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FUTEBOL
Adãozinho cogita aposentadoria imediata durante confraternização
Churrasco da união acaba em "pepino" no Palmeiras
RODRIGO BERTOLOTTO
ENVIADO ESPECIAL A JARINU
O churrasco de confraternização palmeirense de ontem incluiu
em seu cardápio um indigesto pepino, mais um na coleção recente
do clube: o meia Adãozinho, 34,
anunciou que cogita se aposentar
dos campos ainda nesta semana.
"Estou de saco cheio do futebol", desabafou, tendo ao fundo
seus companheiros treinando em
Jarinu. Na mão, ele tinha um aparelho para descongestionar o nariz. "Não me conformo, já joguei
na Suíça e nunca fiquei desse jeito." A atual sinusite e a anterior lesão na panturrilha são apresentadas por ele como resultado do
ambiente estressado do time.
Além da questão médica, a decisão teve outras razões. Seu jeito
matuto não combina com a pressão da torcida ("Joguei três anos
sossegado no São Caetano e agora
não posso sair mais na rua que
vem torcedor cobrando"). Outro
motivo é seu mau desempenho
técnico, seja adaptado na lateral
direita ou na posição de origem.
A palavra final deve sair amanhã, quando Adãozinho irá a Bragança Paulista e conversará com a
mulher, Ângela, e com um pastor
da igreja evangélica "Brasil para
Cristo". Emprestado até dezembro, ele tem mais três anos de contrato com a equipe do ABC.
O técnico Jair Picerni resumiu
bem a situação: "A cada dez minutos tem um pepino por aqui".
Em um time já rebaixado, a derrota por 7 a 2 para o Vitória, pela
Copa do Brasil, há duas semanas,
detonou como uma bomba.
Primeiro, veio a lista de cinco
dispensas. Cortados, Índio e Neném saíram criando polêmica. O
zagueiro desmentiu que tomasse
antidepressivos e que tenha tido
um surto nos vestiários. Já o lateral acusou Picerni de ter "armado
uma arapuca" para ele.
Depois, o técnico surgiu desconfiando das contusões de Zinho, Muñoz e Thiago Gentil. Sentido com as declarações, Zinho
partiu atacando o treinador.
Alfinetado por todos os lados,
Picerni tentou promover uma paz
interna à base de picanha, linguiça e espetinhos de frango.
Não conseguiu. Falaram mais
alto os atritos internos e resultados ruins -a eliminação da Copa
do Brasil e os dois empates pela
Série B. O desconforto de Adãozinho foi reforçado pelas denúncias
de Zinho, que insinuou que haveria uma "máfia azul", ou seja, que
os atletas vindos do São Caetano
seriam privilegiados no clube.
No treino de ontem, Picerni tentou descontrair. "Chuta forte que
o almoço será bom", brincou na
prática de chutes a gol, deficiência
da equipe. "Quem perder não vai
ganhar churrasco", gritou durante o rachão para abrir o apetite.
Começada a churrascada, porém, foi proibida a aproximação
das câmeras por decisão da diretoria. O temor era que a confraternização, como as que empregados da Nestlé, Revlon e TAM costumam fazer no mesmo hotel, seja vista como uma festa. O único
ausente foi o goleiro Marcos, que
fez novos exames pulmonares.
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