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COPA 2006
Gigante só quando teve o astro em campo, França conta com meia pela última vez para apagar fracasso de 2002
"Zidanedependência" chega à prova final
KLEBER TOMAZ
MARIANA BASTOS
TALES TORRAGA
DA REPORTAGEM LOCAL
A seis semanas do ato derradeiro da maior estrela de seu futebol,
a França entrará na Copa do
Mundo testando, pela última vez,
a inédita eficiência que alcançou
graças às exibições de Zinedine
Zidane, 33. Com ele comandando
o time em campo, o país conquistou seu único título em Mundiais,
em 1998, justamente na França.
Sem "Zizou" -ou com ele em
má fase-, a seleção claudicou.
Algo visto ao longo de suas 99
atuações com a camisa azul. Com
o meia, a França ganhou 76% dos
pontos que disputou. Sem ele -o
que ocorreu 45 vezes-, o índice
teve um decréscimo de 14,34%.
A "Zidanedependência" surgiu
pela primeira vez na quente noite
de 17 de outubro de 1994.
A França perdia amistoso para a
República Tcheca por 2 a 0, em
Bordeaux. Zidane, 22, número 17
às costas, substituiu Martins aos
18min do segundo tempo.
Aos 35min, acertou chute de
longe e estufou as redes de Petr
Kouba. Dois minutos depois, fez
seu segundo gol e selou o empate.
Era o início da mais alta escalada da história do futebol francês.
E da sina de fracassos da seleção
azul sem o comando do elegante
meia de passes refinados.
Veio 1998 e o triunfo sobre o
Brasil, mas não sem sustos. Na
primeira fase da Copa, a França
bateu fácil África do Sul (3 a 0) e
Arábia Saudita (4 a 0), em jogo no
qual Zidane foi expulso. Sem ele,
o time suou para bater Dinamarca (2 a 1) e Paraguai (1 a 0), já nas
oitavas. O meia voltou. E a equipe
despachou Itália e Croácia no caminho até a consagração final.
Em 2000, Zidane voltou a erguer
um troféu de relevo por seu país: a
Eurocopa, título que a França havia visto só uma vez, em 1984, no
auge da talentosa geração de
Amoros, Bossis, Tigana e Platini.
A seleção estava no céu. Mas,
sem Zidane, conheceu o inferno.
Em 2002, cinco dias antes de estrear na Copa do Mundo, o meia
sentiu lesão na coxa esquerda, em
amistoso contra a Coréia do Sul.
Desnorteada, a França perdeu
para Senegal e empatou sem gols
com o Uruguai. Precisando vencer para seguir no Mundial, escalou Zidane. No sacrifício. Nada
pôde fazer: 2 a 0 para a Dinamarca, decretando a pior atuação de
um então campeão mundial.
Foi a única vez que Zidane saiu
de campo derrotado em Copas.
O fim da escrita de não depender de Zidane, ao menos, será tentado no momento em que a França conta com um grupo experiente. A média de idade de sua equipe
titular é de 30 anos. O elenco que
fracassou na Ásia tinha 29,5 anos.
"Ele [Zidane] é um ponto de referência para nós. O time todo fica
mais confiante", disse o zagueiro
Lilian Thuran. O volante Makelele
vai mais longe. "Com Zidane inspirado, sabemos que dificilmente
perdemos uma partida. Ele nos
contagia com seus lances."
A atual "juventude" fica por
conta do exótico atacante Djibril
Cissé, 24, que, por enquanto, tem
chamado mais a atenção pelo seu
cabelo colorido do que pelos gols
que marca com a camisa azul: somente nove em 27 partidas. Seu
companheiro, o badalado Thierry
Henry, anotou 31 em 76 jogos,
mas não consegue repetir, pelo
seu país, o que faz com maestria
no Arsenal: gols e mais gols.
Ao menos no início, a caminhada francesa tem tudo para ser sossegada. O time estréia contra a
Suíça, para depois pegar Coréia
do Sul e Togo. Dos três países, o
melhor no ranking da Fifa é a Coréia do Sul, em um modesto 30º.
A Suíça é a 35ª. Togo, a 59ª.
Na seleção, porém, ninguém
admite facilidade para avançar às
oitavas, quando pegaria Espanha,
Ucrânia, Arábia Saudita ou Tunísia. "Vimos que não adianta contar com o resultado antes da hora", ressaltou o goleiro Coupet,
33, reserva na campanha de 2002.
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