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FUTEBOL
A queda anunciada
JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA
Por que o São Paulo caiu
diante do Cruzeiro em pleno
estádio do Morumbi? As razões,
como sempre, são muitas, mas
três delas se destacam.
Em primeiro lugar, ficou mais
uma vez demonstrado que o tricolor quase não tem sistema defensivo, quando enfrenta uma
equipe rápida, de meias e atacantes hábeis, como é o Cruzeiro.
Em segundo lugar, o time de Oswaldo de Oliveira mostrou de novo sua dificuldade de jogar pelas
laterais e escapar de uma marcação firme como a cruzeirense.
Sem Kaká, a equipe ficou totalmente dependente dos lançamentos de Ricardinho (bem marcado)
e das arrancadas de Júlio Batista,
tão vigorosas quanto atabalhoadas. Resultado: no primeiro tempo, só criou oportunidades em bolas paradas.
Na primeira vez em que foi à linha de fundo, no início do segundo tempo, o time fez o gol. Na segunda, Fabiano sofreu o pênalti
convertido no segundo.
O azar tricolor foi que, nas duas
vezes, o Cruzeiro reagiu e marcou
logo, mantendo sua vantagem.
A terceira razão para o fracasso
tricolor foi, a meu ver, a atmosfera fúnebre (reforçada pela chuva)
que reinou no Morumbi. Parece
até que a torcida (ou boa parte
dela) já estava esperando pela
derrota para poder confirmar
suas piores profecias e malhar Oswaldo de Oliveira como Judas
nestas vésperas de Semana Santa.
Dificilmente o treinador vai ficar no Morumbi. Os próprios jogadores, apesar das juras de solidariedade, parecem tê-lo deixado
falando sozinho. Foi, em suma,
uma queda anunciada: do time e
do seu treinador.
![](http://www.uol.com.br/fsp/images/ep.gif)
O Corinthians conquistou no último segundo um empate heróico
com o Figueirense em Florianópolis, mas isso não apaga um fato
preocupante. Foi a segunda partida no Brasileiro em que o alvinegro paulista tomou três gols.
Desta vez, o time de Geninho foi
surpreendido pelos contra-ataques rápidos do Figueirense e pela
eterna categoria de Evair.
O veterano atacante, que antes
da partida disse que só aguentaria jogar uns 30 minutos, armou
as jogadas de ataque, sofreu o pênalti que gerou o segundo gol catarinense e marcou o terceiro,
com a competência habitual. Eis
um jogador que merece cada centavo do salário que recebe.
Quanto ao Corinthians, ficou
evidente que a equipe precisa
acertar sua marcação e sua articulação no seu meio de campo
nesta era pós-Vampeta. Só desse
modo poderá deixar de depender
das jogadas aéreas, que o salvaram desta vez em Florianópolis.
O curioso é que a atual dupla de
volantes, Fabinho e Fabrício, praticamente inverteu sua situação.
Um ano atrás, Fabinho parecia
mais um dos inúmeros xerifes
trombadores do futebol brasileiro, e Fabrício despontava como
promessa de volante moderno,
com boa movimentação e toque
de bola. De lá para cá, Fabinho
aperfeiçoou-se tecnicamente, ganhou experiência e melhorou sua
colocação. Já Fabrício parece ter-se tornado apático e distraído.
Cadê o campeão?
Foram até agora dois empates,
um com sabor de derrota (contra o Paraná) e outro com sabor
de vitória (contra o Atlético-MG). Mas a impressão que se
tem é a de que o atual campeão
brasileiro ainda não entrou em
campo neste Nacional. No Mineirão, esperava-se um Santos
ofensivo, mas a expulsão de Nenê, no meio do primeiro tempo, fez a equipe jogar praticamente na retranca, criando
poucas chances de gol. Se eu
fosse Leão, devolvia a Elano a
posição de meia e mandava Nenê de volta para o banco.
Briga pelo trono
Ao comandar a bela virada do
Vasco contra o Goiás, Marcelinho parecia estar dizendo a Edmundo, mais uma vez em São
Januário: "Aqui você não vai
reinar sozinho".
E-mail jgcouto@uol.com.br
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