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São Paulo, segunda-feira, 07 de abril de 2003

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FUTEBOL

A queda anunciada

JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA

Por que o São Paulo caiu diante do Cruzeiro em pleno estádio do Morumbi? As razões, como sempre, são muitas, mas três delas se destacam.
Em primeiro lugar, ficou mais uma vez demonstrado que o tricolor quase não tem sistema defensivo, quando enfrenta uma equipe rápida, de meias e atacantes hábeis, como é o Cruzeiro.
Em segundo lugar, o time de Oswaldo de Oliveira mostrou de novo sua dificuldade de jogar pelas laterais e escapar de uma marcação firme como a cruzeirense.
Sem Kaká, a equipe ficou totalmente dependente dos lançamentos de Ricardinho (bem marcado) e das arrancadas de Júlio Batista, tão vigorosas quanto atabalhoadas. Resultado: no primeiro tempo, só criou oportunidades em bolas paradas.
Na primeira vez em que foi à linha de fundo, no início do segundo tempo, o time fez o gol. Na segunda, Fabiano sofreu o pênalti convertido no segundo.
O azar tricolor foi que, nas duas vezes, o Cruzeiro reagiu e marcou logo, mantendo sua vantagem.
A terceira razão para o fracasso tricolor foi, a meu ver, a atmosfera fúnebre (reforçada pela chuva) que reinou no Morumbi. Parece até que a torcida (ou boa parte dela) já estava esperando pela derrota para poder confirmar suas piores profecias e malhar Oswaldo de Oliveira como Judas nestas vésperas de Semana Santa.
Dificilmente o treinador vai ficar no Morumbi. Os próprios jogadores, apesar das juras de solidariedade, parecem tê-lo deixado falando sozinho. Foi, em suma, uma queda anunciada: do time e do seu treinador.
 
O Corinthians conquistou no último segundo um empate heróico com o Figueirense em Florianópolis, mas isso não apaga um fato preocupante. Foi a segunda partida no Brasileiro em que o alvinegro paulista tomou três gols.
Desta vez, o time de Geninho foi surpreendido pelos contra-ataques rápidos do Figueirense e pela eterna categoria de Evair.
O veterano atacante, que antes da partida disse que só aguentaria jogar uns 30 minutos, armou as jogadas de ataque, sofreu o pênalti que gerou o segundo gol catarinense e marcou o terceiro, com a competência habitual. Eis um jogador que merece cada centavo do salário que recebe.
Quanto ao Corinthians, ficou evidente que a equipe precisa acertar sua marcação e sua articulação no seu meio de campo nesta era pós-Vampeta. Só desse modo poderá deixar de depender das jogadas aéreas, que o salvaram desta vez em Florianópolis.
O curioso é que a atual dupla de volantes, Fabinho e Fabrício, praticamente inverteu sua situação. Um ano atrás, Fabinho parecia mais um dos inúmeros xerifes trombadores do futebol brasileiro, e Fabrício despontava como promessa de volante moderno, com boa movimentação e toque de bola. De lá para cá, Fabinho aperfeiçoou-se tecnicamente, ganhou experiência e melhorou sua colocação. Já Fabrício parece ter-se tornado apático e distraído.

Cadê o campeão?
Foram até agora dois empates, um com sabor de derrota (contra o Paraná) e outro com sabor de vitória (contra o Atlético-MG). Mas a impressão que se tem é a de que o atual campeão brasileiro ainda não entrou em campo neste Nacional. No Mineirão, esperava-se um Santos ofensivo, mas a expulsão de Nenê, no meio do primeiro tempo, fez a equipe jogar praticamente na retranca, criando poucas chances de gol. Se eu fosse Leão, devolvia a Elano a posição de meia e mandava Nenê de volta para o banco.

Briga pelo trono
Ao comandar a bela virada do Vasco contra o Goiás, Marcelinho parecia estar dizendo a Edmundo, mais uma vez em São Januário: "Aqui você não vai reinar sozinho".

E-mail jgcouto@uol.com.br



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