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Fenômeno, Kaká diz que será o melhor do mundo
Melhor jogador do futebol italiano na atualidade, atleta de 21 anos já fala em suceder Ronaldo
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
"Uma hora vai chegar a minha
vez!" A frase e o ponto de exclamação são de Kaká, 21, meia-atacante do Milan e sensação do futebol mundial, ao responder à Folha, por e-mail, se está pronto para ganhar a eleição de melhor jogador do mundo feita pela Fifa.
A maior revelação são-paulina
dos últimos tempos estreou nesta
temporada na Itália, virou titular
do campeão europeu e, ao conduzir o Milan à liderança do Italiano,
ofuscou algumas das maiores estrelas do planeta e é comparado a
Platini, Van Basten, Rivera...
"Ser o melhor do mundo é o sonho de todo jogador. Tenho muito tempo para conquistar isso. No
Brasil, há jogadores que podem
receber esse título. O Ronaldo é
sempre candidato, Roberto Carlos merece há muito tempo, o Rivaldo dará a volta por cima e pode
ganhar de novo. Aqui no Milan
vários podem receber o prêmio."
Pelos elogios que tem recebido
no Milan do técnico Carlo Ancelotti, do presidente Silvio Belrusconi e de ex-ídolos, como Baresi,
o prêmio de 2004 já será para ele.
"Comparar um atleta novo com
craques do passado é comum.
Admiro todos os jogadores com
quem estão me comparando. Fico
feliz em ser comparado com eles,
mas meu caminho no futebol está
no começo e tenho consciência de
que preciso ir muito além para me
tornar uma estrela como eles.
Quero me firmar mais no Milan,
conquistar de vez a torcida, ganhar muitos títulos e entrar para a
história do clube e do futebol."
Kaká já faz frente em badalação
aos "galácticos" do Real Madrid.
"A fase do Ronaldo na Espanha é
incrível. Ele é um fenômeno e já
conquistou muita coisa no futebol. Ainda estou na minha primeira temporada aqui", diz Kaká.
Esperava-se que ele apenas pegasse experiência em sua temporada de estréia na Itália. Mas ele
mal ficou no banco. Foram 17 jogos na Série A, 13 como titular.
"A cada mudança na vida ficamos sempre um pouco apreensivos, mas sempre estive seguro de
que estava maduro o suficiente
para encarar esse desafio. Sempre
falei que, quando chegasse a hora
de ir para Europa, eu estaria pronto. Graças a Deus isso aconteceu."
Vaias e família
Quando saiu do Brasil, Kaká sofria com as críticas e as vaias até de
parte da torcida são-paulina.
"As vaias eram feitas por um
grupo de torcedores que não representam a torcida do São Paulo,
que sempre foi maravilhosa comigo. Sinto o carinho deles sempre que estou no Brasil e guardo
todos os ótimos momentos que
passei no São Paulo. Acompanho
os jogos do Tricolor. É meu time
do coração, além de eu ter muitos
amigos que ainda estão lá. O que
eu vivi no São Paulo em termos de
cobrança foi muito importante
para o meu crescimento profissional. Naquele momento não entendia o porquê [das vaias], mas
hoje me sinto mais experiente e
pronto para cobranças."
Na Itália, ficou quase todo tempo sozinho. Primeiro, em um hotel. Depois, em sua atual residência. "Sinto falta de muitas coisas.
Da minha família, da namorada,
dos amigos e até mesmo da comida de casa, apesar de não poder
reclamar disso aqui na Itália. Eu
cheguei bem preparado aqui e,
quando falava isso no Brasil, muitos não acreditavam. Vim na hora
certa. Cresci muito como profissional na Copa, vivi tempos difíceis no São Paulo com contusões e
cobranças, fui capitão da seleção
do Ricardo Gomes no Qatar e no
México e, quando pintou a chance no Milan, mesmo jovem já tinha vivido muita coisa no futebol.
Cheguei aqui sabendo que deveria me adaptar a muitas coisas diferentes do Brasil. Procurei fazê-las o mais rápido possível."
Kaká conta que sua meteórica
ascensão não despertou inveja
dos colegas e afirma ter amigos
até na rival Inter. "Fui muito bem
recebido aqui no Milan por todos.
Não há inveja, mesmo por que todos aqui são reconhecidos mundialmente e sabem muito bem o
seu valor. Tenho vários amigos
aqui. Sempre estou com os outros
brasileiros do Milan e da Inter
[Adriano], jogo golfe com o Shevchenko. Sempre saio para jantar
com um colega de clube. Já me
sinto em casa aqui. Estou muito
bem adaptado à Itália."
Nada, porém, como receber a
família, o que acontecerá neste
fim de semana. "Estão vindo para
cá nos próximos dias e será importante ficar com eles. Minha
namorada, sempre que pode, está
aqui acompanhada da família dela, e isso também é ótimo para
mim. Quem não gosta de ficar
perto das pessoas que ama?"
Kaká diz sentir um felizardo por
atuar em dois supertimes: Milan e
seleção brasileira. "Jogar em time
bom é sempre mais fácil e tanto o
Milan quanto a seleção brasileira
possuem craques e jogadores que
fazem a diferença dentro de campo. Meu treinador [Ancelotti] é
um ótimo profissional e muito do
sucesso do Milan deve-se a ele."
Frustração mesmo só o fato de
não poder ir ao Jogos de Atenas.
"Esperava ir à Olimpíada, mas
tenho certeza de que quem esteve
no Pré-Olímpico fez tudo para ganhar a vaga. Não acho justo culpar os jogadores, pois todos sabem das dificuldades que enfrentaram. O Ricardo Gomes é ótimo
profissional, de caráter incrível.
Perder é do jogo. Nem sempre há
culpados para isso. O Brasil perdeu a vaga em 1992 e foi campeão
mundial em 1994. Quem sabe em
Pequim possa jogar sendo um dos
atletas com mais de 23 anos?"
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