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São Paulo, sexta-feira, 07 de março de 2003

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AUTOMOBILISMO

Maioria das equipes deve usar estratégia conservadora na estréia do novo regulamento da categoria

Pela 1ª vez, F-1 treina com meio tanque

FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A MELBOURNE

Pela primeira vez em seus 53 anos de história, a F-1 disputará um treino oficial com meio tanque. Será na próxima madrugada, a partir da 0h (de Brasília), na sessão que define o grid para o GP da Austrália, abertura do Mundial.
Segundo a Folha apurou, será essa a estratégia da maioria maciça das equipes. Uma opção conservadora diante de um novo regulamento cujos resultados ainda são obscuros, desconhecidos.
Pela nova regra, os times estão proibidos de abastecer os carros após o treino oficial. Assim, terão que largar no domingo com a quantidade de combustível com que terminarem a classificação.
O objetivo da FIA foi criar uma variável a mais para a F-1. Em tese, um piloto de uma equipe média pode treinar com o tanque vazio, superar uma Ferrari mais pesada, com meio tanque, e sair na frente.
Em contrapartida, sua corrida ficará prejudicada porque terá que parar nos boxes logo nas primeiras voltas para reabastecer.
Na média, os tanques dos carros de F-1 têm capacidade para 120 kg de gasolina (cerca de 150 litros). A idéia dominante em Melbourne é treinar com 50 kg a 60 kg.
Como, na Austrália, o consumo médio é de 2,5 kg por volta, os carros terão que parar nos boxes mais ou menos na 20ª volta. Portanto, num GP de 58 voltas, a maioria dos pilotos fará dois pits.
No ano passado, a estratégia-base foi de um pit stop. Michael Schumacher e Juan Pablo Montoya, primeiro e segundo no GP, pararam, respectivamente, na 38ª e 37ª voltas. Para manter esse plano, uma equipe teria que ousar, participando do treino oficial com cerca de 75 kg. É muito improvável que alguém o faça.
O treino pré-classificatório, que definiu a ordem de entrada dos pilotos na sessão oficial, ocorreu hoje de madrugada.
De 1950, quando surgiu a F-1, até o ano passado, nunca houve a proibição ao reabastecimento após a sessão oficial. Os times sempre treinaram com tanque vazio, com gasolina suficiente para apenas duas ou três voltas.
Como se não bastasse tanta novidade, um fator externo pode embaralhar ainda mais as cartas: a meteorologia prevê chuva na definição do grid e na corrida.
Se começar a chover durante o treino, são boas as chances de uma zebra na pole position. Afinal, os pilotos mais lentos já terão marcado seus tempos. E a chuva apanhará só os mais rápidos.
No meio de tantas variáveis, porém, há quem acredite que nada vai mudar. Como Frank Williams, um dos maiores críticos ao novo regulamento. "Com apenas uma volta lançada, a pressão aumentará. Quanto melhor for o piloto, melhor ele lidará com isso."
Idealizador do novo regulamento, Max Mosley, presidente da FIA, estará distante de tudo isso. Ele cancelou a viagem para Melbourne. Vai acompanhar os resultados da revolução pela TV. Com os dedos cruzados.


NA TV - Treino oficial do GP da Austrália; Globo, ao vivo, à 0h


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