São Paulo, segunda-feira, 07 de junho de 2010

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JUCA KFOURI

A inspiração do capitão


Religiões à parte, faz todo sentido que Lúcio tenha Dunga como seu modelo. Sem bajulação

DUNGA, COMO jogador, inspirou o capitão Lúcio.
Pelo menos foi o que o zagueiro da seleção brasileira disse em mais uma entrevista coletiva que mais parece um sacrifício, para os entrevistados e para os entrevistadores.
Faz sentido.
E, se foi o atleta, não o técnico, o motivo da admiração, mais sentido faz ainda, embora seja possível imaginar que, se amanhã o capitão da seleção brasileira resolver virar treinador, também possa ter Dunga como modelo.
Só não dá para imaginar Dunga de Bíblia na mão, diferentemente de Lúcio, quase um pastor.
Dunga não prega, pragueja.
E, entre suas qualidades, tem dado o mesmo tratamento à imprensa. Trata todos indistintamente mal, o que é direito dele, até por saber que, se perder, será arrasado.
E também por isso, para ganhar, busca oponentes, busca inimigos que possam mobilizar ainda mais seus soldados em torno da busca do Santo Graal, o troféu da Copa do Mundo.
Nada mais natural, portanto, que o capitão Lúcio tenha o comandante-geral como ídolo, símbolo de abnegação e capaz de refinar seu jogo com o passar do tempo.
Quem se lembra do jogador Dunga no começo da carreira, um touro bravio, há de estabelecer um paralelo com o de Lúcio, que mais parecia um motoqueiro ensandecido.
Hoje Lúcio é um dos melhores zagueiros do mundo, sinônimo de segurança, de liderança e de vitórias, algo que os alemães do Bayern de Munique, que fizeram a bobagem de dispensá-lo, aprenderam a duras penas na final da última Copa dos Campeões da Europa.
Assim como Dunga acabou por virar um volante que marcava e passava bem, essencial na conquista da Copa do Mundo de 1994.
Se Lúcio tiver a suprema glória de levantar a Copa do Mundo, no dia 11 de julho, em Johannesburgo -esta imensa Ribeirão Preto, mas uma cidade branca habitada por negros -, certamente ele não xingará a taça como Dunga fez.
Mas também não oferecerá a outra face, coisa fora de moda nesta seleção brasileira em que o missionário Jorginho prega o ódio e faz provocações sem ter a coragem de dizer quem é o seu alvo.
Enfim, os guerreiros brasileiros estão na África prontos para o que der e vier. E com enormes chances de sucesso, tantas são, além do mais, as baixas nos rivais antes mesmo do início das hostilidades.

blogdojuca@uol.com.br


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