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São Paulo, quarta-feira, 07 de maio de 2003

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VÔLEI

Federação suspende de todos os torneios internacionais o país cujo principal dirigente lhe fez acusações de corrupção

Sob denúncias, FIVB castiga Argentina

ADALBERTO LEISTER FILHO
MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL

Sob fogo cruzado após denúncias de corrupção, a Federação Internacional de Vôlei decidiu promover uma "limpeza" por meio de seu Comitê Executivo, reunido desde domingo, em Lausanne, na Suíça. Houve sanções a dirigentes importantes da América do Sul e, ontem, o imbróglio atingiu diretamente a seleção argentina.
Após a expulsão do presidente de sua federação nacional, Mario Goijman, no domingo, o país sofreu nova punição e foi suspenso de torneios internacionais.
Como primeiro resultado da decisão, a Argentina está fora da Liga Mundial, que começa em 16 de maio. A seleção será substituída pela República Tcheca.
Para voltar ao calendário internacional, a Argentina terá que escolher uma nova diretoria para sua federação, em eleição que será supervisionada pela FIVB.
O imbróglio entre Argentina e federação internacional começou com o Mundial-2002, realizado no país sul-americano. Segundo a FIVB, Goijman assinou contratos de patrocínio para o torneio sem o aval da federação internacional e violou o estatuto da entidade. Além disso, a FIVB divulgou que encontrou irregularidades no balanço do Mundial. O argentino fora suspenso em novembro.
Goijman rebateu as acusações com novas denúncias.
Segundo ele, a FIVB comprou uma casa em Lausanne, em 2001, para servir de residência ao presidente da entidade. O imóvel, vendido por 1,7 milhão de francos suíços (cerca de US$ 1,3 milhão pelo câmbio atual), era propriedade do sogro de Rubén Acosta, presidente da FIVB. "O Acosta ficou com milhões da federação. Isso é inaceitável", disse Goijman.
Outra denúncia refere-se aos direitos de TV. A FIVB estabeleceu, em 2000, que as federações que conseguissem vender a transmissão de eventos internacionais teriam direito a receber uma comissão de 10% do total do contrato.
O balanço daquele ano, auditado pela Price Waterhouse, revelou que o valor das comissões pagas seria de cerca de US$ 6 milhões. Porém, no congresso que se seguiu ao Mundial-2002, essa importância teria sido tirada da contabilidade apresentada pela FIVB.
"Se as informações eram corretas, por que elas sumiram do informe entregue em Buenos Aires?", questionou Goijman.
As denúncias foram enviadas à Justiça da Suíça, que investiga o caso, e ao Comitê Olímpico Internacional. Procurada pela Folha, a FIVB não se manifestou até o fechamento desta edição.
Além da expulsão do presidente da federação argentina, a FIVB adotou outra sanção contra um dirigente. Luis Moreno, presidente da Confederação Sul-Americana, foi suspenso por ter sido negligente "no cumprimento de seus deveres" e ter contribuído para "prejudicar seriamente a imagem e o interesse geral da FIVB".
O peruano havia se mostrado contrário à decisão da entidade de nomear, diretamente da Suíça, uma nova diretoria para a federação argentina. "Só segui as regras, e vou provar isso. Apresentarei minhas explicações nas audiências da federação internacional. Acredito que tudo será esclarecido", afirmou Moreno à Folha.
O dirigente não quis comentar as denúncias de Goijman. "Isso é ele quem tem que provar", disse.
A FIVB vai montar uma comissão para investigar as contas da Sul-Americana dos últimos três anos, e um grupo de dirigentes comandará a entidade até que haja nova eleição. Entre eles está o presidente da Confederação Brasileira de Vôlei, Ary Graça.


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