DO PAINEL FC
DA REPORTAGEM LOCAL

O Palmeiras entra em campo para definir seu futuro na Copa do Brasil, contra o São Gabriel (RS), hoje à noite no Parque Antarctica, com suas duas maiores estrelas brigadas e o time rachado.
O pentacampeão Marcos e o atacante Vágner estão hoje em lados opostos. No grupo liderado pelo goleiro estão jogadores experientes, como o reserva Sérgio e o volante Magrão. No da revelação estão o lateral-esquerdo Lúcio e o meia Diego Souza.
A Folha apurou que Marcos avisou a Jair Picerni e à diretoria do clube que não "dará mais a cara para bater sozinho".
Ameaçou não disputar partidas importantes se os "baladeiros" não deixarem as noitadas ou se pedirem para não entrar em campo alegando contusão que efetivamente não existiu. Referia-se indiretamente a Vágner, que foi visto em casas noturnas às vésperas da eliminação do Palmeiras pelo Paulista, no domingo.
A reportagem apurou que o goleiro conta com o respaldo do presidente Mustafá Contursi, que também reprovou as atitudes do artilheiro do Paulista.
Na véspera do jogo, na concentração do time em Limeira, Marcos pediu aos "baladeiros" que pedissem desculpas aos colegas de grupo. Foi ignorado.
Nos dias que se sucederam à eliminação do Estadual, Magrão e Marcos deram diversas declarações sobre a atitude de Vágner, Lúcio e Diego Souza. "Quem achar que título da Série B está bom, pode pegar o chapéu e ir embora", disse o volante.
Já Marcos se diz farto de sempre ser um dos poucos jogadores dispostos a dar explicações após derrotas -nesta semana, Lúcio e Vágner se recusaram a dar entrevistas. "É sempre a mesma coisa. Nessa hora, são sempre os mesmos que vêm falar. Quem tem que vir dar explicação não aparece", disse o goleiro. "Sou campeão do mundo, da Libertadores, tenho moral com a torcida. Por que tenho que vir explicar as coisas?"
O resultado de hoje deve determinar os rumos do clube na temporada, no ano em que comemora seu 90º aniversário e que marca sua volta à Série A do Brasileiro.
Na diretoria, há consenso de que mudanças devem ser feitas, inclusive com demissão de integrantes do estafe palmeirense.
O primeiro a ser demitido foi o médico Maurício Bezerra.
A diretoria do clube acredita que Vágner simulou lesão no primeiro jogo contra o Paulista para se valorizar -na ocasião, ele acabara de pedir aumento.
Em meio ao racha, Jair Picerni tenta mostrar que o clima no time é tenso, mas normal. "Isso é normal, pela maneira como foi a eliminação [nos pênaltis]", afirmou o técnico, que disse não estar preocupado. "Não tenho o que falar. Não estou nem aí. Vou cumprir meu contrato até dezembro."
Para tentar amenizar o clima e avançar na Copa do Brasil, o Palmeiras precisa vencer o São Gabriel por pelo menos 1 a 0. Se bater o time do Sul por 2 a 1, a decisão será nos pênaltis. Para essa partida, o treinador fez uma alteração: tirou Diego Souza e escalou Elson como titular. (FERNANDO MELLO E PAULO GALDIERI)