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VÔLEI
Federação suspende de todos os torneios internacionais o país cujo principal dirigente lhe fez acusações de corrupção
Sob denúncias, FIVB castiga Argentina
ADALBERTO LEISTER FILHO
MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL
Sob fogo cruzado após denúncias de corrupção, a Federação Internacional de Vôlei decidiu promover uma "limpeza" por meio
de seu Comitê Executivo, reunido
desde domingo, em Lausanne, na
Suíça. Houve sanções a dirigentes
importantes da América do Sul e,
ontem, o imbróglio atingiu diretamente a seleção argentina.
Após a expulsão do presidente
de sua federação nacional, Mario
Goijman, no domingo, o país sofreu nova punição e foi suspenso
de torneios internacionais.
Como primeiro resultado da
decisão, a Argentina está fora da
Liga Mundial, que começa em 16
de maio. A seleção será substituída pela República Tcheca.
Para voltar ao calendário internacional, a Argentina terá que escolher uma nova diretoria para
sua federação, em eleição que será
supervisionada pela FIVB.
O imbróglio entre Argentina e
federação internacional começou
com o Mundial-2002, realizado
no país sul-americano. Segundo a
FIVB, Goijman assinou contratos
de patrocínio para o torneio sem
o aval da federação internacional
e violou o estatuto da entidade.
Além disso, a FIVB divulgou que
encontrou irregularidades no balanço do Mundial. O argentino fora suspenso em novembro.
Goijman rebateu as acusações
com novas denúncias.
Segundo ele, a FIVB comprou
uma casa em Lausanne, em 2001,
para servir de residência ao presidente da entidade. O imóvel, vendido por 1,7 milhão de francos
suíços (cerca de US$ 1,3 milhão
pelo câmbio atual), era propriedade do sogro de Rubén Acosta,
presidente da FIVB. "O Acosta ficou com milhões da federação. Isso é inaceitável", disse Goijman.
Outra denúncia refere-se aos direitos de TV. A FIVB estabeleceu,
em 2000, que as federações que
conseguissem vender a transmissão de eventos internacionais teriam direito a receber uma comissão de 10% do total do contrato.
O balanço daquele ano, auditado pela Price Waterhouse, revelou que o valor das comissões pagas seria de cerca de US$ 6 milhões. Porém, no congresso que se
seguiu ao Mundial-2002, essa importância teria sido tirada da contabilidade apresentada pela FIVB.
"Se as informações eram corretas, por que elas sumiram do informe entregue em Buenos Aires?", questionou Goijman.
As denúncias foram enviadas à
Justiça da Suíça, que investiga o
caso, e ao Comitê Olímpico Internacional. Procurada pela Folha, a
FIVB não se manifestou até o fechamento desta edição.
Além da expulsão do presidente
da federação argentina, a FIVB
adotou outra sanção contra um
dirigente. Luis Moreno, presidente da Confederação Sul-Americana, foi suspenso por ter sido negligente "no cumprimento de seus
deveres" e ter contribuído para
"prejudicar seriamente a imagem
e o interesse geral da FIVB".
O peruano havia se mostrado
contrário à decisão da entidade de
nomear, diretamente da Suíça,
uma nova diretoria para a federação argentina. "Só segui as regras,
e vou provar isso. Apresentarei
minhas explicações nas audiências da federação internacional.
Acredito que tudo será esclarecido", afirmou Moreno à Folha.
O dirigente não quis comentar
as denúncias de Goijman. "Isso é
ele quem tem que provar", disse.
A FIVB vai montar uma comissão para investigar as contas da
Sul-Americana dos últimos três
anos, e um grupo de dirigentes
comandará a entidade até que haja nova eleição. Entre eles está o
presidente da Confederação Brasileira de Vôlei, Ary Graça.
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