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São Paulo, quarta-feira, 07 de maio de 2003

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FUTEBOL

Adãozinho cogita aposentadoria imediata durante confraternização

Churrasco da união acaba em "pepino" no Palmeiras

RODRIGO BERTOLOTTO
ENVIADO ESPECIAL A JARINU

O churrasco de confraternização palmeirense de ontem incluiu em seu cardápio um indigesto pepino, mais um na coleção recente do clube: o meia Adãozinho, 34, anunciou que cogita se aposentar dos campos ainda nesta semana.
"Estou de saco cheio do futebol", desabafou, tendo ao fundo seus companheiros treinando em Jarinu. Na mão, ele tinha um aparelho para descongestionar o nariz. "Não me conformo, já joguei na Suíça e nunca fiquei desse jeito." A atual sinusite e a anterior lesão na panturrilha são apresentadas por ele como resultado do ambiente estressado do time.
Além da questão médica, a decisão teve outras razões. Seu jeito matuto não combina com a pressão da torcida ("Joguei três anos sossegado no São Caetano e agora não posso sair mais na rua que vem torcedor cobrando"). Outro motivo é seu mau desempenho técnico, seja adaptado na lateral direita ou na posição de origem.
A palavra final deve sair amanhã, quando Adãozinho irá a Bragança Paulista e conversará com a mulher, Ângela, e com um pastor da igreja evangélica "Brasil para Cristo". Emprestado até dezembro, ele tem mais três anos de contrato com a equipe do ABC.
O técnico Jair Picerni resumiu bem a situação: "A cada dez minutos tem um pepino por aqui".
Em um time já rebaixado, a derrota por 7 a 2 para o Vitória, pela Copa do Brasil, há duas semanas, detonou como uma bomba.
Primeiro, veio a lista de cinco dispensas. Cortados, Índio e Neném saíram criando polêmica. O zagueiro desmentiu que tomasse antidepressivos e que tenha tido um surto nos vestiários. Já o lateral acusou Picerni de ter "armado uma arapuca" para ele.
Depois, o técnico surgiu desconfiando das contusões de Zinho, Muñoz e Thiago Gentil. Sentido com as declarações, Zinho partiu atacando o treinador.
Alfinetado por todos os lados, Picerni tentou promover uma paz interna à base de picanha, linguiça e espetinhos de frango.
Não conseguiu. Falaram mais alto os atritos internos e resultados ruins -a eliminação da Copa do Brasil e os dois empates pela Série B. O desconforto de Adãozinho foi reforçado pelas denúncias de Zinho, que insinuou que haveria uma "máfia azul", ou seja, que os atletas vindos do São Caetano seriam privilegiados no clube.
No treino de ontem, Picerni tentou descontrair. "Chuta forte que o almoço será bom", brincou na prática de chutes a gol, deficiência da equipe. "Quem perder não vai ganhar churrasco", gritou durante o rachão para abrir o apetite.
Começada a churrascada, porém, foi proibida a aproximação das câmeras por decisão da diretoria. O temor era que a confraternização, como as que empregados da Nestlé, Revlon e TAM costumam fazer no mesmo hotel, seja vista como uma festa. O único ausente foi o goleiro Marcos, que fez novos exames pulmonares.


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