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Corinthians, em 5 meses, torra 78% da verba de 2007
De janeiro até agora, clube já consumiu R$ 31 milhões dos R$ 40 milhões que estão previstos para toda a temporada
Diretoria, que tem fôlego para pagar só mais 120 dias de salários, afirma que usou 62% do dinheiro e atribui gastança a ex-treinador
RICARDO PERRONE
DO PAINEL FC
EDUARDO ARRUDA
PAULO GALDIERI
DA REPORTAGEM LOCAL
Em 2007, o Corinthians aumentou a voracidade com que
avança em suas receitas a ponto de já ter consumido, em menos de seis meses, 77,5% dos
valores que tem a receber para
o ano inteiro. Isso levando-se
em conta as suas principais
fontes de obtenção de verbas:
as cotas do Clube dos 13 e dos
patrocínios de Nike e Samsung.
A Folha apurou que, entre
antecipações e as cotas pagas
regularmente, por mês, os corintianos já comprometeram
R$ 31 milhões dos R$ 40 milhões que teriam para receber
dessas fontes até dezembro.
Só em antecipações perante
C13, Nike e Samsung, foram R$
11 milhões -verba obtida graças à liberação da MSI, que é
quem tem o direito às cotas pelo contrato de parceria. A
quantia é quase igual à que aparece no balanço de 2006 como
empréstimos no C13 e na federação paulista: R$ 10,9 milhões.
A diretoria afirma que o consumo das receitas atinge menos: 62%. E que não pode fazer
previsão sobre o dinheiro que
receberá no segundo semestre
porque negocia novo contrato
de patrocínio na camisa.
Os cartolas transferem a culpa pelos adiantamentos a
quem estava em campo e no
banco de reservas até pouco
tempo atrás. "Estamos vivendo
um momento difícil por causa
daquela situação toda que vem
do ano passado, dos gastos com
o Leão e outros jogadores caros", diz o vice financeiro do
clube, Emerson Piovezan.
Ele se refere ao ex-treinador
Emerson Leão, que ganhava R$
500 mil mensais, e a atletas como Roger (cerca de R$ 130 mil
mensais), contratado pela MSI,
que ainda continuam no clube.
Como não encontra equipes interessadas neles, o Corinthians
segue bancando os salários dos
encostados -os sete afastados
custam cerca de R$ 500 mil
mensais, mais do que o gasto
com seus atuais titulares.
Nilmar, que se recupera de
lesão, também ganha mais que
os 11 de Carpegiani juntos.
O clube praticamente acertou um acordo com a maioria
dos afastados para rescindir os
contratos. Receberão, parceladamente, valores menores do
que os salários, como indenização. Roger não está no pacote.
Os encostados ofuscaram a
redução na folha salarial. Segundo a diretoria, a despesa
com salários não atinge R$ 2
milhões. Até a saída de Leão,
em abril, eram R$ 3,8 milhões.
Além do encalhe de jogadores, Piovezan fala que a contratação de reforços provocou a
situação atual. A aquisição de
seis deles, por exemplo, consumiu quase toda a receita da TV.
Foi um dos motivos para o
clube negociar com a Nike a
antecipação de R$ 1,25 milhão,
a terceira de quatro parcelas do
contrato. Da Samsung, o clube
adiantou cerca de R$ 2 milhões; do C13, R$ 8 milhões.
A comparação do momento
atual com os seis primeiros
meses do ano passado revela
um abismo. Ainda com a MSI
injetando dinheiro, o Corinthians não fez antecipações na
primeira metade de 2006.
Piovezan diz não se preocupar. "Como eram receitas a que
tínhamos direito e hoje já teriam sido pagas mesmo, não
conto como antecipação."
Uma das esperanças dos cartolas é conseguir um novo patrocinador, que pague mais do
que os cerca de R$ 14 milhões
anuais concedidos pela Samsung, que tem contrato até
agosto e não deve renovar. Se
não arranjar mais receitas, será
difícil para o clube pagar os salários até o final do ano. Os R$
9 milhões que tem a receber
sustentam só quatro meses.
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