São Paulo, domingo, 7 de junho de 1998

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Ao contrário do técnico Zagallo, time escocês conhece bem aspectos técnicos, táticos, falhas e virtudes da seleção
Escócia "decora' time do Brasil


JOSÉ HENRIQUE MARIANTE
enviado especial a Saint-Rémy-de-Provence É possível encarar matematicamente a relação de conhecimento entre brasileiros e escoceses. Se a equipe do técnico Mário Zagallo e ele próprio demonstram desconhecer o adversário, a situação do time do treinador Craig Brown é inversamente proporcional.
Na verdade, é quase impossível estar na França e ignorar a presença da seleção brasileira.
Favoritíssimo ao título para boa parte da mídia, local e estrangeira, e para a maioria dos jogadores e técnicos envolvidos com o Mundial, o time do Brasil, seus jogadores, sua formação em campo e problemas são amplamente divulgados e discutidos.
Não seriam justamente os escoceses, adversários da partida de abertura da Copa do Mundo contra o Brasil, a exceção.
Ronaldinho, de longe o mais citado, por exemplo, é o foco de atenção do capitão e líbero da equipe, Colin Hendry.
"Sempre assisto suas partidas no Campeonato Italiano pela TV", afirmou Hendry, ontem, após o primeiro treino do time na França. "Não há como marcá-lo, é muito imprevisível", avaliou.
A ausência de Romário foi festejada. Mas, na concepção escocesa, haverá um "outro brasileiro" para seu lugar, permanecendo o problema, mesmo que em menor escala. "Bebeto foi muito bem em 1994, e não vejo porque não possa fazer o mesmo agora", disse Craig Brown, mostrando ter conhecimento das opções de Zagallo.
Sabendo que enfrentaria um time que considera superior, a Escócia preferiu trabalhar internamente. A fase de preparação, por exemplo, que incluiu recente passagem pelos Estados Unidos, foi montada com a preocupação de aclimatar os jogadores às condições de temperatura que a comissão técnica espera encontrar na estréia contra o Brasil, na próxima quarta-feira, no Stade de France.
Craig Brown declarou que os treinos em Saint-Rémy-de-Provence têm como objetivo apenas relaxar os jogadores.
A própria escolha do local de concentração reflete esse espírito de tranquilidade. Com a maior cidade, Marselha, a cerca de 60 km de distância, a única coisa a quebrar a serenidade interiorana da região é a presença dos policiais franceses, responsáveis pela segurança da delegação.
"O trabalho de "hardware' já foi feito. A partir de agora, só manutenção", afirmou o treinador.
Num clima otimista, Brown tem um único problema em vista. Até a noite de amanhã, deve decidir quem formará a dupla de ataque com o astro da equipe, Kevin Gallacher, artilheiro do time nas eliminatórias com seis gols.
A vaga pende entre Darren Jackson, até então o titular da posição, e Gordon Durie, que se livrou de um estiramento muscular.
Futuro
O técnico Craig Brown acredita que uma boa apresentação contra o Brasil é o que a Escócia precisa para poder encarar com maior facilidade suas duas próximas partidas, válidas pela primeira fase.
As "verdadeiras partidas", de acordo com a descrição de Colin Hendry, serão contra a Noruega, dia 16, e contra o Marrocos, dia 23, em Saint-Etienne.
Para o defensor, sua equipe disputará a inédita passagem para as oitavas-de-final nesses jogos.
"Seria bom acreditar que as duas vagas do grupo estão disponíveis. Mas temos que ser realistas. Uma delas ficará com o Brasil."
Mesmo assim, o técnico Brown não rejeita um resultado positivo contra a seleção brasileira na próxima quarta-feira.



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