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Brasileiros utilizam tática desprezada por favoritos
Principais seleções da Copa, como Alemanha, Argentina, Itália e França, jogam com três zagueiros
dos enviados a Ozoir-la-Ferrière
A seleção brasileira vai abrir a
Copa do Mundo, na próxima
quarta-feira, em Saint-Denis, contra a Escócia, com um sistema de
jogo praticamente abandonado
pela cúpula do futebol mundial.
Há quatro anos, nos EUA, a
maioria das principais seleções do
mundo atuava no sistema 4-4-2
(quatro jogadores de defesa, quatro de meio-campo e dois de ataque, respectivamente).
Nesse grupo, estavam incluídas
as quatro seleções semifinalistas
-Brasil, Itália, Suécia e Bulgária- mais Argentina, Romênia,
Nigéria e Espanha.
As exceções, entre os times de
primeira linha, eram a Alemanha,
que jogava em esquema tático
5-3-2, e a Holanda, com um sistema 3-4-3.
Polonês
O sistema com três zagueiros foi
criado pelo polonês Sepp Piontek,
técnico da Dinamarca na Copa de
1986, no México.
Como a maioria das seleções
atuava com dois atacantes, Piontek ponderou que bastavam três
zagueiros para marcá-los.
Nesse sistema, os laterais tornam-se jogadores de meio-campo
e são rebatizados de alas.
A Copa da França deve ser a consagração desse esquema de jogo.
Com exceção do Brasil, todas as
seleções consideradas favoritas
-Inglaterra, Alemanha, Argentina, França e Itália- devem atuar
com três jogadores na defesa, ou
pelo menos prepararam uma alternativa de jogar assim.
A França adotou esse sistema de
jogo no ano passado, após muita
hesitação do técnico Aimé Jacquet. Thuram, Blanc e Desailly são
os titulares.
Na Itália, o técnico Cesare Maldini já tinha optado pelo 3-5-2,
quando seu principal zagueiro,
Ciro Ferrara, da Juventus, quebrou a perna em março.
Maldini, então, voltou a utilizar
o sistema 4-4-2 -mas deve mudar
de novo.
Na Argentina, Daniel Passarella
introduziu o 3-5-2 num momento
de desespero, contra o Brasil, na
Copa América de 1995.
O resultado foi um fracasso, mas
o treinador insistiu, e agora seus
jogadores já assimilaram bem o
esquema. Contra o Brasil, Vivas e
Ayala jogaram na marcação, e
Sensini, na sobra.
O Brasil é a única exceção. A alteração tática introduzida pelo
técnico Zagallo, o homem de ligação entre o meio-campo e o ataque, o "1" do esquema 4-3-1-2,
não é nova (a Argentina já utiliza
um "enganche" desde pelo menos meados dos anos 80).
Desde o ano passado, Zagallo,
em praticamente toda entrevista
sobre o sistema de jogo da seleção,
ora mata, ora ressuscita o número
"1". O sistema, na prática, não
deu resultado.
Foram testados na função vários
jogadores, como Giovanni, Leonardo, Juninho, Djalminha e Rivaldo, entre outros. O problema
para Zagallo é que nenhum deles
aprovou totalmente.
Ao longo dos quase quatro anos
em que tem estado à frente da seleção brasileira, Zagallo jamais considerou a possibilidade de usar
três defensores centrais.
O zagueiro Aldair, o mais experiente defensor da seleção, afirmou que o Brasil não pode adotar
esse esquema sem ter treinado anteriormente.
Segundo o atacante Ronaldinho,
o esquema 3-5-2 não é necessariamente melhor do que o 4-4-2.
"Mas, como eles mantêm um
jogador na sobra, precisamos nos
movimentar para tirar esse jogador da área."
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