São Paulo, quarta-feira, 07 de março de 2001

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Com previsão de perdas de R$ 15 milhões em 2001, time tenta 1º Rio-SP

Déficit e título inédito movem São Paulo na final

No Morumbi, clube paulista alcança título mesmo se perder por 2 gois de diferença para o Botafogo

Francio de Holanda/Folha Imagem
O meia Carlos Miguel participa de treinamento do São Paulo visando a final do Torneio Rio-SP, título ainda inédito para o clube


RICARDO PERRONE
DA REPORTAGEM LOCAL

Com a vantagem de poder ser derrotado por até dois gols de diferença pelo Botafogo, hoje, às 21h40, no Morumbi, o São Paulo tenta conquistar pela primeira vez o Torneio Rio-São Paulo.
O time só perde a competição em caso de derrota por diferença de quatro gols ou mais. Em caso de vitória carioca por três gols, o título será decidido nos pênaltis.
A confortável situação conquistada pelo time na final, graças à vitória por 4 a 1 no Maracanã, contrasta com as dificuldades enfrentas pela equipe fora de campo.
Considerado exemplo de organização no início da década de 90, o clube tem uma previsão de déficit neste ano de R$ 15 milhões.
Além de um time montado sem grandes contratações, um reflexo da falta de dinheiro poderá ser visto na camisa da equipe durante a decisão de hoje.
Sem conseguir assinar um contrato de patrocínio efetivo, o clube recorreu a um patrocinador de apenas uma partida. A Arapuã vai estampar sua marca na camisa do clube hoje.
"Enquanto não conseguirmos um contrato mais longo, essa é uma boa solução. Foi um bom negócio para as duas partes", afirmou o diretor de futebol do São Paulo José Dias.
A mesma estratégia já foi adotada pelo Corinthians, na final do Brasileiro de 98, quando o clube havia perdido o patrocínio do Banco Excel e fez um acordo com a Embratel para disputar o título.
Os dirigentes não confirmam o valor do contrato com a Arapuã, que estaria pagando cerca de R$ 200 mil pela publicidade na final.
"Nós tivemos propostas de empresas interessadas nesse tipo de propaganda. Mas, nos próximos jogos, pelo Paulista, isso não deve ocorrer", declarou Dias.
O clube perdeu o patrocínio da Motorola, que rescindiu o seu contrato, após cumprir só a metade dele. No último jogo, contra a Ponte Preta, a equipe jogou sem nenhum patrocínio na camisa.
A multinacional LG e a companhia aérea Gol são empresas interessadas patrocinar o time.
Além dos problemas financeiros, o São Paulo tenta reverter outra situação que perturba: o fato de o time não disputar a Libertadores desde 94.
Bicampeão da Libertadores e do Mundial Interclubes, em 92 e 93, a equipe do técnico Oswaldo Alvarez vê na conquista do torneio regional uma chance de voltar ao cenário internacional.
O vencedor do Rio-São Paulo classifica-se para a Copa dos Campeões, que vale vaga para a próxima Libertadores, competição prioritária para o clube.
Recentemente, os são-paulinos tiveram que se contentar com os títulos no Paulista em 98 e 2000.
"A Copa dos Campeões é o caminho mais curto para essa competição, por isso o Rio-São Paulo deixou de ser apenas um torneio preparatório. Voltar a Libertadores é uma meta antiga", disse o técnico Oswaldo Alvarez.
Os jogadores são-paulinos não escondem que se sentem pressionados para levar o time de volta ao cenário internacional.
"Os nossos torcedores estão impacientes porque ficam vendo Palmeiras e Corinthians sempre na Libertadores, enquanto nós ficamos de fora", disse França.
Uma das preocupações da comissão técnica e dos jogadores é evitar declarações mostrando um otimismo exagerado, mas nem todos conseguem se controlar.
"Nós queremos vencer para deixar a festa mais bonita", afirmou o lateral-direito Belletti.
Ao contrário do que costuma fazer, Alvarez vai dar folga para todos os jogadores amanhã, apesar de a equipe disputar o clássico contra o Palmeiras, domingo, em São José do Rio Preto.
O treinador negou que a medida seja para que os atletas possam festejar, caso conquistem o título hoje. "Vou dar essa folga porque os jogadores passaram muito tempo concentrados nos últimos dias", disse o treinador.
Cada jogador do São Paulo deve receber um prêmio de R$ 20 mil pela conquista.
São Paulo e Botafogo vão ficar com R$ 1,1 milhão cada, qualquer que seja o resultado do jogo.
Os dois clubes decidiram dividir o prêmio oferecido pelos organizadores ao campeão e ao vice do torneio. Inicialmente, o vencedor ficaria com R$ 1,4 milhão e o segundo colocado com R$ 800 mil.
Segundo os dirigentes, a decisão de dividir a verba foi tomada antes do primeiro jogo das finais. Apesar da vitória no Rio, Dias disse que foi um bom negócio.
A diretoria do São Paulo não vai repassar parte desse valor aos atletas, deixando o dinheiro para cumprir compromissos do clube.


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