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Ao contrário do técnico Zagallo, time escocês conhece bem aspectos técnicos, táticos, falhas e virtudes da seleção
Escócia "decora' time do Brasil
JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
enviado especial a
Saint-Rémy-de-Provence
É possível encarar matematicamente a relação de conhecimento
entre brasileiros e escoceses. Se a
equipe do técnico Mário Zagallo e
ele próprio demonstram desconhecer o adversário, a situação do
time do treinador Craig Brown é
inversamente proporcional.
Na verdade, é quase impossível
estar na França e ignorar a presença da seleção brasileira.
Favoritíssimo ao título para boa
parte da mídia, local e estrangeira,
e para a maioria dos jogadores e
técnicos envolvidos com o Mundial, o time do Brasil, seus jogadores, sua formação em campo e
problemas são amplamente divulgados e discutidos.
Não seriam justamente os escoceses, adversários da partida de
abertura da Copa do Mundo contra o Brasil, a exceção.
Ronaldinho, de longe o mais citado, por exemplo, é o foco de
atenção do capitão e líbero da
equipe, Colin Hendry.
"Sempre assisto suas partidas
no Campeonato Italiano pela
TV", afirmou Hendry, ontem,
após o primeiro treino do time na
França. "Não há como marcá-lo,
é muito imprevisível", avaliou.
A ausência de Romário foi festejada. Mas, na concepção escocesa,
haverá um "outro brasileiro" para seu lugar, permanecendo o problema, mesmo que em menor escala. "Bebeto foi muito bem em
1994, e não vejo porque não possa
fazer o mesmo agora", disse Craig
Brown, mostrando ter conhecimento das opções de Zagallo.
Sabendo que enfrentaria um time que considera superior, a Escócia preferiu trabalhar internamente. A fase de preparação, por
exemplo, que incluiu recente passagem pelos Estados Unidos, foi
montada com a preocupação de
aclimatar os jogadores às condições de temperatura que a comissão técnica espera encontrar na
estréia contra o Brasil, na próxima
quarta-feira, no Stade de France.
Craig Brown declarou que os
treinos em Saint-Rémy-de-Provence têm como objetivo apenas
relaxar os jogadores.
A própria escolha do local de
concentração reflete esse espírito
de tranquilidade. Com a maior cidade, Marselha, a cerca de 60 km
de distância, a única coisa a quebrar a serenidade interiorana da
região é a presença dos policiais
franceses, responsáveis pela segurança da delegação.
"O trabalho de "hardware' já
foi feito. A partir de agora, só manutenção", afirmou o treinador.
Num clima otimista, Brown tem
um único problema em vista. Até a
noite de amanhã, deve decidir
quem formará a dupla de ataque
com o astro da equipe, Kevin Gallacher, artilheiro do time nas eliminatórias com seis gols.
A vaga pende entre Darren Jackson, até então o titular da posição,
e Gordon Durie, que se livrou de
um estiramento muscular.
Futuro
O técnico Craig Brown acredita
que uma boa apresentação contra
o Brasil é o que a Escócia precisa
para poder encarar com maior facilidade suas duas próximas partidas, válidas pela primeira fase.
As "verdadeiras partidas", de
acordo com a descrição de Colin
Hendry, serão contra a Noruega,
dia 16, e contra o Marrocos, dia 23,
em Saint-Etienne.
Para o defensor, sua equipe disputará a inédita passagem para as
oitavas-de-final nesses jogos.
"Seria bom acreditar que as
duas vagas do grupo estão disponíveis. Mas temos que ser realistas.
Uma delas ficará com o Brasil."
Mesmo assim, o técnico Brown
não rejeita um resultado positivo
contra a seleção brasileira na próxima quarta-feira.
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