a Sportsmedia tem estado
no olho do vulcão ultimamente e, pior, será exatamente o
COB, a pedido do governo carioca, quem dará a palavra
final sobre o projeto.
Mas, vale insistir, o projeto é
bom. Palavra de quem o leu.
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