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FUTEBOL
Para Teixeira, acordo firmado entre Fifa e UE deve ser seguido no Brasil
CBF defende que Lei Pelé copie novo modelo europeu
FERNANDO MELLO
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente da Confederação
Brasileira de Futebol, Ricardo
Teixeira, vai fazer força para que a
Lei Pelé seja alterada para seguir o
acordo firmado entre Fifa, Uefa e
União Européia anteontem.
Em entrevista à Folha, por telefone, o dirigente defendeu a uniformização internacional das leis
sobre negociação de atletas.
"O Brasil não pode ficar na contramão. Se o mundo todo está indo em um mesmo caminho, não
tem cabimento irmos ao contrário. Temos que uniformizar as
leis", afirmou Ricardo Teixeira.
Anteontem, depois de meses de
discussão, a entidade máxima do
futebol e a União Européia fecharam um acordo que beneficia os
clubes reveladores de talentos.
Pelas novas regras acertadas em
Bruxelas, os times terão direito a
receber pela transferência de um
atleta menor de 23 anos.
Nos casos de transação de atletas mais velhos, não há necessidade de pagamento.
No Brasil, a lei que deve entrar
em vigor no próximo dia 26 prevê
a extinção do passe no país.
Pela lei atual, número 9.981/00,
o time que revela o jogador tem
direito de fazer o primeiro contrato com ele por um período de dois
anos. Ao final do compromisso, o
atleta estará automaticamente livre para mudar de clube, qualquer que seja sua idade.
A declaração de Ricardo Teixeira reforça o lobby dos dirigentes
brasileiros para que a Lei Pelé seja
mais uma vez alterada.
Na opinião dos "cartolas" brasileiros, o fim do passe trará desdobramentos trágicos para o futebol
no país principalmente pela facilidade de times estrangeiros de levar jovens talentos para o exterior
sem qualquer ônus.
Segundo os dirigentes, o fim do
passe fará os investimentos dos times nas categorias de base praticamente terminarem. Sem o dinheiro da venda de atletas, não
haveria motivo para gastar na formação de jovens valores.
Pelo acordo anunciado anteontem na Bélgica, os investimentos
na "nova safra" estão garantidos,
uma vez que serão criados mecanismos para a distribuição de dinheiro das grandes equipes aos
clubes envolvidos na educação e
formação de um jogador, incluindo equipes amadoras.
O presidente da CBF, que conversou ontem com o dirigente
máximo da Fifa, Joseph Blatter,
disse temer conflitos internacionais se a Lei Pelé não for alterada.
"Qualquer clube brasileiro poderá acionar a Fifa para receber pela
transação de um atleta menor e
não vamos poder fazer nada, porque isso está valendo na Europa."
Em Brasília, há um "racha" sobre a extinção do passe.
Enquanto os integrantes da CPI
da CBF/Nike, instalada na Câmara, defendem o adiamento do fim
do passe no Brasil, a CPI do Futebol, do Senado, é contra.
Pela proposta dos deputados, o
governo, por intermédio de uma
medida provisória, faria o passe
acabar em 24 de junho, e não mais
em 26 de março.
Já os senadores entendem que o
adiamento de 90 dias não surtiria
nenhum efeito, uma vez que os
clubes já tiveram mais de três
anos para discutir a questão.
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