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São Paulo, segunda-feira, 07 de abril de 2003

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Piloto brasileiro chega à ponta, mas, como nos últimos anos, abandona a prova e decepciona o público

Sem gasolina, Barrichello causa "déjà vu"

DA REPORTAGEM LOCAL

Foi exatamente o mesmo roteiro dos últimos anos. Rubens Barrichello liderou o GP, levantou as arquibancadas de Interlagos, abriu vantagem sobre a concorrência e abandonou, deixando todo o autódromo estupefato.
Em sua quarta experiência com um carro competitivo em Interlagos, só os motivos dos abandonos variaram. Em 2000, na sua estréia em casa pela equipe italiana, sofreu com uma pane hidráulica. Em 2001, acertou a traseira de Ralf Schumacher em plena Reta Oposta. No ano passado, mais uma vez, problema hidráulico.
Ontem, Barrichello sofreu com uma pane seca. Ficou sem gasolina. Uma ocorrência raríssima na F-1 e que só não foi detectada pela Ferrari porque a telemetria do carro pifou com a chuva forte.
"Temos certeza de que ele teria chance de vencer. Mas, como perdemos a telemetria, não sabíamos o quanto de combustível ele levava", afirmou Luca Colajanni, assessor de imprensa da Ferrari. "O problema ainda foi agravado por uma falha no sistema de alimentação de combustível. O motor consumia mais do que o normal."
Assim, os cálculos que os técnicos ferraristas faziam nos boxes não correspondiam à realidade. E Barrichello, de forma melancólica, mais uma vez encostou seu carro na grama de Interlagos.
A exemplo dos últimos anos, saiu do carro mostrando incredulidade. Sentou na grama, tirou o capacete e, com a expressão de desolação, esperou cair a ficha.
De volta ao paddock, ladeado por seguranças da Ferrari, abraçou a mulher, Silvana, o pai, Rubens, e se trancou nos boxes.
Só saiu quando a corrida havia terminado. Mais uma vez, impressão de déjà vu no circuito: cercado pela imprensa, começou a explicar seu abandono.
"Estou desapontado, é claro. Tudo o que posso dizer é que dei o meu máximo, mais uma vez. Tenho certeza de que eu poderia ter vencido essa corrida", declarou, rosto sereno, conformado.
"O ruim é que no ano que vem vou chegar aqui e vai ter de novo esta história de tabu, tabu, tabu. Vão falar que eu tive azar e tudo o que acontece em todas as corridas aqui. Mas foi uma questão puramente técnica, de alimentação de gasolina", afirmou.
Os problemas eletrônicos e com o combustível foram fatais, mas não os únicos. Largando na pole position, Barrichello perdeu posições logo partir da primeira curva. Na segunda volta após a saída do safety car já havia caído para quarto. Na terceira, era o sexto.
Segundo a Ferrari, ele sofreu com uma queda abrupta da pressão dos pneus. O brasileiro normalizou a situação, contou com abandonos de pilotos que estavam à sua frente, deu sorte com as entradas do safety car e, assim, conseguiu a escalada de volta para a ponta. "Fiz o que tinha que ser feito. Enfrentei dificuldade no início da corrida por causa do acerto do carro, meio para pista seca, meio para o molhado."
Ele volta a trabalhar na quarta, testando o carro novo da Ferrari em Mugello, na Itália. Coincidência com os problemas de ontem ou não, defendeu a estréia do F2003-GA em Imola. (FÁBIO SEIXAS E JOSÉ HENRIQUE MARIANTE)


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