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Seleções trocam a África pelos Alpes
Equipes que vão disputar o Mundial optam por treinamentos na Europa e adiam quase para o limite chegada às sedes
Quase dez países planejam práticas ou jogos na Áustria, frustrando planos de fazer da Copa um evento também para vizinhos sul-africanos
PAULO COBOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Quanto menos tempo na
África do Sul, melhor.
Esse parece ser o plano da
maioria das 31 seleções visitantes que vão disputar a próxima
Copa do Mundo, em junho.
Mais da metade das seleções
classificadas vão chegar à África do Sul muito perto do prazo
limite estabelecido pela Fifa
-cinco dias antes da estreia de
cada equipe na competição. E,
antes disso, vão estar bem longe do continente africano, o
mais pobre do planeta.
Para se adaptar à altitude de
boa parte das nove sedes da Copa -Johannesburgo está 1.700
m acima do nível do mar-, seleções de todos os continentes
escolheram os Alpes europeus,
apesar do clima mais quente
dessa região em relação ao rigoroso frio sul-africano.
Alemanha e Itália, por exemplo, vão treinar nas montanhas
italianas. Mas é a Áustria que
vai receber o maior número de
seleções -Inglaterra, Coreia do
Sul, Nova Zelândia, Sérvia, Japão, Espanha e México, entre
outras, vão passar pelo país, seja para treinamento seja para
realizar partidas amistosas.
A maioria dos testes antes de
a bola rolar no Mundial também será disputada a milhares
de quilômetros de distância e a
poucos dias da competição começar. A Espanha, por exemplo, tem amistoso marcado
dentro de seu território no dia 8
de junho, apenas três dias antes
da data de abertura da Copa.
Os alemães jogam em Frankfurt no dia 3 de junho, mas só
embarcam para a África do Sul
três dias depois. Antes do teste
final, o time se prepara na Sicília e depois nos Alpes italianos.
O país-sede da última Copa é
quem mais critica a realização
do Mundial na África do Sul. O
ex-atacante Oliver Bierhoff,
que hoje comanda a logística da
federação alemã, já declarou
que seus jogadores não "poderão se locomover de forma livre
como na Copa de 2006". Os alemães também terão esquema
de segurança privada no Mundial, como a Nova Zelândia.
Depois de treinar numa estação de esqui nos Alpes, a Itália
pega a Suíça, outra que vai à Copa, em 5 de junho, em Genebra.
A rejeição por um período de
preparação em solo africano
não é exclusividade dos europeus. Gana vai treinar e jogar
na Europa até o final de maio. E
o Chile faz jogo amistoso em
Santiago em 4 de junho, ou exata uma semana antes de o Mundial sul-africano começar.
Plano frustrado
As programações já anunciadas das seleções que vão disputar o Mundial frustra os planos
dos organizadores e da Fifa.
Eles esperavam que a competição fosse uma chance de envolver mais países africanos no
evento. A aposta era levar seleções para treinamentos nos vizinhos sul-africanos -muitos
deles, com dinheiro chinês,
construíram ou reformaram
estádios na esperança de receber uma seleção qualificada.
Além da segurança, outro
ponto que preocupa as seleções
que vão disputar o Mundial é a
hospedagem na África do Sul.
A partir dos cinco dias antes
da estreia de cada seleção e até
o final da primeira fase, o regulamento da Fifa exige que elas
fiquem hospedadas em um dos
55 hotéis indicados por ela
-cada um deles tem um local
de treinos específicos.
Mas menos de um terço desses lugares ficam na Província
de Gauteng, onde está Johannesburgo, a sede mais requisitada por causa da altitude.
E nem sempre o padrão de
hospedagem é dos mais altos
-até hotéis de três estrelas são
indicados pelos organizadores.
Em alguns casos, a distância
entre os hotéis e os campos de
treinamento se aproximam dos
20 quilômetros, em área de
trânsito bastante pesado.
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