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Crise derruba saída "clandestina" de jovens jogadores
CBF aponta queda de 56% no número de atletas que migram
para o exterior sem passar por clubes profissionais no Brasil
Apenas 347 transferências internacionais aconteceram no ano passado sem que a confederação estivesse
consciente das operações
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
A exportação "clandestina"
de jogadores brasileiros para o
exterior despencou em 2009.
A CBF identificou só 347
atletas que deixaram o país
nessa situação no ano passado.
A queda foi de 56% em relação a
2008, quando 797 ""clandestinos" foram embora. O número
voltou ao patamar próximo de
2001, quando 360 atletas deixaram o país nessa situação.
A CBF atribui a forte redução
na saída de ""clandestinos" à
crise econômica mundial, além
dos ""problemas enfrentados
pelos próprios atletas nos clubes pequenos" fora do país. A
maioria vai jogar em times de
divisões inferiores na Europa.
""Mesmo com essa queda, esses números mostram a força
do nosso futebol. Nenhum país
consegue mandar tantos jogadores direto da várzea para todos os continentes do mundo",
diz o supervisor do Flamengo,
Isaías Tinoco, que trabalha há
mais de 20 anos comandando
também as categorias de base
dos principais clubes do país.
Embora atuem de forma legal nos países onde estão radicados, esses atletas recebem o
rótulo de ""clandestinos" pelo
fato de as transferências terem
se concretizado, inicialmente,
sem o conhecimento da CBF.
Em geral, os jogadores saem
direto da várzea, sem passar
por clubes profissionais no
país. A entidade só os identifica
quando os times estrangeiros a
procuram para registrar os
contratos -a CBF atua como
cartório do futebol brasileiro.
A Alemanha lidera o ranking
de 2009, com 94 jogadores. A
Suíça está em segundo lugar ao
importar 56 jogadores dessa
categoria. Destino preferido
dos futebolistas que deixam
oficialmente os clubes brasileiros para atuar no exterior, Portugal está em terceiro lugar no
ranking dos ""clandestinos".
""Esse é um mercado praticamente amador. As peneiras são
feitas em torneios amadores ou
na praia. Como a qualidade do
futebol brasileiro é tão grande,
as oportunidades sempre aparecem", afirma Jorge Machado,
que cuida dos interesse do
meia-atacante Carlos Eduardo
e do atacante Rafael Sóbis.
""Em Porto Alegre, tem a Copa Paquetá, um torneio que
reúne dezenas de times amadores e uma molecada muito boa.
Você encontra dez bons jogadores com facilidade. Os empresários menores apostam ali
para fazer negócio", completa.
Empresários ouvidos pela reportagem negaram negociar
""clandestinos" ao exterior.
""Sou contra esse caminho.
Quando descubro um atleta de
potencial, indico a um clube do
país. Acho que um jovem, que
ainda está sendo formado, não
pode ir direto para fora. Ele
ainda não é um atleta e vai ter
muita dificuldade em se dar
bem lá", explicou Fred Souza,
que negocia jogadores jovens
para Fluminense, Vasco e Cruzeiro. O empresário é dono do
Vila Rica, clube da segunda divisão do Estadual do Rio.
A queda na exportação dos
""clandestinos" é maior que a
redução na saída oficial de pé
de obra registrada no ano passado. Dados do Departamento
de Registro da CBF mostraram
que a saída oficial de jogadores
em 2009 caiu 14%, passando de
1.176 a 1.017. Se somados os
""clandestinos", 1.364 jogadores
deixaram o Brasil no ano passado para atuar no exterior.
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