São Paulo, quinta-feira, 07 de abril de 2011

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Cochilo vira lição básica no Nacional

BASQUETE
Jogadores pregam sono à tarde por bom rendimento noturno


DANIEL BRITO
DE SÃO PAULO

Dentre todas as orientações que Demétrius Ferracciú, técnico do Limeira, passa aos seus jogadores, a mais frequente é a da sesta, o tradicional cochilo pós-almoço.
Hoje, por exemplo, o time entra em quadra às 20h para jogar as oitavas de final do NBB (Novo Basquete Brasil) contra o São José. Se atenderam às recomendações do comandante, os jogadores entrarão em quadra revigorados pelo sono de horas antes.
"A sesta é um treino invisível", declara Demétrius.
É um hábito antigo e universal no basquete. Na NBA, com calendário muito mais ocupado que o do Nacional, alguns atletas o tomam como uma obrigação diária.
Entre os ex-jogadores brasileiros, o período da tarde era inteiramente dedicado ao cochilo. "Eu dormia das 13h às 17h todo dia", diz o ex-ala Marcel, campeão no Pan-87.
"Quando não dormia, sentia que havia faltado algo na preparação para o jogo", afirma o ex-pivô Israel, que atribui à sesta sua longevidade no esporte. Ele parou de jogar em 2002, aos 42 anos.
O cochilo é quase uma unanimidade para os atletas da geração atual. "Eu preciso descansar à tarde para jogar à noite, principalmente fora de casa", declara o armador Marcelinho Huertas, do Caja Laboral, da Espanha.
"A dormidinha deixa o dia mais longo", afirma o ala Guilherme Giovannoni, com passagens por times italianos, espanhóis e ucranianos. "Pensava que se dormia mais na Europa, mas não é verdade", acrescenta o atleta, campeão nacional com o Brasília.
O ala Marcelinho, 35, conta que o sono é um dos principais passatempos na Lituânia, onde atuou em 2006.
"No Brasil, treina-se de manhã, e a tarde é livre. Na Lituânia, a manhã era dentro do hotel e, à tarde, só nos restava dormir", conta o jogador do Flamengo, cestinha do NBB (25 pontos de média).
Marcelinho diz que já teve más experiências com a sesta. "Dormi além da conta e entrei em quadra sonolento. Com o tempo, aprendi a dosar: uma hora de sono é suficiente", declara o ala.
O cochilo também tem opositores no NBB. O ala Alex, que entra em quadra amanhã pelo Bauru, contra o Paulistano, prefere se manter acordado. "Sempre fico sozinho à tarde porque todos os meus colegas de equipe estão dormindo", revela ele.
O neurologista Walter Moraes, pesquisador do Instituto do Sono da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), diz que dormir à tarde faz bem. Mas nem tanto.
"O cochilo melhora o esforço físico e mental", disse ele. "Por mais de duas horas, porém, pode prejudicar o sono da noite, que é o mais importante", afirma Moraes.


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