São Paulo, sexta-feira, 07 de junho de 2002

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GRUPO C

"Nazário" se encontra; gaúcho não emplaca e se abate

Ronaldos passam por "gangorra emocional"

DOS ENVIADOS A ULSAN

Semana passada era Ronaldo. Agora, é Ronaldinho quem anda cabisbaixo em Ulsan (Coréia). Como se estivessem em uma gangorra, os dois xarás, estrelas da seleção brasileira, vivem momentos opostos no time comandado pelo técnico Luiz Felipe Scolari.
O último coletivo da equipe antes do jogo contra a China, a segunda partida na Copa, Ronaldinho terminou entre os reservas. Aquele que havia duas semanas era a maior esperança do Brasil no torneio tem hoje sua vaga ameaçada no time titular.
O lado de Ronaldinho, 22, na gangorra começou a baixar na estréia da seleção contra a Turquia, segunda-feira. Enquanto ele, perdido em campo, descia, Ronaldo, 25, autor do primeiro gol na vitória por 2 a 1, se reerguia.
O gaúcho Ronaldinho começa o jogo amanhã, mas, se não estiver bem, deverá dar lugar a Denílson, em opção testada no último coletivo. Na Espanha e na Malásia, onde o Brasil fez seus dois últimos amistosos, Ronaldinho foi bem, especialmente no primeiro.
Passou a ser apontado como a maior revelação do time, candidato a roubar a cena das estrelas na Copa. Parece ter sentido a pressão. "Meu pensamento nunca foi o de ser o destaque. Sempre disse que queria defender o Brasil", esquiva-se, menos risonho e brincalhão do que de costume.
"Ele tem que aproveitar as oportunidades, correr atrás. O Juninho fez isso", disse Scolari.
Já Ronaldo, o "Nazário" (sobrenome do jogador), como gosta de gritar Scolari nos treinos, revigorou-se com o gol na estréia. A nuvem de preocupação que o acompanhou semana passada, suscitando desconfianças até do próprio treinador, dissipou-se.
Mais leve, o atacante da Inter teve boa movimentação no coletivo e batalha em busca da forma perdida após seguidas contusões.
No final do treino de ontem, Scolari comandou um ensaio de cobranças de faltas com a bola rolada na entrada da área. Do outro lado do campo, Ronaldo trabalhava finalizações, arremates, com o auxiliar Flávio Teixeira.
Ronaldinho, um dos principais cobradores do Brasil, foi mal. Carimbou a barreira seguidas vezes. Quando escapava dos bonecos usados na formação, mandava a bola longe. Tudo sob os olhares de reprovação do treinador.
"Não é um momento constrangedor, é um momento de correção, de aprendizagem. A função dele é me ouvir e tentar corrigir. Ele tem uma ou outra dificuldade a mais. Quem sabe até pela responsabilidade que alguns esperam que ele assuma em termos de seleção. Eu volto a dizer que ele é mais um dos participantes e não é a estrela principal", disse Scolari.
Ronaldo, por sua vez, não dava descanso ao goleiro Rogério e recebia aplausos de Teixeira e de Scolari: "Ele vem se esforçando nos treinamentos para completar alguma coisa que a gente solicita, mas ainda tem um bom caminho pela frente. É mérito dele essa evolução, mínima, mas que dá uma possibilidade de um crescimento futuro", disse o treinador.
Os dois Ronaldos, à parte os goleiros, foram os últimos a deixar o campo. O mais velho, o "Nazário" não deu entrevistas. Pediu que assessoria da CBF avisasse: falará dia sim, dia não. (FÁBIO VICTOR, FERNANDO MELLO, JOSÉ ALBERTO BOMBIG E SÉRGIO RANGEL)



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