São Paulo, domingo, 07 de fevereiro de 2010

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Seleções trocam a África pelos Alpes

Equipes que vão disputar o Mundial optam por treinamentos na Europa e adiam quase para o limite chegada às sedes

Quase dez países planejam práticas ou jogos na Áustria, frustrando planos de fazer da Copa um evento também para vizinhos sul-africanos

PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL

Quanto menos tempo na África do Sul, melhor.
Esse parece ser o plano da maioria das 31 seleções visitantes que vão disputar a próxima Copa do Mundo, em junho.
Mais da metade das seleções classificadas vão chegar à África do Sul muito perto do prazo limite estabelecido pela Fifa -cinco dias antes da estreia de cada equipe na competição. E, antes disso, vão estar bem longe do continente africano, o mais pobre do planeta.
Para se adaptar à altitude de boa parte das nove sedes da Copa -Johannesburgo está 1.700 m acima do nível do mar-, seleções de todos os continentes escolheram os Alpes europeus, apesar do clima mais quente dessa região em relação ao rigoroso frio sul-africano.
Alemanha e Itália, por exemplo, vão treinar nas montanhas italianas. Mas é a Áustria que vai receber o maior número de seleções -Inglaterra, Coreia do Sul, Nova Zelândia, Sérvia, Japão, Espanha e México, entre outras, vão passar pelo país, seja para treinamento seja para realizar partidas amistosas.
A maioria dos testes antes de a bola rolar no Mundial também será disputada a milhares de quilômetros de distância e a poucos dias da competição começar. A Espanha, por exemplo, tem amistoso marcado dentro de seu território no dia 8 de junho, apenas três dias antes da data de abertura da Copa.
Os alemães jogam em Frankfurt no dia 3 de junho, mas só embarcam para a África do Sul três dias depois. Antes do teste final, o time se prepara na Sicília e depois nos Alpes italianos.
O país-sede da última Copa é quem mais critica a realização do Mundial na África do Sul. O ex-atacante Oliver Bierhoff, que hoje comanda a logística da federação alemã, já declarou que seus jogadores não "poderão se locomover de forma livre como na Copa de 2006". Os alemães também terão esquema de segurança privada no Mundial, como a Nova Zelândia.
Depois de treinar numa estação de esqui nos Alpes, a Itália pega a Suíça, outra que vai à Copa, em 5 de junho, em Genebra.
A rejeição por um período de preparação em solo africano não é exclusividade dos europeus. Gana vai treinar e jogar na Europa até o final de maio. E o Chile faz jogo amistoso em Santiago em 4 de junho, ou exata uma semana antes de o Mundial sul-africano começar.

Plano frustrado
As programações já anunciadas das seleções que vão disputar o Mundial frustra os planos dos organizadores e da Fifa.
Eles esperavam que a competição fosse uma chance de envolver mais países africanos no evento. A aposta era levar seleções para treinamentos nos vizinhos sul-africanos -muitos deles, com dinheiro chinês, construíram ou reformaram estádios na esperança de receber uma seleção qualificada.
Além da segurança, outro ponto que preocupa as seleções que vão disputar o Mundial é a hospedagem na África do Sul.
A partir dos cinco dias antes da estreia de cada seleção e até o final da primeira fase, o regulamento da Fifa exige que elas fiquem hospedadas em um dos 55 hotéis indicados por ela -cada um deles tem um local de treinos específicos.
Mas menos de um terço desses lugares ficam na Província de Gauteng, onde está Johannesburgo, a sede mais requisitada por causa da altitude.
E nem sempre o padrão de hospedagem é dos mais altos -até hotéis de três estrelas são indicados pelos organizadores. Em alguns casos, a distância entre os hotéis e os campos de treinamento se aproximam dos 20 quilômetros, em área de trânsito bastante pesado.


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