|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
TOSTÃO
Treinador de atacantes
O craque artilheiro não enrola. Domina e finaliza. Romário poderia ensinar isso a Jean, Valdívia, Renato Augusto...
P
ARA SE FORMAR um bom time,
um bom conjunto, é preciso,
antes de tudo, trocar passes.
Isso é básico.
A troca de passes pode ser mais cadenciada, com a intenção de manter
a posse de bola, de não dar chances
ao time adversário e de esperar o
momento certo para chegar ao gol.
Essa era uma característica do futebol brasileiro, que diminuiu com o
tempo.
A outra maneira de trocar passes é
procurar o gol com mais velocidade
e menos toque de bola. Os europeus,
principalmente os ingleses, jogam
dessa forma.
Os dois estilos são bons. O ideal é
uma mesma equipe atuar das duas
formas, dependendo do jogo e das
características dos jogadores.
Péssimo é não trocar passes, de
nenhuma forma, como ocorre com o
Corinthians desde o início do Campeonato Paulista. Enquanto o time
dava chutões e corria atrás da bola, o
Palmeiras trocava passes e envolvia
o arqui-rival.
Parece que o Palmeiras já tem um
estilo para jogar contra os grandes.
Precisa agora aprender a atuar em
casa e contra os pequenos. O bom
senso e a torcida pedem que a equipe pressione mais desde o início para tentar decidir logo o jogo.
O Palmeiras poderá evoluir, mas o
torcedor não pode se iludir com a fácil vitória sobre o Corinthians, uma
equipe desorganizada.
Como Wendel joga de lateral, e
não de ala como Paulo Baier, o Palmeiras não precisa ter três zagueiros
e pode ter mais um jogador no meio-de-campo. Com isso, Martinez, que
tem um bom passe, pode se juntar
mais a Edmundo e a Valdívia para
trocar passes, como fizeram muito
bem contra o Corinthians.
Se o Palmeiras tivesse um atacante mais eficiente para o contra-ataque, Edmundo não cansasse no segundo tempo e Valdívia finalizasse
melhor, poderia ter dado uma grande goleada no Corinthians.
Assim como ocorre com tantos
meias e atacantes em todo o mundo,
o habilidoso e criativo Valdívia não
sabe fazer gols. Se soubesse, seria
um craque.
Para finalizar bem, é necessário
não ter angústia no momento do
chute, além de colocar o corpo na
posição correta, com o pé de apoio
ao lado e próximo da bola. Atacante
nervoso e desequilibrado erra sempre a finalização.
Após fazer os mil gols, Romário
deveria se tornar um professor de
fazer gols. Valdívia, Renato Augusto,
do Flamengo, e Jean, do Corinthians, seriam seus primeiros alunos. Acho que nem Romário daria
jeito no Jean.
Segundo o Google, o filósofo francês Voltaire disse que escrever bem
é a arte de cortar palavras.
Para ser um craque artilheiro, é
necessário também a concisão e a
economia de gestos. O craque artilheiro não enrola com a bola. Domina (às vezes nem é preciso) e finaliza, olhando para o goleiro.
O craque artilheiro precisa ainda
fugir do defensor, fintá-lo com o corpo sem tocar na bola e recebê-la livre, como fez Edmundo no terceiro
gol do Palmeiras.
Não é a bola que procura o artilheiro, como dizem alguns narradores. A bola não enxerga. É o artilheiro que sabe, antes dos defensores,
aonde a bola vai chegar.
Como ele sabe? Sabendo. Existe
um saber intuitivo e inconsciente
que antecede ao raciocínio.
Decisão no Rio
Enquanto o Paulistão está ainda
longe das partidas decisivas, o
Cariocão, mais enxuto e com uma
fórmula mais interessante para um
campeonato estadual, terá hoje o
campeão do primeiro turno (Taça
Guanabara).
Depois de duas vitórias seguidas
sobre o Flamengo, o Madureira
deixou de ser zebra. Seria favorito?
Também não.
tostao.folha@uol.com.br
Texto Anterior: Argentina: Maradona troca tapas com fotógrafo Próximo Texto: Rio de Janeiro: Flamengo terá cara nova por virada na final Índice
|