São Paulo, quarta-feira, 07 de março de 2001

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FUTEBOL

Para Teixeira, acordo firmado entre Fifa e UE deve ser seguido no Brasil

CBF defende que Lei Pelé copie novo modelo europeu

FERNANDO MELLO
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente da Confederação Brasileira de Futebol, Ricardo Teixeira, vai fazer força para que a Lei Pelé seja alterada para seguir o acordo firmado entre Fifa, Uefa e União Européia anteontem.
Em entrevista à Folha, por telefone, o dirigente defendeu a uniformização internacional das leis sobre negociação de atletas.
"O Brasil não pode ficar na contramão. Se o mundo todo está indo em um mesmo caminho, não tem cabimento irmos ao contrário. Temos que uniformizar as leis", afirmou Ricardo Teixeira.
Anteontem, depois de meses de discussão, a entidade máxima do futebol e a União Européia fecharam um acordo que beneficia os clubes reveladores de talentos.
Pelas novas regras acertadas em Bruxelas, os times terão direito a receber pela transferência de um atleta menor de 23 anos.
Nos casos de transação de atletas mais velhos, não há necessidade de pagamento.
No Brasil, a lei que deve entrar em vigor no próximo dia 26 prevê a extinção do passe no país.
Pela lei atual, número 9.981/00, o time que revela o jogador tem direito de fazer o primeiro contrato com ele por um período de dois anos. Ao final do compromisso, o atleta estará automaticamente livre para mudar de clube, qualquer que seja sua idade.
A declaração de Ricardo Teixeira reforça o lobby dos dirigentes brasileiros para que a Lei Pelé seja mais uma vez alterada.
Na opinião dos "cartolas" brasileiros, o fim do passe trará desdobramentos trágicos para o futebol no país principalmente pela facilidade de times estrangeiros de levar jovens talentos para o exterior sem qualquer ônus.
Segundo os dirigentes, o fim do passe fará os investimentos dos times nas categorias de base praticamente terminarem. Sem o dinheiro da venda de atletas, não haveria motivo para gastar na formação de jovens valores.
Pelo acordo anunciado anteontem na Bélgica, os investimentos na "nova safra" estão garantidos, uma vez que serão criados mecanismos para a distribuição de dinheiro das grandes equipes aos clubes envolvidos na educação e formação de um jogador, incluindo equipes amadoras.
O presidente da CBF, que conversou ontem com o dirigente máximo da Fifa, Joseph Blatter, disse temer conflitos internacionais se a Lei Pelé não for alterada. "Qualquer clube brasileiro poderá acionar a Fifa para receber pela transação de um atleta menor e não vamos poder fazer nada, porque isso está valendo na Europa."
Em Brasília, há um "racha" sobre a extinção do passe.
Enquanto os integrantes da CPI da CBF/Nike, instalada na Câmara, defendem o adiamento do fim do passe no Brasil, a CPI do Futebol, do Senado, é contra.
Pela proposta dos deputados, o governo, por intermédio de uma medida provisória, faria o passe acabar em 24 de junho, e não mais em 26 de março.
Já os senadores entendem que o adiamento de 90 dias não surtiria nenhum efeito, uma vez que os clubes já tiveram mais de três anos para discutir a questão.





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