São Paulo, segunda-feira, 07 de abril de 2008

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SONINHA

E no entanto...


Os Estaduais podem ser fracos, confusos, longos, arriscados... Mas eu gosto deles

Meu colega Paulo Calçade é um dos maiores "des-"entusiastas dos campeonatos estaduais que eu conheço. Com bons argumentos.
No começo da disputa, os times do interior, formados especialmente para a ocasião, estão em melhores condições que os grandes. Estes terminam o ano moídos pela disputa do Brasileiro; aqueles têm mais tempo para sua preparação. Para eles, o Estadual é um evento de gala se não pela glória de disputar o título, pela oportunidade de aparecer na TV e fazer bons negócios...
Com isso, os grandes, freqüentemente, começam o ano mal, o que pode resultar em julgamentos precipitados e conseqüentes conclusões equivocadas. Felizmente, parece que já não se pede a cabeça dos técnicos tão rapidamente quanto antes.
Mas o Estadual, que deveria ser percebido como uma etapa inicial de preparação para a longa temporada, já derrubou vários treinadores.
Além da falta de condições objetivas (jogadores fora de forma, equipe desentrosada), os grandes estão muito mais interessados na Libertadores ou na Copa do Brasil -que também divide as atenções de alguns pequenos. Isso faz com que jogadores sejam poupados em algumas partidas (além do cansaço das viagens, existe sempre o risco de um atleta se machucar, como de fato acontece) e que os times simplesmente não tenham a mesma motivação no Estadual.
Os clássicos no Rio de Janeiro têm sido o exemplo máximo disso. Os jogos contra os pequenos foram fáceis demais porque os times deste ano eram excepcionalmente fracos, mas também porque jogar todas em casa é covardia...
Se é verdade que os campos e vestiários dos pequenos são ruins para receber os grandes (o que certamente não é o caso do estádio de Volta Redonda), então, eles não deveriam ser considerados adequados para jogo nenhum. Se a partida for entre dois pequenos, tudo bem o gramado parecer um pasto? Quanto aos torcedores: o conforto pode ser muito maior no Maracanã e no Engenhão, mas a segurança nem sempre é...
Quando chegou a hora dos confrontos entre os grandes, eles já estavam classificados e até os clássicos foram esnobados. Esse formato do Carioca é uma ofensa à competitividade.
Terminados os Estaduais, alguns times se esfacelam, hibernam ou deixam de existir, o que é uma lástima. É um problema sério... Mas o que seria deles sem o Estadual? Alguns disputam o Brasileiro (e a Série C não é bem a competição dos sonhos); outros, nem isso. Acho muito interessante a idéia de enxugar o número de equipes da Série C e adotar o regulamento das divisões superiores, mas temo que a nova Série D herde, de maneira mais contundente, os problemas que a C tem hoje.
Com todos os senões dos Estaduais, digo aqui mais uma vez que os adoro. Mesmo com os problemas de calendário, regulamento, tabela, nível técnico etc. É bom conhecer jogadores... E essa última rodada do Paulista foi ótima, com vários atrativos simultâneos. Eu me diverti muito e futebol não é também diversão?
Que venham as semifinais. Muito interessantes!

soninha.folha@uol.com.br


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