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Piloto brasileiro chega à ponta, mas, como nos últimos anos, abandona a prova e decepciona o público
Sem gasolina, Barrichello causa "déjà vu"
DA REPORTAGEM LOCAL
Foi exatamente o mesmo roteiro dos últimos anos. Rubens Barrichello liderou o GP, levantou as
arquibancadas de Interlagos,
abriu vantagem sobre a concorrência e abandonou, deixando todo o autódromo estupefato.
Em sua quarta experiência com
um carro competitivo em Interlagos, só os motivos dos abandonos
variaram. Em 2000, na sua estréia
em casa pela equipe italiana, sofreu com uma pane hidráulica.
Em 2001, acertou a traseira de Ralf
Schumacher em plena Reta Oposta. No ano passado, mais uma vez,
problema hidráulico.
Ontem, Barrichello sofreu com
uma pane seca. Ficou sem gasolina. Uma ocorrência raríssima na
F-1 e que só não foi detectada pela
Ferrari porque a telemetria do
carro pifou com a chuva forte.
"Temos certeza de que ele teria
chance de vencer. Mas, como perdemos a telemetria, não sabíamos
o quanto de combustível ele levava", afirmou Luca Colajanni, assessor de imprensa da Ferrari. "O
problema ainda foi agravado por
uma falha no sistema de alimentação de combustível. O motor
consumia mais do que o normal."
Assim, os cálculos que os técnicos ferraristas faziam nos boxes
não correspondiam à realidade. E
Barrichello, de forma melancólica, mais uma vez encostou seu
carro na grama de Interlagos.
A exemplo dos últimos anos,
saiu do carro mostrando incredulidade. Sentou na grama, tirou o
capacete e, com a expressão de
desolação, esperou cair a ficha.
De volta ao paddock, ladeado
por seguranças da Ferrari, abraçou a mulher, Silvana, o pai, Rubens, e se trancou nos boxes.
Só saiu quando a corrida havia
terminado. Mais uma vez, impressão de déjà vu no circuito:
cercado pela imprensa, começou
a explicar seu abandono.
"Estou desapontado, é claro.
Tudo o que posso dizer é que dei o
meu máximo, mais uma vez. Tenho certeza de que eu poderia ter
vencido essa corrida", declarou,
rosto sereno, conformado.
"O ruim é que no ano que vem
vou chegar aqui e vai ter de novo
esta história de tabu, tabu, tabu.
Vão falar que eu tive azar e tudo o
que acontece em todas as corridas
aqui. Mas foi uma questão puramente técnica, de alimentação de
gasolina", afirmou.
Os problemas eletrônicos e com
o combustível foram fatais, mas
não os únicos. Largando na pole
position, Barrichello perdeu posições logo partir da primeira curva. Na segunda volta após a saída
do safety car já havia caído para
quarto. Na terceira, era o sexto.
Segundo a Ferrari, ele sofreu
com uma queda abrupta da pressão dos pneus. O brasileiro normalizou a situação, contou com
abandonos de pilotos que estavam à sua frente, deu sorte com as
entradas do safety car e, assim,
conseguiu a escalada de volta para
a ponta. "Fiz o que tinha que ser
feito. Enfrentei dificuldade no início da corrida por causa do acerto
do carro, meio para pista seca,
meio para o molhado."
Ele volta a trabalhar na quarta,
testando o carro novo da Ferrari
em Mugello, na Itália. Coincidência com os problemas de ontem
ou não, defendeu a estréia do
F2003-GA em Imola.
(FÁBIO SEIXAS E JOSÉ HENRIQUE MARIANTE)
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