São Paulo, domingo, 07 de março de 2010

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Crise derruba saída "clandestina" de jovens jogadores

CBF aponta queda de 56% no número de atletas que migram para o exterior sem passar por clubes profissionais no Brasil

Apenas 347 transferências internacionais aconteceram no ano passado sem que a confederação estivesse consciente das operações

SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

A exportação "clandestina" de jogadores brasileiros para o exterior despencou em 2009.
A CBF identificou só 347 atletas que deixaram o país nessa situação no ano passado. A queda foi de 56% em relação a 2008, quando 797 ""clandestinos" foram embora. O número voltou ao patamar próximo de 2001, quando 360 atletas deixaram o país nessa situação.
A CBF atribui a forte redução na saída de ""clandestinos" à crise econômica mundial, além dos ""problemas enfrentados pelos próprios atletas nos clubes pequenos" fora do país. A maioria vai jogar em times de divisões inferiores na Europa.
""Mesmo com essa queda, esses números mostram a força do nosso futebol. Nenhum país consegue mandar tantos jogadores direto da várzea para todos os continentes do mundo", diz o supervisor do Flamengo, Isaías Tinoco, que trabalha há mais de 20 anos comandando também as categorias de base dos principais clubes do país.
Embora atuem de forma legal nos países onde estão radicados, esses atletas recebem o rótulo de ""clandestinos" pelo fato de as transferências terem se concretizado, inicialmente, sem o conhecimento da CBF.
Em geral, os jogadores saem direto da várzea, sem passar por clubes profissionais no país. A entidade só os identifica quando os times estrangeiros a procuram para registrar os contratos -a CBF atua como cartório do futebol brasileiro.
A Alemanha lidera o ranking de 2009, com 94 jogadores. A Suíça está em segundo lugar ao importar 56 jogadores dessa categoria. Destino preferido dos futebolistas que deixam oficialmente os clubes brasileiros para atuar no exterior, Portugal está em terceiro lugar no ranking dos ""clandestinos".
""Esse é um mercado praticamente amador. As peneiras são feitas em torneios amadores ou na praia. Como a qualidade do futebol brasileiro é tão grande, as oportunidades sempre aparecem", afirma Jorge Machado, que cuida dos interesse do meia-atacante Carlos Eduardo e do atacante Rafael Sóbis.
""Em Porto Alegre, tem a Copa Paquetá, um torneio que reúne dezenas de times amadores e uma molecada muito boa. Você encontra dez bons jogadores com facilidade. Os empresários menores apostam ali para fazer negócio", completa.
Empresários ouvidos pela reportagem negaram negociar ""clandestinos" ao exterior.
""Sou contra esse caminho. Quando descubro um atleta de potencial, indico a um clube do país. Acho que um jovem, que ainda está sendo formado, não pode ir direto para fora. Ele ainda não é um atleta e vai ter muita dificuldade em se dar bem lá", explicou Fred Souza, que negocia jogadores jovens para Fluminense, Vasco e Cruzeiro. O empresário é dono do Vila Rica, clube da segunda divisão do Estadual do Rio.
A queda na exportação dos ""clandestinos" é maior que a redução na saída oficial de pé de obra registrada no ano passado. Dados do Departamento de Registro da CBF mostraram que a saída oficial de jogadores em 2009 caiu 14%, passando de 1.176 a 1.017. Se somados os ""clandestinos", 1.364 jogadores deixaram o Brasil no ano passado para atuar no exterior.


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